Funarte Brasília: Espetáculo narra luta de estudantes contra a ditadura

A Prova de fogo. Foto: divulgação

Nos dias 22 e 23 de setembro, sábado e domingo, na Funarte Brasília, um espetáculo teatral vai mostrar os embates dos estudantes contra a repressão política no Brasil, no período da ditadura militar. “A Prova de Fogo”, montagem da peça de Consuelo de Castro, escrita em 1968, terá duas sessões por dia, com entrada franca, no Teatro Funarte Plínio Marcos. Antes das apresentações, será exibido um documentário, com depoimentos de personalidades que se destacaram na luta contra o regime autoritário brasileiro do período 1964 – 1985.

“A Prova de Fogo” mostra a ocupação do prédio de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), em 1968, às vésperas do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Além das lutas dos estudantes contra a ditadura, a trama narra as divergências ideológicas dentro do próprio movimento estudantil, entre o líder Zé Freitas e seus opositores. Freitas propõe a desocupação da Faculdade, em aceitação às exigências do Governo. Mas é deposto pelos estudantes, que defendem uma postura ofensiva, no confronto com a polícia. Envolvidos pela atmosfera tensa daquele momento, os conflitos políticos e humanos se intensificam, durante a narrativa, e revelam ainda o efervescente movimento cultural revolucionário da época. Freitas vive o fim de um relacionamento com Júlia Silva, sua opositora, ao mesmo tempo em que se envolve com Rosa Prado, jovem burguesa, que perde a virgindade com o militante.

“A Prova de Fogo” é o texto de estreia de Consuelo, proibido pela censura, durante anos, e premiado, em 1974 pelo Serviço Nacional de Teatro (SNT), com o título de “A Invasão dos Bárbaros. A peça foi a base do curso de interpretação idealizado por Paulo Betti, com a participação, em seus primeiros momentos, de quatro amigos seus, proprietários da Casa da Gávea, no Rio: Vera Fajardo, Paulo Betti, Rafael Ponzi e Cristina Pereira. A principal proposta do projeto é resgatar o emblemático ano de 1968 e relacionar o fervor político de então às transformações humanas, desencadeadas pela negação às regras impostas. “É ligar a nossa juventude, ao passado, humanamente, revelando as contradições, o medo, a opressão, os valores, a crença no coletivo, as paixões”, define a diretora, Vera Fajardo. Diz o crítico e teatrólogo Sábato Magaldi, sobre o texto: “A Prova de Fogo é um dos mais verdadeiros e importantes documentos do país. Quem desejar entender, no futuro, o que se passou no Brasil, de 1964 a 1968, precisará tomar conhecimento da peça. E ela não ilumina apenas um período, mas todo um processo. Deve ser encarada, portanto, como uma das obras que trouxeram uma contribuição efetiva à dramaturgia brasileira: com grandeza do tema e da situação, exemplaridade das personagens, boa arquitetura cênica e eficácia do diálogo”.

O espetáculo faz parte do Projeto “Marcas da Memória” da Comissão de Anistia  – Ministério da Justiça. O objetivo da iniciativa é levar o espetáculo principalmente para jovens estudantes, com ampla informação e reflexão do que ocorreu durante o regime ditatorial brasileiro. Os realizadores pretendem, com isso, contribuir para a conscientização daqueles que não viveram o período, preservar a memória dos fatos e prevenir o futuro, para que não se repitam os atos arbitrários da época.

Sobre a autora, escreveu Yan Michalski: “Representante destacada da brilhante geração de dramaturgos surgida sob a ditadura, Consuelo de Castro é, entre os autores dessa geração, talvez a que possui o corpo de obra mais volumoso e diversificado. Em comum com os outros, ela tem o sentimento de inconformismo e indignação que perpassa tudo que ela escreve. O que a distingue dos outros é a sua excepcionalmente visceral noção de teatralidade, um diálogo notavelmente colorido, que ela cria com uma espantosa espontaneidade, e uma inquietação que a faz partir sempre em busca de novos caminhos”.

“A Prova de Fogo”
Dia 22 de setembro – horários: 19hs e 21hs
Dia 23 de setembro – horários: 18hs e 20hs
Entrada Franca

Teatro Funarte Plínio Marcos
Complexo Cultural Funarte Brasília
Eixo Monumental – Setor de Divulgação Cultural/Lote 2 – Brasília (DF)
Tel.: (61) 3322-2076

Texto: Consuelo de Castro
Direção e Adaptação: Vera Fajardo
Elenco: Igor Vogas, Mariela Figueredo, Maria Ana Caixe, Daniel Lopes, Camila Moreira, Kalísley Rosinski, Victor Gorgulho, Pedro Henrique Nunes, Pedro Logän e Marcéu Pierrotti
Iluminação: Moisés Farias; Figurino: Letícia Ponzi; Cenário: Vera Fajardo e Pedro Logän; Supervisão de Cenário: Letícia Ponzi; Trilha Sonora: Vera Fajardo; Direção Musical e Canções Originais: Pedro Logän
Realização: Casa da Gávea

O espetáculo faz parte do Projeto “Marcas da Memória” – Comissão de Anistia – Ministério da Justiça.

Acesse aqui a apresentação do projeto

Mais informações
Coordenação de Difusão Cultural da Funarte – Brasília
Coordenação de Artes Cênicas
cenicasbsb@funarte.gov.br

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