Funarte celebra o ‘Dia do Disco de Vinil’, 20 de abril, terça-feira

Dia do Disco de Vinil - Crédito: Franz van Duns

A Fundação Nacional de Artes – Funarte celebra o Dia do Disco, também conhecido como Dia do Disco de Vinil, nesta terça-feira, dia 20 de abril. A comemoração é uma homenagem ao cantor mineiro Ataulfo Alves (1909), um dos maiores compositores brasileiros, falecido na data, em 1969. Em paralelo à celebração, no mesmo dia, os colecionadores e os saudosistas do vinil  festejam a paixão por essa mídia clássica e cada vez mais revivida.

O disco de vinil é considerado um marco na história do entretenimento musical. Ajudou a criar novos hábitos, tanto no ato de ouvir música quanto na produção musical. Atualmente, essa mídia clássica voltou a se tornar popular, não pela sua praticidade, mas pela peculiaridade que a caracteriza. Os vinis ressurgiram. Não têm a mesma força comercial de antes, mas são, agora, objetos retrô, muito admirado por colecionadores e outros aficcionados.

Nove anos após a morte de Ataulfo Alves, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, incluiu o Dia do Disco na Lei nº 5.146, de 7/1/2010 (referente a eventos, datas comemorativas e feriados da cidade), a partir da Lei Nº 78, de 23/12/1978.

Uma breve história do disco de vinil

O disco de vinil foi desenvolvido em meados da década de 1940. Permaneceu popular em todo o mundo, até o surgimento do CD e de outros produtos de tecnologias mais avançadas. Conhecido simplesmente como “vinil”, é uma mídia feita com o material plástico de mesmo nome, normalmente de PVC. Usualmente de cor preta, pode ser produzido em várias outras cores. Nesse tipo de disco as informações de áudio podem ser reproduzidas por meio de um “toca-discos” ou “vitrola”. O aparelho praticamente caiu  em desuso por anos, mas vem sendo produzido novamente – sendo fácil encontrá-lo no mercado.

Duas empresas, uma nos EUA, em 21 de junho de 1948; e a outra, na Alemanha, em 31 de agosto de 1948, reivindicaram o direito de serem as primeiras a usar o formato substituindo os antigos discos de goma-laca, de 78 rotações por minuto (RPM). Porém, a primeira patente que fala sobre o uso do vinil foi requerida em 1929 e concedida em 1930. Portanto, desde 29 já se falava em discos feitos com esse material.

Na era do vinil, os discos foram produzidos nos formatos: LP, EP, single e máxi. O LP, abreviatura do inglês “long-play, com 31 cm de diâmetro, é tocado a 33 1/3 rotações por minuto e tem capacidade de 20 minutos por lado; o EP, sigla inglesa de “extended-play”, tem 25cm de diâmetro (dez polegadas), é tocado a 45 RPM e tem capacidade de 8min por lado; também foi fabricado o single ou compacto simples abreviatura do inglês “single-play”, com 17 cm de diâmetro, tocado a 45 RPM em outros países, mas, no Brasil, a 33 1/3 RPM com capacidade de quatro minutos por lado; e, finalmente, o formato maxi, abreviatura do inglês “maxi-single” , com diâmetro de 31 cm, tocado a 45 RPM, e com capacidade de 12min por lado apenas.

Os discos de 78 RPM de 10 polegadas, em goma-laca, chegaram ao Brasil em 1902. O LP, de vinil, foi lançado comercialmente em 1951. Mas, somente a partir de 1958, começou a suplantar o formato anterior – abandonado em 1964. Em 1991, foram vendidos 28,4 milhões de LPs no Brasil. Em 1993 foram a venda de CDs chegou a 21 milhões; a de LPs, a 16,4; e a de fitas cassete, a sete milhões. Em 1994, 14,5 milhões de LPs foram comprados. O LP ainda alcançou vendagens razoáveis até o final de 1995, mantendo, naquele ano, entre cinco e dez milhões de cópias vendidas.

O disco de vinil possui microssulcos, que são ranhuras em forma de espiral. Eles conduzem a agulha da vitrola, da borda externa até o centro do disco. Trata-se de uma gravação analógica, mecânica. Esses sulcos são microscópicos e fazem a agulha vibrar. A vibração é transformada em sinal elétrico e, este, em seguida é amplificado e transformado em som audível.

