A arte milenar da xilogravura e sua representatividade no Brasil

Obra do artista paraibano José Costa Leite - Foto: site da Secretaria da Cultura do Ceará (CE)

A Fundação Nacional de Artes traça um pequeno retrato da linguagem da xilogravura no País

Arte milenar, a xilogravura tem grande representatividade e conta com talentos expressivos no Brasil. Oswaldo Goeldi, Tarsila do Amaral, José Costa Leite, Antônio Lino, Abraão Batista, Walderêdo Gonçalves e Gilvan Samico estão entre os principais xilógrafos do Brasil. Além dos grandes nomes que representam essa técnica, a cidade de Campos do Jordão, em São Paulo, abriga uma instituição totalmente dedicada à modalidade: o Museu Casa da Xilogravura.

De acordo com informações do Museu Casa da Xilogravura, a palavra “xilogravura” é composta por “xilon” (madeira) e por “grafo” (escrever), do Grego – “Xilon” significa “madeira” e “grafo” é “gravar”, ou “escrever”. Xilogravura é uma gravura feita com uma matriz de madeira. Pode-se dizer que é um processo de impressão com o uso de um carimbo de madeira. Já o Dicionário Larousse define a técnica como “gravura obtida pelo processo da xilografia”. Está última é a “arte de gravar em madeira”, ou a “técnica de impressão em que o desenho é entalhado com goiva, formão, faca ou buril em uma chapa de madeira”.

A xilogravura em papel mais antiga, dentre as conhecidas, ilustra um exemplar da oração budista Sutra do Diamante, editada por Wang Chieh, na China, por volta do ano 868. Acredita-se, porém, que a xilografia do Extremo Oriente já estampasse tecidos séculos antes, talvez inicialmente na Índia.

Nos séculos 14 e 15, os europeus utilizaram intensamente a xilografia para produzir imagens sacras (santinhos) e cartas de baralho. Perdendo sua função utilitária, a gravura com madeira conheceu, entretanto, uma magnífica transformação, mais especificamente no campo artístico. Artistas plásticos utilizaram a liberdade criativa para ilustrar textos de veículos de comunicação, evidenciando os contrastes entre branco e preto.

O suíço Felix Valloton (1865-1925), o francês Paul Gauguin (1848-1903) e o norueguês Edvard Munch (1963-1944) foram considerados os precursores da xilogravura. Na sequência, vieram os expressionistas alemães Kirchner, Heckel, Shimidt-Rottloff, Nold, do grupo Die Brücke (1906). Na mesma época, os franceses Matisse, Derain, Dufy e Vlaminck elevaram essa técnica a um nível de expressão considerável.

Enquanto a xilogravura de reprodução foi ficando ultrapassada, surgiu a “xilogravura artística libertada”, que teve como seus pilares iniciais o brasileiro Oswaldo Goeldi (1895-1961) e o lituano Lasar Segall (1891-1957). As décadas seguintes foram de extrema importância na consolidação dessa linguagem no Brasil, com o crescimento do número de artistas originários das oficinas tipográficas vinculadas à literatura de cordel, cujas raízes derivam dos contadores nordestinos.

Entre os xilógrafos brasileiros de maior destaque podemos citar: Oswaldo Goeldi (1895-1961), Tarsila do Amaral (1886-1973), Sérvulo Esmeraldo (1929-2017), Livio Abramo (1903-1992), Gilvan Samico (1928–2013), Walderêdo Gonçalves (1920-2005), José Costa Leite (1927), Abraão Batista (1935), J. Borges (1935) e José Lourenço (1964), dentre outros.

A Funarte já sediou uma mostra composta por obras de xilogravura, em sua regional de São Paulo. A exposição Bestiário Nordestino ocupou a Galeria Flávio de Carvalho, no Complexo Cultural Funarte SP, entre outubro e novembro de 2018. O projeto foi contemplado com o Prêmio Funarte Conexão Circulação Artes Visuais – Galerias Funarte de Artes Visuais São Paulo. A mostra teve a curadoria dos artistas Rafael Limaverde e Marquinhos Abu e reuniu imagens que resgatavam a história e o imaginário do povo do Nordeste. Saiba mais sobre essa exposição aqui.

O Museu Casa da Xilogravura, dedicado exclusivamente para a difusão da técnica e preservação da linguagem, fica na cidade de Campos do Jordão (SP). A instituição, inaugurada em 1987, conta com milhares de obras de mais de mil gravadores. Promove palestras, encontros, cursos e outros eventos culturais, além de oferecer atelier xilográfico, oficina tipográfica e biblioteca especializada no tema. Saiba mais sobre o museu aqui.

Com informações do site do Museu Casa da Xilogravura e do
Centro de Artes Visuais da Funarte