Uma flauta que arrebatou o Dulcina

O elenco de Uma Flauta Mágica foi calorosamente aplaudido pelo público que lotou o Teatro Dulcina, no Rio de Janeiro, na noite de terça (7/09), ao final da estreia da montagem de Peter Brook, para a ópera de Mozart. Os atores, que integram o Théâtre dês Bouffes du Nord, retornaram ao palco mais duas vezes para o agradecimento à plateia, que não economizou aplausos, aos gritos de “bravo”.

Na montagem do encenador inglês, a orquestra foi substituída pelo piano, tocado pelo músico Franck Krawczyk. As árias em alemão e os diálogos em francês, receberam legendas em português para contar os obstáculos enfrentados pelo príncipe Tamino para resgatar a jovem e bela Pamina, aprisionada pelo sacerdote Sarastro.

Na estreia, o tenor Roger Padullès interpretou Tamino, e a soprano americana Julia Bullock, a princesa Tamina. A Rainha da Noite é vivida por Leila Benhamza.

Na encenação, os bambus, usados como elementos cenográficos e apoiados pela iluminação, ora vibrante ora em penumbra, criam e definem os espaços da ação da ópera – o palácio da Rainha da Noite, a Floresta e o Templo da Sabedoria.

Os momentos mais leves do espetáculo foram respondidos com humor pelo público, principalmente nos diálogos entre os personagens Tamino e Papageno, que chegaram a estender sua ação ao espaço da plateia.

Um dos espectadores da estreia, o crítico  de teatro Macksen Luis avalia que “Peter Brook reconfirma a magia e a fantasia da obra pelo despojamento e a economia de meios.”

“Na dramaturgia cênica de Brook, há permanente ‘sentimento do maravilhoso’, aquele ponto que liga o homem à natureza, como se fosse um alquimista de imagens que integra culturas. Isso acontece em Uma Flauta Mágica, que mantém a ópera na sua integridade, mesmo desprovida de adereços interpretativos, construções cenográficas e orquestra”, afirmou o crítico.

Para Antonio Gilberto, diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte e responsável pela programação do Dulcina, “Peter Brook consegue, de uma forma brilhante, manter a essência da obra de Mozart”.

“A ópera está inteira na adaptação moderna de Brook”, disse Antonio Gilberto. “Ele mantém sua linha de encenação centrada na linguagem teatral e recria um espetáculo leve, alegre e ao mesmo tempo vigoroso”.

A estreia de Uma Flauta Mágica foi prestigiada pela classe artística. Marília Pêra, Renata Sorrah, Débora Evelyn, Bárbara Paz, Malu Valle, Letícia Sabatella e Luis Mello estiveram no Teatro Dulcina, e também, o diretor Gilberto Gawronski e alguns atores da Cia. Fodidos Privilegiados. Os críticos Bárbara Heliodora e Luiz Paulo Horta, ambos de O Globo, também estavam na plateia, além do secretário municipal de Cultura, Emílio Khalil, e jornalistas.

Representaram a Funarte, Myrian Levin, diretora executiva; Antonio Gilberto, diretor do Centro de Artes Cênicas (Ceacen); e Camilla Pereira, coordenadora de Comunicação. O encenador inglês Peter Brook, de 86 anos, foi representado por sua colaboradora Marie-Hélàne Estienne, que adaptou, junto com Brook, a ópera de Mozart, A Flauta Mágica (1791).

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