O vinil é um tipo de plástico muito delicado e qualquer arranhão pode comprometer a qualidade do som. Os discos desse material precisam constantemente ser limpos e estar sempre livres de poeira; ser guardados sempre na posição vertical e dentro de suas capas e envelopes de proteção (também conhecidas como capas “de dentro” e “de fora”). A poeira é um dos piores inimigos do vinil, pois danifica tanto o disco quanto a agulha da vitrola.

Com a invenção do compact disc (CD), em 1984, o vinil começou a perder espaço. Foi considerado ultrapassado e quase foi extinto. Os CDs chegaram ao mercado com a promessa de capacidade de armazenamento de músicas, durabilidade e clareza sonora (sem chiados).  Entretanto, os colecionadores e outros admiradores não deixaram os vinis esquecidos. Eles passaram por um ressurgimento, no início dos anos 2000.

O disco mais vendido no Brasil foi o LP Xou da Xuxa 3 (1988), da cantora e apresentadora Xuxa Meneguel, com 3,7 milhões de cópias. O segundo lugar ficou com o Padre Marcelo Rossi, pelo CD Duplo Músicas para Louvar o Senhor (1998): 3,3 milhões de cópias vendidas. Já o terceiro lugar foi conquistado pelo LP Leandro & Leonardo, da dupla sertaneja de mesmo nome (1990): 3,2 milhões. Os artistas brasileiros que mais venderam discos de vinil no país foram: Roberto Carlos (140 milhões); Nelson Gonçalves – 75 milhões, e Angela Maria – 60 milhões, respectivamente.

Sobre o homenageado, Ataulfo Alves, 

O cantor e compositor Ataulfo Alves nasceu no dia 2 de maio de 1909, numa fazenda, no Município de Miraí, Minas Gerais. Filho de Severino de Sousa e Matilde de Jesus, teve seis irmãos.

Seu pai tocava viola, sanfona e fazia repentes. Aos oito anos, o garoto já gostava de improvisar com Severino, que faleceu quando Ataulfo tinha apenas 10 anos. Com essa perda, a família foi morar no Centro da cidade. Para ajudar no sustento da casa, trabalhou como leiteiro, condutor de bois, apanhador de malas na estação de trem, menino de recados, carregador de marmitas, marceneiro, engraxate e plantador de café, arroz e milho. Apesar das dificuldades, o garoto conciliava suas atividades laborais com os seus estudos no grupo escolar Dr. Justino Pereira.

Ataulfo viajou para o Rio de Janeiro, em 1927, em busca de novas oportunidades profissionais. Acompanhou o médico Afrânio Moreira de Resende, amigo de sua família, e que se transferia para o Rio de Janeiro (então Capital Federal). Ataulfo passou a trabalhar de dia no consultório do médico, no Centro do Rio, e de noite, fazia a limpeza geral da residência do patrão. Depois se empregou numa farmácia como limpador de vidros e acabou aprendendo o ofício de prático de farmácia. Na época, morava no bairro do Rio Comprido, Zona Norte, onde passou a frequentar rodas de samba. Aos 19 anos, casou-se com Judite, com quem teve cinco filhos: Adélia, Ataulfo Júnior, Adeilton, Matilde e Adelino.

Ataulfo Alves foi um dos mais bem sucedidos sambistas compositores dos anos 1940 e 1950. Entre suas músicas de sucesso, estão: Ai que saudades da Amélia, Atire a primeira pedra, Corda e Caçamba, Favela, Laranja Madura, Leva meu Samba, Madame Fulano de Tal, Mulata Assanhada, Na cadência do samba, Nem que chova canivete, Pois É, Vassalo do Samba, Vida De Minha Vida e Você passa eu acho graça, entre outras.

Ao longo dos seus 35 anos de carreira, acumulou muitos prêmios, medalhas e diplomas, além dos quadros Lagoa serena e Pois é, pintados por Pancetti, (artista plástico modernista brasileiro), inspirados em famosos sambas do cantor. Este foi um dos primeiros compositores populares a editar suas próprias obras.

Sempre muito educado, gentil e refinado, vestia-se com elegância. Chegou a ser eleito um dos “Dez mais elegantes” num concurso promovido pelo colunista Ibrahim Sued (1924 – 1995), “mesmo usando um terno de dez anos atrás”, confidenciou o artista. Um lenço branco foi a sua marca registrada. Com ele, costumava “reger” o seu conjunto musical.

Ataulfo faleceu aos 59 anos, no dia 20 de abril de 1969, na Capital Fluminense, vítima de uma úlcera no duodeno.

Com informações dos sites Calendarr Brasil,
Collectors Room, Universo do Vinil e Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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