A Fundação Nacional de Artes – Funarte lamenta a morte do músico, escritor e político Agnaldo Timóteo, ocorrida na manhã do último sábado, dia 3 de abril. Um dos maiores cantores românticos do país, ele faleceu com complicações causadas pela covid 19, aos 84 anos. Estava internado num hospital na Zona Oeste do Rio de Janeiro desde o dia 17 de março. Seu corpo foi enterrado na tarde deste domingo, dia 4, no Cemitério Jardim da Saudade, na Capital Fluminense.
Agnaldo Timóteo Pereira nasceu em Caratinga (MG) no dia 29 de outubro de 1936, em família humilde, filho do servidor público José Timóteo Pereira e de Catarina Maria Passos. Estudou até o terceiro ano primário na Escola Técnica de Comércio Nossa Senhora das Graças. Trabalhou como torneiro mecânico no antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), em Caratinga, e no Departamento de Estradas de Rodagem (DER), em Governador Valadares (MG).
O interesse pela música surgiu nele ainda na infância. Mesmo com a incumbência de ajudar no sustento da família, nunca desistiu do sonho de se tornar um cantor de sucesso. Na década de 1950, o adolescente frequentou o programa Domingo é dia de folga, em Governador Valadares, e era anunciado como o Curió de Caratinga. Foi naquele palco que iniciou a trajetória profissional – quando ainda imitava as vozes potentes de Cauby Peixoto, Anísio Silva e Adilson Ramos. Foi na década de 1960, trabalhando como motorista da cantora Ângela Maria, que a carreira de Timóteo deu uma guinada positiva.
Na ocasião, ele teve o apoio de Ângela para ser indicado à gravadora dela da época. Seu primeiro disco, lançado em 1961, tinha de um lado a canção Sábado no morro e, do outro, Cruel Solidão. Em 1963, gravou Tortura de amor, de Waldick Soriano, no estilo romântico que o consagraria no futuro. As canções não obtiveram o sucesso esperado, mas o artista não desistiu, chegando a vender cópias autografadas do disco de mão em mão.
A carreira de Agnaldo Timóteo ganhou repercussão nacional quando participou do programa de Jair de Taumaturgo, na extinta TV Rio. Um dos seus álbuns mais conhecidos, Obrigada, Querida (1967), que trazia a canção Meu Grito, composta por Roberto Carlos, foi primordial para o sucesso. A música Ave–Maria também fez parte do repertório de interpretações mais marcantes. Com a voz possante e composições próprias, ele conquistou uma das maiores legiões de fãs do Brasil.
Entre os maiores sucessos do cantor estão: Mamãe; Os Verdes Campos da Minha Terra; Deixe-me Outro Dia; Por Causa de Você; A Galeria do Amor; Aventureiros; O Conquistador; Perdido na Noite; Um Dia de Domingo; A Hora do Amor; Tristeza Danada; Alma Gêmea; A Hora do Amor; Foi Deus; Bonequinha Linda; Não Mereço Você; A Noiva; Noites Traiçoeiras; Que Bom Seria; e Sonhar Contigo.
Em meados dos anos 2000, Agnaldo Timóteo rompeu os contratos com gravadoras e passou a vender seus CDs autografados nas ruas, recebendo diretamente o carinho do público. Foi um dos primeiros artistas consagrados a participar de um reality show na televisão brasileira. O programa, exibido em 2002, misturava famosos e fãs. Agnaldo também participou do quadro político nacional, nos cargos de vereador e deputado federal. Escreveu o prefácio do livro Mensagens para a Vovó, de autoria de Antonio Marcos Pires, e participou da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em 2016.
Agnaldo Timóteo era solteiro e deixa dois filhos adotivos, Marcelo Timóteo e Keyty Evelyn.
A edição nº 349, do programa de rádio Estúdio F, da Fundação Nacional de Artes, é totalmente dedicada ao artista. Confira a homenagem aqui.
A Funarte se solidariza com a família, os amigos e os fãs do cantor Agnaldo Timóteo. Descanse em paz!
Com informações do CPDOC da Fundação Getúlio Vargas,
do site Jovem Pan e do Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira