O espetáculo teatral “Ópera”, baseado em quatro contos inéditos do escritor e dramaturgo pernambucano Newton Moreno, autor dos espetáculos teatrais “As Centenárias”, “Maria do Caritó” e “Jacinta”, chega Teatro Glauce Rocha, da Funarte, no Centro do Rio de Janeiro. A montagem, que terá temporada de três semanas, até 20 de janeiro, de quarta-feira a domingo, às 19 horas, faz parte do projeto “Visões Coletivas – Nordeste Contemporâneo” – contemplado no edital de ocupação do espaço. O ingresso custa R$ 20.
O espetáculo, encenado pela companhia Coletivo Angu de Teatro (Recife – PE), é feito com leveza e humor. O texto estimula questionar os valores e os problemas da atualidade. Com temática gay, o espetáculo tem a proposta de investigar as possibilidades de cruzamento estético entre homoerotismo/sexualidade e teatro. Mas o objetivo da peça é provocar reflexão, não apenas nestas dimensões, mas principalmente na afirmação das diferenças – e, segundo os realizadores, é comprometida seriamente com a dramaturgia e com a linguagem contemporâneas. Com seis atores homens e um transexual no palco, o espetáculo é, ainda, uma homenagem ao grupo “Vivencial Diversiones”, ícone da contracultura, na década de 1970, no Recife.
Para o Coletivo Angu de Teatro, o tema agrada também aos heterossexuais. “O amor é uma experiência humana que todos nós dividimos, na qual encontramos ressonância”, explica Newton Moreno.
O projeto “Visões Coletivas – Nordeste Contemporâneo” oferece também a oficina gratuita “Infusão de imagens: explorando interfaces entre linguagens artísticas”, nos dias 9, 10 e 11 de janeiro, bem como o seminário “A Gayatice em Cenas Recifenses – Dubiedades no discurso cênico do vivencial ao coletivo Angu”, no domingo, dia 20 de janeiro – ambos ministrados pela companhia Coletivo Angu de Teatro.
O projeto, realizado pelo Coletivo Angu de Teatro, é uma mostra do teatro contemporâneo produzido no nordeste, que traz ao Rio de Janeiro sete grupos teatrais e cinco atores com trabalhos solo. Na programação, apresentada de novembro de 2012 a março de 2013, estão grupos de Recife (PE), João Pessoa (PB), Natal (RN), Fortaleza (CE) e Salvador (BA), além da presença do ator e diretor francês Maurice Durozier, do Théâtre du Soleil (França). Além disso, a iniciativa promove, a cada estreia, seminários, workshops e oficinas ministradas pelos artistas participantes.
A programação de teatro adulto teve início no dia 1º de novembro, com a estreia de “Angu de Sangue”, do Coletivo Angu de Teatro, que em 2013 completa dez anos. O também apresentou “Essa febre que não passa”.
Mais sobre “Ópera” – Os quatro contos que serão apresentados no espetáculo são:
“O Cão” – narrativa das desventuras de um cachorro gay e seus reflexos sobre a família de seu dono, quando a condição do pastor alemão chega ao conhecimento público. O episódio culmina com a morte do cão, e de seu parceiro vira-lata, por envenenamento. É uma insólita e comovente metáfora sobre a intolerância, encenada em formato de novela radiofônica, aos moldes daquelas realizadas a partir de 1940.
“O Troféu” – história de Pedro, ou Petra, um jovem torturado pela angústia de sentir-se inadequado em seu corpo e condição masculinos. Ao ser diagnosticado como portador de câncer de mama, ele passa a considerar-se uma verdadeira mulher, em delírio eufórico. Esse quadro tragicômico recebe um tratamento cênico, inspirado na linguagem das fotonovelas em preto-e-branco, da década de 1960.
“Culpa” – Augusto é um soropositivo, consumido pelo remorso de ter correspondido ao amor de um companheiro mais jovem. Tentando eximir-se de tal sentimento, diante da morte iminente, ele procura, de forma desesperada, encontrar um novo namorado. Essa história será encenada explorando-se os maneirismos e elementos estilísticos presentes em cenas de telenovelas brasileiras da década de 1980.
“Ópera” – o conto que batiza o espetáculo trata do caso de submissão amorosa, mantida entre um cantor de ópera e um garoto de programa. Será encenado como um melodrama – uma “micro-ópera pós-moderna”, de linguagem fragmentada e metalingüística, ambientada em 2000.
A peça “As Centenárias”, também do autor, foi à cena com Marieta Severo e Andréa Beltrão. Atualmente, ela faz “Jacinta”, em cartaz, no Rio, até 3 de março. A atriz de “Maria do Caritó” foi Lílian Cabral.
Sobre o Coletivo Angu de Teatro – O grupo começou em 2003, para o espetáculo “Angu de Sangue”, de Marcelino Freire. Em 2007, apresentou-se no Festival de Teatro de Curitiba, na mostra FRINGE, com os espetáculos Angu de Sangue e Ópera. Em 2008, foi a vez da estreia de “RASIF – Mar que arrebenta”. E, em 2011, estreou o espetáculo “Essa febre que não passa”, mais recente montagem do grupo. Em 2013, o Coletivo completa dez anos de trabalho contínuo, sendo o “Nordeste Contemporâneo – Visões Coletivas” a primeira atividade comemorativa.
“Ópera” – “Visões Coletivas – Nordeste Contemporâneo”
Texto: Newton Moreno
Encenação e direção de arte: Marcondes Lima
De 3 a 6, de 10 a 13 e de 17 a 20 de janeiro de 2013 (de quinta-feira a domingo)
Horário: 19 horas
Teatro Glauce Rocha
Endereço: Av. Rio Branco 179 – Centro
Rio de Janeiro (RJ)
Classificação etária: 18 anos
Preço: R$20 (pagamento somente em dinheiro)
Vendas também pelo telefone
(21) 2220-0259
Horário da bilheteria: quarta-feira a domingo, das 14h às 22h
Lotação: 204 lugares
Duração: 80 minutos
Oficina “Infusão de imagens: explorando interfaces entre linguagem artística”
Dias 9 a 11 de janeiro de 2013 (quarta, quinta e sexta-feira)
Horário: Das 14h às 18h
Local: Teatro Glauce Rocha
Entrada franca
Seminário “A Gayatice em Cenas Recifenses – Dubiedades no discurso cênico do vivencial ao coletivo Angu de Teatro
Data: 20 de janeiro de 2013 (domingo)
Horário: Das 14h às 17h
Local: Teatro Glauce Rocha
Entrada franca
“Ópera” – Ficha Técnica
Realização: Atos Produções Artísticas / Coletivo Angu de Teatro
Texto: Newton Moreno. Encenação e direção de arte: Marcondes Lima. Direção musical e trilha sonora original: Henrique Macedo. Preparação Corporal e assistência de Direção: Vavá Schön Paulino. Plano de Luz: Jathyles Miranda. Elenco: Arilson Lopes, Carlos Ferrera, Dirceu Siqueira, Fábio Caio, Ivo Barreto, Tatto Medinni e Jakellyne Ushôa. Direção de Produção: Tadeu Gondim. Produção Executiva: André Brasileiro / Luciana Bispo / Nínive Caldas. Identidade Visual / Operador de Luz: Sávio Uchôa. Operador de Som: Tadeu Gondim. Camareiras: Irani Galdino e Nine Brasil. Confecção de Figurinos: Maria Lima e Helena Beltrão. Gravação, mixagem e masterização: Henrique Macedo. Fotografias: Tuca Siqueira. Contra-regras: Vavá Schön Paulino e Gustavo Teixeira