Literatura e direito à leitura em debate no segundo dia do I Encontro Funarte

“Cidadania Cultural e Literatura em Debate” foi um dos temas do segundo dia do Encontro Funarte de Políticas para as Artes. Entre outros assuntos foram discutidos a literatura e o direito à leitura. Participaram Fabiano Santos, diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do Ministério da Cultura; Vera Saboya, superintendente de Leitura e Conhecimento da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro; Cadu Cinelli, autor do projeto Da Palavra ao Fio (contemplado pela Bolsa Funarte de Circulação Literária); Kátia Brito, autora do projeto Na Onda da Pororoca (contemplado pelo Prêmio Interações Estéticas); Evanize Martins, autora do projeto Sou Quilombola (contemplado pela Bolsa Funarte de Reflexão Crítica e Produção Cultural para a Internet).

Fabiano Santos falou sobre o direito à leitura, citando alguns autores, entre eles Tzvetan Todorov, Daniel Pennac e o escritor e professor Antônio Cândido. Este, em seu texto “O direito à literatura”, faz uma aproximação entre direitos humanos e literatura. O representante do MinC afirmou que “toda pessoa tem o direito de ler para compreender melhor o mundo em que se encontra”. No entanto, ressaltou que não adianta ter programas excelentes, como o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) do MEC, se às vezes os livros chegam às escolas e permanecem encaixotados por não haver bibliotecas ou mesmo espaços para leitura. Segundo ele, duas agendas estratégicas são necessárias para aumentar o índice de leitura nas escolas: a formação do professor-leitor e a formação de mediadores de leitura. “Como um professor que não gosta de ler vai despertar o gosto pela leitura em seus alunos?”, questionou.

Vera Saboya, da Secretaria de Cultura do Estado do Rio, apresentou o projeto das “Bibliotecas Parque”, que está mudando o conceito de espaços de leitura. Até o momento, duas já foram inauguradas: uma em Manguinhos e outra em Niterói, com público diário de 500 e 300 pessoas, respectivamente. Essas novas bibliotecas possuem ambientes interativos, com estúdios de som, espaço para teatro e outras formas de artes e semelhança com livrarias, no que se refere à disposição dos livros. Segundo ela, o projeto contempla um total de 12 bibliotecas parque no Estado. A da Rocinha deverá ser inaugurada entre dezembro e janeiro próximos, sendo seguida pela do Complexo do Alemão.

O ator e contador de histórias Cadu Cinelli, que há 13 anos faz parte do grupo Tapetes Contadores de Histórias, apresentou a experiência de seu projeto Da Palavra ao Fio, que incluiu visita a cidades do interior da Bahia, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Com o objetivo de valorizar a oralidade como manifestação artística nesses lugares, ele desenvolveu trabalhos de contação de histórias com professores e alunos e ministrou oficinas buscando relacionar a palavra a trabalhos em tecidos.

A atriz e diretora Katia Brito falou sobre o projeto Na Onda da Pororoca, contemplado pelo Prêmio Interações Estéticas da Funarte. Na pequena localidade de Soure, na Ilha do Marajó, Belém (PA), ela ocupou espaços não convencionais para levar arte à população. A ideia era que cada ator fosse também público. Além da peça teatral, que teve a participação especial do diretor e ator Amir Haddad, uma radionovela, intitulada “Um Boto no Céu”, foi escrita e encenada com a ajuda de moradores.

As manifestações culturais das comunidades quilombolas foi o foco da pesquisa de Evanize Martins, com o projeto Sou Quilombola. Ela constatou que questões mais urgentes, como a luta pelo território e distância entre as comunidades, dificultam a transmissão da cultura às novas gerações. Segundo Evanize, seu trabalho de mapeamento de comunidades, nas cinco regiões do país, servirá de ponto de partida para outras pesquisas e para dar maior visibilidade à cultura dessas pessoas.

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