Tributo a Almeida Prado encerra a 19ª Bienal de Música da Funarte

Emoção, saudade e a beleza das obras do homenageado da noite, o compositor Almeida Prado, que morreu há quase um ano, marcaram o encerramento da XIX Bienal de Música Brasileira Contemporânea, realizada pela Fundação Nacional de Artes (Funarte), nesta quarta-feira, 19 de outubro. O Teatro João Caetano foi o palco do encontro entre o Quarteto Radamés Gnattali e a Cia. Bachiana Brasileira, que apresentaram duas obras do maestro: Paná-Paná III , última composição de Almeida Prado, feita especialmente para a Bienal; e Missa de São Nicolau, também composta por ele na década de 1980.

Grandes nomes da música clássica, entre eles o maestro Edino Krieger, criador das Bienais, prestigiaram o evento, que contou também com a presença do presidente da Funarte, Antonio Grassi; da diretora executiva da instituição, Myriam Lewin; do diretor do Centro da Música, Bebeto Alves; do coordenador de Música Erudita, Flávio Silva; da coordenadora de Comunicação Social, Camilla Pereira e equipe.

Ao dar início ao espetáculo, o presidente da Funarte ressaltou a felicidade por estar fazendo parte de um momento histórico para a música clássica brasileira: “Expresso a grande alegria e o prazer de estar fazendo parte do encerramento da 19ª Bienal de Música Brasileira e também por estar, mais uma vez, representando a Funarte, na condição de presidente. Quero agradecer a todos os servidores e, em especial, ao grande guerreiro Flávio Silva e a todo o Centro da Música pelo trabalho e empenho em realizar estas Bienais.”

Grassi parabenizou o maestro Edino Krieger pelo belo trabalho de perpetuação das Bienais de Música: “Sem dúvida alguma, a continuidade deste trabalho merece todo o nosso aplauso. A cada edição, a Bienal vem melhorando e se aprimorando com grandes avanços. Eu sinto muito orgulho em contar com a presença, nesta noite tão especial, do criador destas Bienais, Edino Krieger.”

O primeiro concerto da noite de encerramento apresentou, em estreia mundial, a  obra Paná- Paná III, uma das quinze encomendadas pela Funarte para a Bienal e composta por Almeida Prado meses antes de sua morte. A peça foi executada pelo Quarteto Radamés Gnattali, acompanhado de Marcelo Caldi (acordeão); Leo Souza (marimba); Viviane Sobral (celesta) e Josiane KevorKian (piano). A seguir, a orquestra e o coro da Cia. Bachiana Brasileira, sob a direção e regência de Ricardo Rocha, deram vida à outra partitura do compositor , a Missa de São Nicolau. Foi a terceira audição mundial da obra, composta por encomenda da Catedral de São Nicolau, em Friburgo, Suíça, onde estreou; a segunda execução foi pela Sinfonia Cultura, em São Paulo, em 2003.

O maestro Ricardo Rocha falou sobre a emoção de estar regendo a Missa de São Nicolau, de Almeida Prado: “A obra é uma das raridades do século XX. A Missa de São Nicolau foi escrita entre 1985 e 1986 e esta sua terceira execução contou com um importante trabalho de revisão completa do manuscrito do compositor, assim como editoração, gravação e registro. As obras de Almeida Prado possuem fortes influências da música gótica do século XIV ao século XX. Sem contar que o compositor tinha um estilo próprio, único”.

O maestro Ricardo Tacuchian, que também prestigiou a noite de encerramento,  destacou a importância desta 19ª Bienal para os músicos: “Esta edição representou um avanço na trajetória das Bienais, por uma série de razões e inovações. Uma delas é a qualidade das interpretações. Tanto os homenageados como os artistas compraram o espírito da Bienal, com seriedade. Esta edição ficou marcada como a Bienal dos Intérpretes. E acrescentou: “Terminar o evento com a execução da Missa de São Nicolau nos deixou felizes e purificados. Uma obra, absolutamente, sincera.”

Durante o evento, o coordenador de música erudita da Funarte, Flávio Silva, fez questão de homenagear os profissionais da área técnica, representados pelo funcionário Marinalvo Cruz, e que, segundo ele, tanto contribuem para que programas dessa magnitude sejam realizados com sucesso. Marinaldo trabalha na montagem das Bienais, desde a primeira edição, em 1975.

No encerramento da Bienal, foi feita também a entrega de cópias de gravações aos familiares de compositores. A ação representa o primeiro passo no sentido de viabilizar a difusão dessas obras que,  depois, poderá ocorrer através Portal da Funarte e, eventualmente, por outros órgãos públicos. Marina Lorenzo Fernandez, filha do compositor Lorenzo Fernandez, e Gisele Santoro, viúva de Claudio Santoro, receberam das mãos do presidente da Funarte, Antonio Grassi, o CD digitalizado com as obras dos seus respectivos autores. A diretora executiva da Fundação, Myriam Lewin,  fez a entrega de cópias a Marcelo Guarnieri, neto de Camargo Guarnieri. O diretor do Centro da Música, Bebeto Alves, repassou as gravações à Jane Guerra Peixe, sobrinha de Guerra Peixe; e à Mirela Siqueira, neta do compositor José Siqueira.

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