A Fundação Nacional de Artes – Funarte lamenta a morte da atriz e diretora teatral Camilla Amado, profissional com extensa trajetória de contribuição ao teatro, cinema e TV. Ela faleceu aos 82 anos, no domingo, dia 6 de junho, no Rio de Janeiro (RJ), em decorrência de um câncer.
Camilla de Hollanda Amado nasceu em agosto de 1938, filha da educadora Henriette Amado e de Gilson Amado, fundador da antiga TV Educativa, hoje TV Brasil. A estreia de Camilla como atriz foi em um espetáculo com os textos A Lição, A Cantora Careca e As Cadeiras, de Eugène Ionesco, com direção de Luís de Lima, em 1957. Em seguida, participou de outras montagens, passando de “jovem promessa” a atriz profissional de prestígio. Com a montagem de A Exceção e a Regra, de Bertolt Brecht, dirigida por Antônio Pedro, em 1967, ela atingiu o primeiro ponto alto de sua carreira.
Entre outras montagens de destaque estão: As Desgraças de uma Criança, em 1973, versão da comédia de Martins Pena, dirigida por Antônio Pedro; O Voo dos Pássaros Selvagens, de Aldomar Conrado, com direção de Aderbal Freire-Filho, em 1975; e, em 1976, participou da produção de Ziembinski para Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, no papel de Alaíde.
Camilla estreou no cinema nos anos 1970. Sua interpretação no filme O Casamento, baseado na obra de Nelson Rodrigues, com direção de Arnaldo Jabor, em 1976, rendeu a ela o Kikito de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante e o Prêmio Especial do Júri, no Festival de Gramado. Seu último filme foi De Perto Ela Não É Normal, de Suzanna Pires, em 2020.
Na TV, iniciou carreira em 1969, na novela Um Gosto Amargo de Festa, da extinta TV Tupi. Participou de pelo menos 39 produções em TV, em teleteatro, novelas, séries e programas humorísticos, como Sítio do Picapau Amarelo; A Casa das Sete Mulheres; Tapas & Beijos; e Cordel Encantado. Em 2019, interpretou a Tia Candoca na novela Éramos Seis.
Diversos artistas prestaram homenagens a Camilla Amado nas redes sociais. “Obrigado, Camilla. Pelas aulas dentro e fora de cena. Que meus aplausos somem-se aos de todo o país!”, escreveu o ator, roteirista e diretor Marcos Caruso. A atriz e autora Suzanna Pires escreveu: “Minha mestra e de tantos colegas, Camilla Amado nos deixou hoje, fisicamente, mas fica o seu legado de arte, integridade e liberdade (…)”.
O crítico Yan Michalski escreveu sobre a atriz no livro Pequena Enciclopédia do Teatro Brasileiro Contemporâneo, de 1989: “Camilla Amado é uma das mais sensíveis, versáteis e inteligentes atrizes da sua geração. Seu rosto excepcionalmente expressivo, seu gestual preciso e bonito, sua capacidade de inflexionar com colorida gama de emoções e a sua abertura a tudo que não seja rotineiro contribuem para desenhar uma presença cênica muito pessoal”.
A atriz foi casada com o jornalista Carlos Eduardo Martins, do qual ficou viúva em 1968 e com quem teve dois filhos, a atriz Rafaela e Rodrigo Amado. Foi casada também com o ator Stepan Nercessian por 14 anos.
Com informações da Enciclopédia Itaú Cultural e da Agência Brasil