Heróis Negros na Funarte MG

Zumbi - Foto: Vitor Novaes

De 13 a 15 de dezembro, quinta-feira a sábado, às 20h, e no dia 16 de dezembro, domingo, às 19h, a Funarte MG recebe a estreia belo-horizontina de Zumbi. O espetáculo, que já passou pelo Rio de Janeiro e por São Paulo, é baseado no antológico Arena conta Zumbi, de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, e conta com direção de João das Neves e direção musical de Titane. Com músicas de Edu Lobo, o espetáculo que estreou em 1965, no Teatro Arena de São Paulo, em plena ditadura militar, narra a história de luta e resistência dos quilombolas de Palmares. Considerado o primeiro musical autenticamente brasileiro, foi nele que Boal também colocou em prática, pela primeira vez, o chamado “sistema curinga”, por ele criado. Pelo sistema, a noção de ator principal desaparece, já que os protagonistas são representados por diversos artistas na mesma encenação.

Para a montagem do espetáculo Zumbi, produzida pelo Instituto Augusto Boal, João das Neves escolheu um elenco negro formado por dez atores-cantores de Belo Horizonte. Eles se revezam no desempenho das pequenas cenas focadas sobre os pontos fortes da trama, deixando a um ator coringa a função de fazer as interligações entre os fatos, pessoas e processos. O emprego da música ajuda as passagens de cena, acrescentando tons líricos de grande efeito. Os arranjos são assinados por Titane, Alysson Salvador e Gilvan de Oliveira.

A Mostra Benjamin de Oliveira também traz para o mês de dezembro outra peça dirigida por João das Neves, com Maurício Tizumba no papel principal: Galanga, Chico Rei. De 20 a 22 de dezembro, quinta-feira a sábado, às 20h, e no dia 23 de dezembro, domingo, às 19h, o público poderá conferir a incrível história da vida de Chico, rei de uma tribo do Congo, que é trazido como escravo para o Brasil e torna-se herói, libertando diversos negros da escravidão. Os textos e músicas são de Paulo César Pinheiro.

DANÇAS, CRIANÇAS E ARTUROS

A extensa programação para o último mês do ano também inclui os espetáculos de dança Faça algum barulho, da Rui Moreira Cia. de Danças (1º de dezembro, sábado, às 20h), Africar, do grupo Código Movimento (2 de dezembro, domingo, às 19h), Mulheres de Baobá, da Companhia Baobá de Dança (6 de dezembro, quinta-feira, às 20h) e a instalação coreográfica Ela vestida, da Cia Suspensa (9 de dezembro, domingo, às 19h). A criançada será contemplada com o espetáculo A Arca de Vinícius, no dia 8 de dezembro, sábado, às 20h, no qual a cantora e atriz Ana Cristina interpreta canções de Vinícius de Moraes.

O Grupo Teatral Filhos de Zambi, da centenária Comunidade dos Arturos, apresenta no dia 7 de dezembro, sexta-feira, às 20h, o espetáculo Abolição, um novo olhar, que tem dramaturgia de Cida Falabella e direção de Carlos Henrique e Epaminondas Reis. Em parceria com o Grupo Trama, a peça é uma releitura do processo da abolição da escravatura e suas consequências na sociedade brasileira, por meio do olhar dos jovens e das tradições culturais dos Arturos.

Todos os espetáculos serão apresentados na Funarte MG (Rua Januária, 68, Floresta) e custam 10 reais (inteira) e 5 reais (meia-entrada), com exceção do espetáculo infantil que será gratuito.

MOSTRA BENJAMIN DE OLIVEIRA

Idealizada pela Cia. Burlantins, companhia teatral que tem à sua frente o cantor e compositor Maurício Tizumba, a mostra tem foco nas artes cênicas e prevê 77 dias de programação, sempre de quinta-feira a domingo. Ao todo, serão 21 espetáculos teatrais, de dança e de circo, entre apresentações para o público adulto e infantil.  A programação contempla ainda oficinas e atividades especiais para escolas públicas.

O nome da mostra já revela seu eixo temático. Benjamin de Oliveira, patrono da Burlantins desde a fundação do grupo, nasceu em 1870 e foi o primeiro palhaço negro do Brasil. É considerado o criador do circo-teatro brasileiro, gênero que levava para as ruas paródias de operetas, contos de fadas teatralizados e grandes clássicos da literatura. Nos entreatos, cantava lundus, chulas e modinhas em companhia de seu violão. Ao escolher o nome daquele que era conhecido como “Rei dos Palhaços”, a companhia reitera seu desejo de valorizar a riqueza cultural dos negros brasileiros. Os espetáculos e demais atividades trazem, portanto, a cultura afro como tema ou um elenco predominantemente negro. “Esses foram os critérios que nortearam a escolha dos grupos, mas somamos a isso a excelência dos trabalhos e dos profissionais envolvidos”, explica Maurício Tizumba, diretor artístico da mostra.

Concorrendo com outros seis projetos, a Mostra Benjamin de Oliveira foi contemplada pela Fundação Nacional de Artes – Funarte no Edital de Ocupação do Galpão 3 da Funarte MG 2012.

Serviço
MOSTRA BENJAMIN DE OLIVEIRA

Funarte MG (Rua Januária, 68, Floresta)

1º de dezembro, sábado, às 20h: Faça algum barulho (Rui Moreira Cia. de Danças)

2 de dezembro, domingo, às 19h: Africar (Código Movimento)

6 de dezembro, quinta-feira, às 20h: Mulheres de Baobá (Companhia Baobá de Dança)

7 de dezembro, sexta-feira, às 20h: Abolição, um novo olhar (Grupo de Teatro Filhos de Zambi, Comunidade dos Arturos)

9 de dezembro, domingo, às 19h: Ela Vestida (Cia Suspensa)

13 a 15 de dezembro, quinta-feira a sábado, às 20h. Dia 16 de dezembro, domingo, às 19h: Zumbi

20 a 22 de dezembro, quinta-feira a sábado, às 20h. Dia 23 de dezembro, domingo, às 19h: Galanga, Chico Rei

R$10,00 (inteira), R$5,00 (meia)

A bilheteria abre uma hora antes do espetáculo

Programação infantil gratuita:

8 de dezembro, sábado, às 16h: Histórias da Arca (Ana Cristina)

Informações:

burlantins.com.br/benjamin / facebook.com/burlantins

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