Funarte lamenta a morte do ator e diretor Paulo José, aos 84 anos

Paulo José (Fernando Frazão/Agência Brasil)

A Fundação Nacional de Artes – Funarte lamenta a morte do ator e diretor Paulo José. Com trabalhos fundamentais para a arte brasileira, Paulo José atuou, dirigiu e criou para o teatro, cinema e TV. Ele faleceu aos 84 anos, em decorrência de uma pneumonia, na quarta-feira, dia 11 de agosto, no Rio de Janeiro. Paulo José conviveu com o Mal de Parkinson por mais de 20 anos.

Paulo José Gómez de Souza nasceu em Lavras do Sul, no Rio Grande do Sul, em 1937. Entre 1955 e 1961, fez teatro amador, na capital gaúcha. Participou do Teatro Universitário do Rio Grande do Sul e foi um dos fundadores do Teatro de Equipe. Em 1950, teve sua estreia como diretor, em parceria com Mário de Almeida, no espetáculo Rondó 58. Foi cenógrafo, iluminador, contrarregra, assistente de direção, maquiador e maquinista. Participou ainda do Teatro de Fantoches de Porto Alegre.

Morando em São Paulo, em 1961, entrou para o elenco do Teatro de Arena, espaço histórico do teatro brasileiro aberto nos anos 1950, administrado pela Funarte desde o final dos anos 1970. No espaço, Paulo José trabalhou em espetáculos como O Testamento do Cangaceiro, de Chico de Assis, com direção de Augusto Boal; Os Fuzis da Senhora Carrar, de Bertolt Brecht, em 1962; e A Mandrágora, de Maquiavel, em 1963. Dirigiu remontagens como Arena Conta Zumbi, de Guarnieri, Augusto Boal e Edu Lobo, em 1965; e assinou a sua primeira direção original no Arena, com O Filho do Cão, também de Guarnieri, em 1964.

A seguir, foram muitos os espetáculos importantes. Dirigindo Reveillon, de Flávio Márcio, em 1975, recebeu o Prêmio Governador do Estado de São Paulo. No mesmo ano, atuou e dirigiu em A Mandrágora, de Nicolau Maquiavel (imagens abaixo). Entre outras montagens, estão: Gata em Telhado de Zinco Quente, de Tennessee Williams, em 1976; É…, de Millôr Fernandes, em 1977 e 1979; e Seis Personagens à Procura de um Autor, de Luigi Pirandello, em 1977, no qual dirigiu sua então esposa Dina Sfat. Delicadas Torturas, de Harry Kondoleon, em 1988, lhe rendeu o Prêmio Molière de melhor ator.

Paulo José em cenas de “A Mandrágora”, em 1975 (Funarte – Cedoc – Acervo Dina Sfat e Paulo José)

No cinema, Paulo José recebeu diversos prêmios como ator, como o Troféu Candango, do Festival de Brasília, pelo desempenho nos filmes Todas as Mulheres do Mundo, de 1966; Edu, Coração de Ouro, de 1967; e O Rei da Noite, de 1976. Foi destaque também nos filmes Macunaíma; A Difícil Viagem; Faca de Dois Gumes; e Policarpo Quaresma.

Na TV, foram mais de 20 novelas e minisséries, entre elas, Roda de Fogo, de 1986; e Tieta, de 1989. Diversos artistas manifestaram pesar pela partida do ator. A atriz Leandra Leal escreveu, em rede social: “No meu primeiro dia de estúdio, ele me disse que era para imaginar uma lanterna dentro do meu peito e jogar com essa luz em cena. Na minha primeira noturna, ele me explicou pacientemente por que deveríamos repetir da mesma forma uma cena diversas vezes, desenhou dentro de um carro o que era eixo, e discorreu sobre continuidade de emoção”.

Paulo José deixa esposa e quatro filhos: Ana, Bel e Clara Kutner, do relacionamento com a atriz Dina Sfat, e Paulo Henrique Caruso.

Acervo Dina Sfat e Paulo José no Cedoc – Funarte

O Centro de Documentação e Pesquisa (Cedoc) da Funarte guarda o Acervo Dina Sfat e Paulo José, com fotografias e documentos como programas, periódicos, peças teatrais e recortes de jornal. O fundo foi doado nos anos 1980 pelo casal. Entre as fotografias estão as do espetáculo A Mandrágora, de Nicolau Maquiavel, de 1975, com direção e atuação de Paulo José (imagens acima). Por meio da plataforma Atom, é possível consultar diferentes níveis de descrição dos arquivos do fundo.

Com informações da Enciclopédia Itaú Cultural

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