Esculturas de balões infláveis podem ser vistas no Palácio Capanema, no Rio

Tradição e contemporaneidade marcam a nova exposição do paraense Paulo Paes no Rio de Janeiro. Inaugurada na noite de 6 de março,  no Mezanino do Palácio Gustavo Capanema, “Pneumática” reúne dez esculturas gigantescas de balões de papel de seda, fruto da pesquisa junto a baloeiros das zonas norte e oeste da cidade sobre a arte e a técnica milenares da confecção desses artefatos. A exposição fica em cartaz até o dia 4 de maio, com entrada gratuita. A classificação é livre.

Contemplada pelo Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2010, “Pneumática” mostra o trabalho individual de Paulo Paes, que constrói, pacientemente, gomo a gomo, suas esculturas. Para o presidente da Funarte, Antonio Grassi, ao conceder esse prêmio a artistas que valorizam a cultura popular, a Fundação Nacional de Artes estimula a multiplicidade de linguagens e tendências em suas mais variadas modalidades de manifestação, contribuindo para a difusão, o fomento e a reflexão das artes visuais.

Bebeto Alves, diretor do Cemus, e Xico Chaves, diretor do Ceav
Bebeto Alves, diretor do Cemus, e Xico Chaves, diretor do Ceav

Segundo o diretor do Centro de Artes Visuais da Funarte, Xico Chaves, o trabalho de Paulo Paes consegue trazer o coletivo para o individual. “Nos infláveis, a navegação do objeto, das cores e dos sentidos, o popular e o contemporâneo flutuam no mesmo espaço. A vivência com o balonismo, como espectador e pesquisador, possibilitou ao artista uma liberdade de expressão e associação mais extensa. Trazer para a arte a vida ou levar para a vida a arte faz parte da trajetória de Paulo Paes”, conclui Xico.

A criação e a construção da obra “Pneumática”

Ao se apropriar das bases técnicas da arte dos balões, Paes mergulha nas questões puramente espaciais e pictóricas envolvidas, criando objetos infláveis, de caráter efêmero, feitos em papel de seda, dissociados da função original de artefato voador. Seus balões são seguros, pois não usam fogo para serem inflados e não voam. São esculturas de escalas variadas, insufladas por ventoinhas, que ao se encherem de ar ganham volume, adquirem peso e ocupam um lugar no espaço, sempre em nome de uma potência estética que se dá nas relações e na vibração das cores.

Desse modo, “Pneumática” resgata e preserva fundamentos tecnológicos e elementos visuais de uma tradição enraizada na memória coletiva, que está ameaçada de extinção por causa dos riscos que a atividade de soltar balões representa. A exposição cria, assim, uma alternativa para a sobrevivência dessas matrizes culturais populares, através de uma produção autoral de arte contemporânea.

Sua afinidade imediata foi com as técnicas e os materiais utilizados. Além disso, a abordagem estética era bastante similar a algumas referências que o autor trazia na memória: a visualidade oriental, o lançamento executado como em um ritual, as sutilezas da engenharia, o êxtase coletivo provocado pelo balão como objeto estético.

Paulo Paes

Sobre o artista

Paulo Paes nasceu em Belém do Pará, onde viveu até os 17 anos. Em 1978, mudou-se para o Rio de Janeiro, ingressando na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde permaneceu como aluno e, posteriormente, como professor até 1992. Participou de diversas exposições individuais e coletivas. Em 1984, participou da coletiva “Como vai você, geração 80?”, no Rio de Janeiro. Em 1991, foi selecionado para expor na 21ª Bienal Internacional de São Paulo. Em 1992, concebeu e coordenou, em parceria com Ricardo Basbaum e Ricardo Sepulveda, a exposição coletiva ”Eco-Sensorial”, no Rio de Janeiro.


“Pneumática”, de Paulo Paes

Contemplada pelo Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2010

Visitação: De 7 de março a 4 de maio de 2012, segunda a sexta, das 9h às 18h

Mezanino do Palácio Gustavo Capanema – Fundação Nacional de Artes (Funarte)

Rua da Imprensa, 16 – Centro, Rio de Janeiro

Entrada gratuita
Classificação etária: Livre

Mais informações

Centro de Artes Visuais (Ceav)
Tel: (21) 2279-8090
Fax: (21) 2279-8089
cavisuais@funarte.gov.br