Com 45 atrações, o Verão Arte Contemporânea (VAC) movimenta a capital mineira até meados de fevereiro. Pela primeira vez, abre espaço para a arquitetura, propondo uma reflexão sobre o progresso dos centros urbanos. Idealizado e realizado pelo Grupo Oficcina Multimédia em parceria com a Produtora Mercado Moderno, chega em 2012, à 6ª edição.
O diálogo entre as artes é novamente uma das características do festival, em que estão previstas atividades nas áreas de Teatro, Dança, Música, Artes Visuais, Cinema, Literatura, além de Moda, Gastronomia e Ecologia, em 24 espaços públicos e culturais da cidade. Duas delas – os espetáculos E daqui pra frente? e Outro Lado – acontecem na Funarte MG.
Como nas outras cinco edições, boa parte da programação do VAC 2012 tem preços populares e algumas atrações têm ainda entrada gratuita.
“O foco da programação está na valorização dos artistas locais comprometidos com valores culturais que compreendem a pesquisa, a experimentação e a divulgação de linguagens em todas as áreas da criação artística”, anuncia a divulgação do evento. Os idealizadores do VAC assistiram previamente a todas as atrações, seja em Minas Gerais, outros estados e até mesmo em outros países, com o intuito de trazer a Belo Horizonte, espetáculos recentes e inovadores e ações que propõem uma reflexão sobre arte, além de política e filosofia particulares aos tempos modernos. “A ideia é levantar questões pertinentes a um olhar contemporâneo sobre a produção artística atual, promovendo tanto o deslocamento de espetáculos de rua para espaços tradicionais, como o diálogo entre o erudito e o popular e as manifestações culturais comprometidas com nossas raízes”, destaca Jonnatha Horta Fortes, um dos integrantes do Grupo Oficcina Multimédia.
A introdução de palestras, no VAC 2012, abre espaço para a reflexão sobre três temas específicos, Arquitetura, Teatro e Literatura. Na arquitetura, nos dias 03 e 04 de fevereiro, será discutida a questão urbana, coordenada pelo arquiteto Carlos Teixeira. O evento será realizado no Teatro do Oi Futuro Klauss Vianna, e o seminário ‘Cidade Arquitetura Informal’, propõem uma discussão sobre a cidade, não como algo sob o controle de práticas deterministas, mas como sistemas que devem ser vistos junto à informalidade e desordem que marcam as grandes cidades tanto de países desenvolvidos quanto de países emergentes. Profissionais do Chile, Colômbia, Espanha e Brasil participam da atividade.
No teatro, a “Zona de Diálogo”, promovida pelo Grupo Teatro Invertido, irá discutir a cena teatral contemporânea, nos dias 03, 04, 05, 10, 11 e 12 de fevereiro no Centro Cultural da UFMG.
Além da apresentação da Cia. 5 Cabeças, da Turma de Formandos do Curso de Teatro do CEFAR, Eid Ribeiro, GOM, Quatroloscinco, Teatro Invertido e o Oficinão – Galpão Cine Horto, que estreia ‘Zucco?’. “O evento mantém o caráter de renovação, priorizando artistas e grupos de Minas Gerais, sem deixar de abrir espaço para obras de artistas de outros estados e países, com o intuito de expandir o intercâmbio entre os criadores”, avalia Ione Medeiros, diretora do Grupo Officina Multimédia.
Na área da literatura, o evento “As Bruxas estão soltas” será realizado na Fundação de Educação Artística entre os dias 03 e 05 de fevereiro com uma abordagem sobre o protagonismo das mulheres em diferentes dimensões e seus impasses na sociedade contemporânea, através de mesas de debate, filmes, documentários e uma tribuna livre. Na ocasião, haverá uma homenagem à Dona Helena Greco, militante histórica dos direitos humanos falecida em 2011 em BH e o lançamento do livro ‘Do luto à luta’. O público presente poderá assistir também ao documentário sobre o Movimento Mães de Maio, cujos filhos foram mortos na periferia de São Paulo, em 2006, e um outro importante documentário sobre a escritora Rose Marie Muraro, com direção de Márcia Derraik.
Na área da dança participam a Cia. de Dança do Palácio das Artes, a Meia Ponta Cia. de Dança, a Cia Mário Nascimento, a Cia. Fusion de Danças Urbanas, a Terceira Dança (composta por um grupo de idosos) e a Incomodança, que reúne vários estilos de danças de salão. Nesta proposta, o objetivo é mostrar o repertório dos bailarinos e promover a participação do público que será convidado a dançar, repetindo o formato de um baile popular. “É uma maneira de o público se introduzir na dança e começar a se aproximar das linguagens da dança contemporânea, quebrando o mito de que aquilo é algo incompreensível, e fora de nosso alcance”, avalia Ione.
