O Festival de Intervenções Artísticas do Recôncavo (FIAR 3), chega à sua terceira edição promovendo o encontro das redes de artes visuais no Recôncavo Baiano. O projeto foi contemplado pelo Rede Nacional Funarte Artes Visuais – 8ª edição. A programação gratuita reflete essa característica nos bate-papos, intervenções, performances, encenações, transmissões ao vivo, apresentações, festas e oficinas, com artistas e grupos independentes de diferentes partes do país. Também traz do Chile, que integra a plataforma Desislaciones, uma rede de artistas e coletivos de arte da América Latina. O FIAR acontece de 29 de fevereiro a 3 de março nas cidades de Cachoeira e São Félix.
Intervenções e performances
Grupos e artistas independentes foram convidados a desenvolver intervenções urbanas e audiovisuais nas localidades da região do Recôncavo. Isso se expressa, por exemplo, nos trabalhos do coletivo Mucambo Nuspano, do Piauí, que faz moda street para homens e mulheres. O coletivo vai grafitar livremente expressões da feira em roupas sem estampa usadas por pessoas que circulam pelo lugar. Essas imagens serão fotografadas e projetadas. A performance inicia a programação do evento no dia 29, na feira de Cachoeira.
No dia 1/03, a intervenção é do pernambucano Ricardo Brazileiro. Ele vai montar 3c0, intervenção urbana interativa que coleta dados ambientais em tempo real e constrói um ecossistema híbrido que reage com as intensidades do cotidiano urbano. Seus guarda-chuvas equipados com sensores analógicos e digitais vão ocupar o Jardim Grande de Cachoeira. Para o dia 2, o GIA – Grupo de Intervenção Ambiental, da Bahia, propõe a montagem do Flutuador, uma pequena ilha feita com garrafas plásticas de refrigerante. O Flutuador será instalado no Rio Paraguaçu, que margeia as cidades do Recôncavo. O SambaGIA, residência que faz parte da Rede Nacional Funarte Artes Visuais – 8ª edição, fecha o evento com muita celebração na feira livre de Cachoeira dia 3, a partir do meio dia.
Residências artísticas
Outra novidade dessa terceira edição do FIAR são as residências artísticas: projetos independentes em curso que se associam em rede com o festival. Cambana (foto ao lado) estreia no FIAR 3. Me dê motivos é a residência que envolve OPAVIVARÁ (RJ) e o GIA, e integra a Rede Nacional Funarte Artes Visuais – 8ª edição.
Cambana trará novos elementos ao festival, na manhã do dia 3, na feira de Cachoeira. Desde 2010, Maicyra Leão e Márcio Lima pesquisam os grupos ciganos/Calóns (acampamentos) da região do Recôncavo. Parte desse processo se concretiza em Cambana, uma encenação constituída de ações artísticas que acontecem simultaneamente na feira da cidade e também de forma itinerante. As ações foram criadas por um grupo de artistas de áreas correlatas ao teatro, como arquitetura, cenografia, dança, performance, literatura, fotografia, videoarte, para dialogar com as experiências de convívio nas comunidades. O projeto tem apoio do Fundo Iberescena e recebeu o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2011.
Bate-papos e lançamentos
Destaque da terceira edição do FIAR, os bate-papos contam com convidados de todo o país e também do Chile. Abertos ao público, os debates giram em torno dos assuntos ligados às redes, como colaboração e ativismo, e à arte política, atenta às questões das cidades. Eles vão acontecer no Centro Cultural Dannemam, em São Félix. No dia 29, Luis Parras (GIA e PIA-BA), Milena Durante (EIA-Experiência Imersiva Ambiental-SP), Patrícia Francisco (artista plástica e cineasta-RS) e Rosa Apablaza (DESISLACIONES-Chile) participam do debate “As redes colaborativas de Arte”.
No dia 1/03, os artistas Cristiano Piton (GIA-BA), Felipe Brait (Frente 3 DE FEVEREIRO-SP), Marcelo Terça-Nada (PORO-MG) e WG (Nuspano-PI) são os convidados do debate “Poéticas e ativismo – proposta para um fazer junto”. Após o bate-papo, haverá lançamento do livro Intervalo, Respiro, pequenos deslocamentos – ações poéticas do Poro, do coletivo PORO.
Oficinas, música e comunicação
A Rádio Interofônica (foto ao lado), outro projeto contemplado pela Rede Nacional Funarte Artes – 8ª edição, realiza no primeiro dia do encontro a oficina “Descartografias visuais, sonoras e audiovisuais”. A ideia é mapear as artes visuais na cidade de Cachoeira. Durante o evento, a Interofônica participa, junto com a Rádio Amnésia, da cobertura colaborativa do evento, com transmissões ao vivo e pela web.
À noite, a programação ganha cores da tradição e do trabalho de resgate da cultura popular afro-brasileira do Rio Grande do Sul, representada pelo mestre Paraquedas e pelos músicos Paulo Romeu e Cristiano Figueiró, dia 1º, às 20 horas, no Centro Cultural Dannemam. Dia 2 terá Feladay com as invenções sonoras e visuais de Jarbas Jácome (BA).
O FIAR 3 já faz parte do calendário cultural do Recôncavo Baiano. Ele é fruto do Salão de Artes Audiovisuais do Recôncavo, que trouxe para a região uma extensa programação de exibições, performances e workshops.
FIAR 3 | Encontro de Redes de Artes Visuais
29 de fevereiro a 3 de março | Cachoeira e São Félix
Mais informações: http://FIARbahia.wordpress.com/