O dia 23 de abril foi declarado o Dia Nacional do Choro, no ano 2000, em homenagem a Pixinguinha (1897-1973). De acordo com vários músicos e especialistas, o artista contribuiu diretamente para a constituição do gênero, enquanto ritmo tipicamente brasileiro. Para celebrar o legado de Pixinguinha, a Fundação Nacional de Artes –Funarte, por meio do seu Centro de Documentação e Pesquisa (Cedoc), destaca um pouco da trajetória desse artista e recorda o programa institucional que celebrou a memória do músico, o Projeto Pixinguinha.
Até 2016, o dia 23 de abril era considerado o dia de aniversário de Pixinguinha. Mas o pesquisador e músico Alexandre Dias realizou, recentemente, um levantamento no cartório onde o artista foi registrado e verificou que a data correta do nascimento é, na verdade, 4 de maio de 1897. Porém, 23 de abril segue como uma data especial para rememorar Pixinguinha.
Do Rio de Janeiro para o mundo
O compositor, maestro, arranjador e instrumentista Alfredo da Rocha Vianna Filho, mais conhecido como Pixinguinha, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1897 e cresceu na região central, com os pais e 13 irmãos. Formou o conjunto Oito Batutas, em 1919, com o irmão China e os músicos Donga, Nelson Alves, Jacob Palmieri e José Alves de Lima. No mesmo ano, eles iniciaram uma excursão por São Paulo e Minas Gerais, patrocinada por Arnaldo Guinle. Em 1921, excursionam pela Bahia e Pernambuco para realizar shows e pesquisar gêneros musicais brasileiros.
Projeto Pixinguinha
Em 1977, o produtor, animador cultural, poeta e pesquisador musical Hermínio Bello de Carvalho idealizou o Projeto Pixinguinha, iniciativa promovida pela Funarte, que se tornou um importante capítulo da trajetória da música popular brasileira. Pixinguinha havia falecido aos 75 anos, no carnaval de 1973. Uma das inspirações para a iniciativa foi o Projeto Seis e Meia, de 1976 — idealizado por Albino Pinheiro e que também teve a participação de Hermínio. O Seis e Meia promovia espetáculos musicais a preços populares, no Teatro João Caetano (Centro da Capital Fluminense).
O projeto Pixinguinha previa a circulação de intérpretes, músicos e toda sua equipe técnica pelo país. A ação funcionou regularmente, entre 1977 e 1989. Teve dois períodos de suspensão, entre 1990 e 1992 e entre 1997 e 2002. Em 2003, foram iniciadas ações para a retomada. Entre 2004 e 2007, a atividade foi retomada. As duas últimas versões do projeto foram realizadas em 2009 e em 2017. Muitos nomes de peso passaram pelo projeto, tais como Cartola, Alceu Valença, Ademilde Fonseca, Edu Lobo e Clementina de Jesus.
Nesta homenagem, a Funarte destaca o catálogo do projeto, elaborado a partir da sua edição de 2006 (capa ao lado), sob a guarda do Cedoc. No acervo do Centro, também é possível explorar uma série de registros do Projeto, como materiais de divulgação — fotografias, cartazes, programas dos shows —, gravações, notícias de jornal e outros documentos que registram a dinâmica das produções — como notas contratuais, relatórios e liberações da censura.
Parte da vida e da obra de Pixinguinha também estão documentadas no Cedoc – Funarte. Fotografias, recortes de veículos de comunicação impressos, programas e livros sobre o músico integram o acervo. Parte dessa documentação foi utilizada num vídeo, produzido pela Coordenação de Difusão e Pesquisa da Funarte (Codip) em 2017, para celebrar os 120 anos do artista. O material está disponível no Portal da instituição e pode ser acessado por este link.
Pixinguinha no Estúdio F
Outra ação da Funarte em homenagem a Pixinguinha foi a produção de um programa especial de Rádio da série Estúdio F, com detalhes preciosos sobre a vida e a obra do artista. O episódio teve apresentação do produtor e servidor da Funarte Paulo César Soares.
“Logo que nasceu, em 23 de abril de 1897, recebeu da avó africana o apelido de Pizindin, que significa menino bom. Depois, por ter tido varíola – doença popularmente conhecida como bexiga –, passou a ser chamado de Bexiguinha. Da junção desses dois apelidos, surgiu o nome artístico que o consagraria para sempre ”, diz o apresentador, em trecho da abertura do programa. O trabalho foi roteirizado pelo jornalista e pesquisador Claudio Felício, como servidor da instituição. O episódio de rádio está disponível na íntegra aqui neste link.
Cedoc
Para obter mais informações sobre os acervos da Funarte, acesse a página do Centro de Documentação e Pesquisa (Cedoc) – Funarte, ou entre em contato pelo e-mail bibli.cedoc@funarte.gov.br. Atualmente, os atendimentos seguem exclusivamente de modo virtual.
Com informações do Centro de Documentação e Pesquisa (Cedoc) – Funarte, da Agência Brasil/Empresa Brasil de Comunicação (EBC); do Instituto Moreira Salles (IMS); e da tese Projeto Pixinguinha: 30 anos de música e estrada, de Gabriela Sandes Borges de Almeida – Fundação Getúlio Vargas – Centro de Pesquisa e Documentação da História Contemporânea do Brasil (Cpdoc) – Programa de Pós-Graduação em História Política e Bens Culturais (Pphpbc) – Mestrado Profissional em Bens Culturais e Projetos Sociais