Na área da música, a série “Clássicos Contemporâneos” dá continuidade à proposta iniciada na edição de 2011, de trazer para o presente o trabalho de um compositor de outros tempos. O compositor escolhido desta edição é J.S. Bach, cujas peças serão executadas em diversos formatos, seja no piano a quatro mãos com as pianistas Sandra Almeida e Cristina Guimarães, seja nos solos de Berenice Menegale, seja no bandoneón do compositor Rufo Herrera. A presença de Bach (sec. XVIII) no VAC 2012 vai ao encontro da reflexão do filósofo Giorgio Agamben sobre o que significa ser contemporâneo: “Pertence verdadeiramente ao seu tempo, é verdadeiramente contemporâneo, aquele que não coincide perfeitamente com este, nem está adequado às suas pretensões e é, portanto, nesse sentido, inatual; mas, exatamente por isso, exatamente através desse deslocamento e desse anacronismo, ele é capaz, mais do que os outros, de perceber e apreender o seu tempo”.
Ainda no campo musical, apresentam-se no VAC: Babilak Bah, Constantina, Família de Rua, Graveola e o Lixo Polifônico, Grupo de Percussão da UFMG, Julgamento, Nem Secos, Orquestra de Sopros FEA, Thiago Delegado, além do Movimento Black Soul e Quarteirão Soul, ambas podem ser conferidas gratuitamente aos sábados, no Espaço Santa Catarina Soul, localizado na rua Santa Catarina entre Avenida Amazonas e RuaTupis, no centro de BH. No encerramento dessa edição, o compositor e bandoneonista Rufo Herrera estreia peça musical para vibrafone com músicos convidados e parceria da Orquestra Ouro Preto.
Na área das artes visuais, o artista plástico Estevão Machado apresenta na Galeria Maristela Tristão do Palácio das Artes, o projeto ‘Shopping’ que faz uma reflexão sobre a estimulante ficção do consumo e de nossa alegre (ir) responsabilidade com os recursos finitos do planeta. No SESC Palladium, o público poderá conferir a intervenção sonora ‘Desconstrução Concreta’, composta de exercícios vocais elaborados a partir de experimentações com os sons realizados por jovens da Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia de BH, Núcleo do projeto Plug Minas – Centro de Formação e Experimentação Digital. No mesmo espaço, acontecerá durante todo o VAC, a live paint das galerias MiniGaleria (Belo Horizonte) e Choque Cultural (São Paulo) que se inicia no dia da abertura do evento, e o resultado permanece exposto até o final do evento.
Na área de cinema, os idealizadores do festival destacam que a curadoria de Sávio Leite e Oficcina Multimédia, priorizou a produção nacional. O Multiespaço Oi Futuro e o Cine Humberto Mauro exibem entre os dias 03 e 09 de fevereiro, 14 produções, entre curtas e longas-metragens. São eles: Calma Monga Calma, Drop In The Darknes, Cocais – A Cidade Reinventada, Eu Queria Ser Um Monstro, Magnífica Desolação, O Sal da Lua, Museu dos Corações, Chantal Akerman de Cá, Número Zero, Cortina de Fumaça, Nego, Taba, Cachoeira e Perspectiva.
Por fim, a gastronomia chega ao terceiro ano dentro do calendário do evento, com o título “Gastronomia para todos os bolsos”, que faz um recorte da diversidade gastronômica encontrada em Belo Horizonte. Com o objetivo de atender diferentes gostos e perfis de consumidores gastronômicos, o VAC selecionou três estabelecimentos na programação: o Arcângelo, famoso por seus drinks; o Café Santa Sophia,conhecido pela qualidade de seu café e produtos mineiros, e o Hermengarda, considerado por alguns especialistas como o melhor restaurante da cidade.
SERVIÇO
Data: De 13 de janeiro a 12 de fevereiro de 2012.
Ingressos: R$ 14,00 (inteira) e R$ 7,00 (meia-entrada)
Eventos gratuitos: Exposições, mostras de filme, arquitetura, literatura e algumas apresentações musicais.
Preços diferenciados: Funarte MG – R$ 12,00 (Inteira) e R$ 6,00 (meia)• Inhotim – R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia) • Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG – R$ 4,00 – Obs: Entrada franca para crianças com menos de 05 anos e idosos com mais de 60 anos.• Teatro em Debate / Família de Rua – R$ 10,00 (Inteira) e R$ 5,00 (meia)
INFORMAÇÃO PARA O PÚBLICO: www.veraoarte.com.br e (31) 3227-7331