Espetáculo ‘Rosário’ retrata a religiosidade como forma de sobrevivência

Espetáculo Rosário - Foto Aristides Alves

Inspirado na simbologia da coroação de reis negros – sempre viva nos Congados Mineiros e em outros folguedos nacionais – a peça “Rosário” , interpretada pela atriz e pesquisadora baiana Felícia de Castro, traz uma experiência cênica baseada na formação da identidade brasileira, sob o aspecto do feminino. O monólogo fica em cartaz de 21 a 24 de março, de quinta-feira a domingo, às 19h, no Teatro Glauce Rocha, Centro do Rio de Janeiro, a preços populares.

O texto revela o que representou o encontro de culturas diversas, em um novo território, e a religiosidade como estratégia de resistência e sobrevivência numa realidade hostil. Através de canções e explosões de textos, a atriz traz à cena um rosário de mulheres, como que reunidas em uma única prece. A peça faz parte do projeto Visões Coletivas – Nordeste Contemporâneo, contemplado no edital de ocupação do espaço, no período de outubro de 2012 a março de 2013.

A criação e a produção também ficam a cargo de Felícia. Os textos utilizados na peça são baseados em poemas autorais e livremente inspirados em partes de um depoimento de Marina Gurgel, sobre a invasão ao Caldeirão da Santa Cruz do Deserto (CE). São usadas como base, ainda, canções do Reisado de Congo (CE); corridos (cantigas) de Capoeira; orações do catolicismo popular; e o livro “Viva o Povo Brasileiro”, de João Ubaldo Ribeiro. Tudo isso compõe uma fábula pessoal de mulheres, deusas e animais, na forma de um ritual poético do feminino.

A concepção do trabalho é fruto de dez anos de treinamento pessoal de Felícia de Castro, em técnicas de criação para o ator-dançarino, e de pesquisas das culturas brasileiras. Estreou em Salvador, em 2009. Ancorado no contato com manifestações populares, como os reisados e romarias da região do Cariri, na pesquisa vocal e na força dos cantos tradicionais, o solo recria imagens da terra e do mar, e dos arquétipos da mãe, das rainhas e das coroações.

Sobre a artista
Felícia de Castro é mestra em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). É palhaça e pesquisadora das potencialidades pessoais e dramaturgia do performer. Tem como base o contato com as linhas de pesquisa em voz, criação, palhaço e “exaustão”, transmitidas pelo Lume Teatro, além de suas vivências com manifestações culturais brasileiras, como a Capoeira Angola (BA), o Congado mineiro e o Reisado de Congo (CE), e de seu encontro com a dança japonesa Butoh, através do mestre Tadashi Endo.

“Rosário”
Criação, concepção geral, pesquisa e atuação: Felícia de Castro
Direção e preparação vocal: Demian Reis
Assistência de direção: Carolina Laranjeira.
Iluminação: Eduardo Albergaria.
Trilha Sonora: Felícia de Castro e Coletivo Rosário com a colaboração de Fabiano de Cristo (CE).
Figurino: Rino Carvalho.
Cenografia e Adereços: Felícia de Castro e Coletivo Rosário com a colaboração de Maurício Pedrosa (BA) – confecção boi e coroa.
Arte Gráfica e Fotografias: Eduardo Ravi

Temporada: De 21 a 24 de março de 2013 (quinta a domingo), às 19 horas
Ingressos: R$ 20 / R$ 10 (meia-entrada)
Duração: 70 minutos
Classificação etária: 16 anos

Local: Teatro Glauce Rocha
Av. Rio Branco 179 – Centro – Rio de Janeiro
Telefone: (21) 2220-0259

Espetáculo integrante do projeto Visões Coletivas – Nordeste Contemporâneo, contemplado pela Funarte no Edital de Ocupação do Teatro Glauce Rocha / 2012 (segundo semestre)

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Visões Coletivas – Nordeste Contemporâneo