Faleceu, no dia 15 de janeiro, o jornalista, escritor, pesquisador de teatro e servidor aposentado da Funarte Fernando Peixoto, aos 75 anos. Ele deixa extenso legado e vigorosa contribuição para as artes cênicas no Brasil.
Fernando Amaral dos Guimarães Peixoto Nasceu em Porto Alegre (RS). Jornalista desde 1958, atuou em diversos veículos da imprensa brasileira. Foi editor de cultura do semanário Opinião e fundador e membro do Conselho de Redação do Jornal Movimento. Colaborou em várias revistas, como Argumento, Revista Civilização Brasileira, Contexto e Encontros da Civilização Brasileira. Inúmeros artigos seus foram publicados no exterior, principalmente em Cuba, Espanha e Alemanha.
Fernando dirigiu televisão e trabalhou em cinema como ator, em filmes como Bebel de M.Copovilla, O Predileto de Roberto Palmari, Doramundo de J. Batista de Andrade, Fogo Morto de Marcos Faria, A Queda de Ruy Guerra, entre outros. Escreveu roteiros cinematográficos, como O Profeta da Fome com M. Capovilla (de uma peça de W. G. Durst); com Ruy Guerra, Quarup, (do livro de A. Callado), e O Homem que Tinha a Morte no Corpo; e O Tronco, com João Batista de Andrade (da obra de Bernardo Élis). Para televisão, criou O Último dia de Lampião com M. Copovilla e Édipo com G. Guarnieri.
Foi sócio diretor do Teatro Oficina de São Paulo, até 1970, ator de teatro em diversos espetáculos profissionais, desde 1963. Dirigiu espetáculos como Don Juan de Molière, Frei Caneca, de Carlos Queiroz Telles, Tambores da Noite e O Processo de Joana D´Arc em Rouen, de Brecht, Frank V, de Dürrenmatt, Um Grito Parado no Ar e Ponto de Partida, de G. Guarnieri, Caminho de Volta, de Consuelo de Castro, Calabar de Chico Buarque e Ruy Guerra (proibido pela censura em 1973), e outros. Foi encenador de espetáculos musicais e óperas, entre elas Wozeck de Alban Berg, O Navio Fantasma de Wagner e Lo Schiavo de Carlos Gomes. Foi representante do Brasil na Rassegna Internazionle na Escola de Comunicação de Artes da USP. Premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), recebeu um Moliére E, EM 2010, o Prêmio Shell de Teatro, pelo conjunto de sua obra.
Fernando escreveu a maior parte dos verbetes sobre teatro na Enciclopédia Mirador Universal e coordenou coleções de teatro para as editoras Ucitec e Civilização Brasileira. Foi também editor da coleção Vida e Obra, da editora Paz e Terra. Traduziu diversos textos teatrais, de Górki, Brecht, Molière, Heine Muller, Osvaldo Dreagún, José Sanchis Sinisterra, e outros autores, e ainda o livro O Teatro e Sua Realidade de Bernard Dort (editora Perspectiva). Produziu livros como Brecht, Maiakovski e Sade (Editora Paz e Terra) e Teatro em Pedaços (1980), Teatro em Movimento (1989), Teatro em Questão (1989), Um Teatro Fora do Eixo (1993) e Teatro em Aberto (2002) – todos pela Editora Ucitec.
Em 1985, Fernando ingressou no quadro do antigo Instituto Nacional de Artes Cênicas, Inacen ( incorporado à Funarte nos anos 1990), onde chegou a ser diretor do Departamento de Teatro. Uma das últimas atividades do jornalista, como servidor da Funarte, foi a organização do livro Reflexões sobre o Teatro Brasileiro no Século XX, de Yan Michalski, lançado pelo Centro de Programas Interados (Cepin) e pelo Centro de Artes Cênicas (Ceacen) da Instituição, em 2004.
A Funarte transmite seu pesar pelo falecimento do jornalista e homem de teatro e presta, aqui, a sua eterna homenagem.