‘Coleção Música Sacra Mineira’, com partituras dos séculos XVIII e XIX, está no Portal da Funarte

A Fundação Nacional de Artes – Funarte oferece, em versão digital, o primeiro volume da Coleção Música Sacra Mineira — inventário fundamental dos primórdios da produção musical brasileira, com partituras de obras dos séculos XVIII e XIX. Nas 347 páginas deste volume inicial, estão cinco das 77 obras que compõem a coleção — uma iniciativa que remonta ao passado da Funarte, quando uma série de pesquisas em acervos históricos resultou no levantamento deste repertório e, em etapas distintas, em publicações como O Ciclo do Ouro: o tempo e a música do Barroco católico (de Elmer C. Corrêa Barbosa, em 1979) e Catálogo de obras: música sacra mineira (de José Maria Neves, em 1997).

Na publicação que inaugura a fase digital da coletânea, o público terá acesso a criações dos compositores Lourenço José Fernandes Braziel (Salmo 129 — De profundis), Manoel Camelo (Flos Carmeli), Marcos Coelho Neto (Ladainha de Nossa Senhora a quatro), Antônio dos Santos Cunha (Hino e Antífona de Nossa Senhora) e Jerônimo de Souza Lobo (Novena de Nossa Senhora do Carmo). Produzido pela Gerência de Edições da Funarte (ligada ao Centro de Programas Integrados, o Cepin), o livro pode ser acessado na seção Edições Online do portal da Funarte (www.funarte.gov.br/edicoes-online/) ou diretamente pelo link: https://www.funarte.gov.br/edicoes-online/colecao-musica-sacra-mineira-volume-1/

A organização do volume é do professor Carlos Alberto Figueiredo, doutor em Música pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), com estágio pós-doutoral no Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (Cesem) da Universidade Nova de Lisboa (Portugal) e cursos de regência coral no Conservatório Real de Haia (Holanda) e na Fundação Kurt Thomas (também na Holanda) e na Bachakademie, de Stuttgart (Alemanha).

“Além de termos este trabalho disponibilizado online, outro destaque da publicação é o fato de ela trazer não só a partitura das obras, o que é importante, como também as partes cavadas, separadas por instrumentos, viabilizando assim a execução destas obras”, salienta Carlos Alberto Figueiredo. “Minha expectativa é de que este lançamento contribua para que esse repertório volte a ser tocado, pois a falta de material tem sido determinante para obras como essas — da chamada música antiga do Brasil — saírem do repertório das orquestras. Agora não: elas terão à mão este material editado com cuidado e de maneira criteriosa, como fizemos.”

Carlos Alberto Figueiredo contou com a assistência de José Alberto Pais, com quem não só transcreveu as partituras (trazendo-as do programa Encore para o Finale, mais atual), como também realizou a revisão das obras e a correção de eventuais erros. Os volumes 2 e 3 da coleção têm previsão de lançamento para o primeiro semestre de 2021.

“É fundamental que se divulgue esse repertório, que afinal é brasileiro e representa um universo de compositores absolutamente maravilhosos”, afirma o organizador do volume, destacando nomes importantes entre os compositores mineiros dos séculos XVIII e XIX, como o já citado Jerônimo de Souza Lobo, José Maria Xavier e João de Deus Castro Lobo, entre outros. “Claro que há obras mais simples no conjunto da chamada música sacra mineira, mas há também verdadeiros monumentos que precisam ser executados, ouvidos, conhecidos.”