A Fundação Nacional de Artes lança na sexta-feira (29 de junho), às 17h, na Funarte MG, o livro A análise do texto teatral, de João das Neves, publicado pela editora Funarte. O evento contará com a presença do presidente Antonio Grassi.
Utilizando-se de três textos da dramaturgia moderna – Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues; Os fuzis da Senhora Carrar, de Bertold Brecht; e O último carro, de autoria própria – das Neves procura desvendar todo o processo da criação teatral. A partir de exemplos práticos, propõe exercícios de análise do texto, envolvendo diferentes visões, seja dos diretores ou dos atores.
“Recorram à fábula. Ela mostrará o que é essencial, o que é secundário e o que é descartável”. Ela está no cerne do drama. E, na recomendação de João das Neves, parafraseando Brecht, está a chave-tema de seu livro. Segundo ele, conhecer as estruturas do texto é fundamental para a (re) criação do espetáculo. Mas esta é uma tarefa coletiva e prática. Por isso, o livro é também um convite ao processo de criação.
Segundo João das Neves, a análise pode se dar por meio da divisão do texto em seus aspectos mais significativos, esmiuçando os dramas, contradições, personagens principais e secundários, até que se chegue a um resultado coletivo, fruto da combinação de ações do encenador e dos atores, contudo, não deve, jamais, deixar de se utilizar da própria prática teatral como terreno onde a análise poderá se desenvolver. “Não se faz teatro na teoria, teatro se faz, fazendo. É na alquimia do encenador e dos atores que a peça se dá, unindo-se a análise dos elementos e a intuição dos atores”, explica.
Para contribuir, a obra traz ainda algumas definições críticas de termos e conceitos como cenário, diálogo, ação dramática, divisão da ação e personagens.
João das Neves é autor e diretor premiado, e desde início da década de 1960, vem deixando sua marca na cultura brasileira. Dirigiu o Teatro de Rua do Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE até o golpe de 1964 e foi um dos fundadores do Grupo Opinião, marco da resistência contra a Ditadura. Fez um curso de Práticas em Ciências Teatrais, na Alemanha, estagiando no setor de peças radiofônicas da Westdeutscher Rundfunk. Dirigiu óperas contemporâneas como Continente Zero Hora, de Rufo Herrera e Corpo Santo, de Jorge Antunes. Roteirizou e dirigiu inúmeros shows com os nomes mais significativos da MPB. Escreveu e dirigiu O último carro, ganhador de mais de 20 prêmios, entre eles, o Golfinho de Ouro, três Molière, Bienal Internacional de São Paulo, etc. É autor ainda de Mural mulher; Café da manhã; O quintal, e A pandorga e a Lei. Em 1986 fundou, no Acre, o Grupo Poronga, para o qual escreveu e dirigiu Tributo a Chico Mendes e Cadernos de acontecimentos, frutos de suas experiências com seringueiros e ribeirinhos. Em 1991, concorre a uma das Bolsas Vitae, dedicando-se então às pesquisas junto à Nação Kaxinawá, das quais resultou Yuraiá, o rio do nosso corpo. Como diretor, ator, professor, tradutor, escritor, iluminador teatral e radialista acumula ainda muitas experiências.
Quem quiser conferir, tem até o dia 29 de julho para assistir, no Teatro Glauce Rocha, no Rio, ao espetáculo Besouro Cordão de Ouro, primeiro texto para teatro de Paulo César Pinheiro, com direção de João das Neves. O espetáculo fica em cartaz de quinta a sábado, às 19h; e domingo, às 18h.
A análise do texto teatral
De João das Neves
Editora: Funarte
120 páginas
ISBN 978-85-7507-137-3
Lançamento
29 de junho, sexta-feira, às 17h
Informações: (31) 3213.7112
Funarte MG
Rua Januária, 68 – Floresta – Belo Horizonte, MG.