Conjunto Época de Ouro homenageia Dino 7 Cordas, na Sala Sidney Miller (RJ)

O violonista Dino 7 Cordas - Divulgação

O violonista Horondino José da Silva (1918–2006), o Dino 7 Cordas, é o músico homenageado do Conjunto Época de Ouro, na próxima segunda (6), às 17h, na Sala Funarte Sidney Miller. O show é transmitido ao vivo, pela Rádio Nacional AM (1.130KHz) e tem entrada gratuita. A apresentação semanal do grupo faz parte do projeto Música na Cidade, realizado pela Funarte. O programa é apresentando por Cristiano Menezes e tem duração de 2h.

As músicas Lembro-me ainda e Minha Crença (Dino 7 Cordas); Aperto de mão (Dino 7 Cordas, Jayme Florence e Augusto Mesquita); Bom Jesus (Dino 7 Cordas e Deo Loro); Gingando (Dino 7 Cordas e Canhoto) e Pastoras dos olhos castanhos (Dino 7 Cordas e Alberto Ribeiro), são alguns dos destaques do repertório que será apresentado pelo Época de Ouro.

Sobre Dino 7 Cordas

O violonista Horondino José da Silva (1918-2006), mais conhecido como Dino 7 Cordas, participou de todas as gravações que Jacob do Bandolim realizou na RCA Victor, de 1949 a 1969. Apesar de não ter inventado o instrumento que lhe serve de sobrenome artístico, ele foi o principal responsável pelo desenvolvimento de sua técnica e de sua linguagem. É o que é chamado nas rodas de choro de baixaria – uma espécie de contraponto melódico nas cordas mais graves do violão.

Dino criou uma escola de sete cordas na música brasileira, tocou até os 85 anos de idade e deu aulas nas tradicionais lojas de instrumentos do Rio, como Ao Bandolim de Ouro e Casa Oliveira, no Centro. Autodidata, começou a aprender violão com o instrumento do pai, que tocava como amador. Tirava tudo de ouvido, escutando rádio e imitando. Em 1935, conheceu o flautista Benedito Lacerda, líder do mais prestigiado conjunto regional da época.

No ano seguinte, o violonista oficial do Regional de Benedito Lacerda, Nei Orestes, ficou doente. Canhoto, cavaquinista do conjunto, sugeriu o nome de Dino para Benedito. Nei Orestes morreu sem nunca ter voltado para o conjunto e Dino assumiu definitivamente um dos violões do regional. Logo em seguida, entrou Jayme Florence, o Meira, no outro violão, no lugar de Carlos Lentine, e formou-se uma das duplas mais longevas da MPB, com mais de 40 anos de parceria. “Violões: Dino e Meira” passou a ser uma grife, constante, e quase obrigatória, em nove de cada dez discos de choro e samba entre as décadas de 40 e 70. Nessa época, Dino ainda tocava o violão de seis cordas, e foi com ele que participou das famosas gravações do duo Pixinguinha (sax tenor) e Benedito Lacerda (flauta), nos anos 40.

A inspiração para a sétima corda veio do violonista Tute, Artur de Souza Nascimento, que tocava nos conjuntos liderados por Pixinguinha, como Oito Batutas, Grupo da Guarda Velha e Orquestra Victor. Antes de Tute, não havia praticamente referências ao violão de sete. Segundo o violonista e pesquisador Luis Filipe de Lima, autor de uma tese de doutorado sobre choro, o violonista Otávio Vianna, o China, irmão de Pixinguinha e integrante dos Oito Batutas, também tocava sete cordas.

Dino frequentava os lugares onde Tute tocava só para vê-lo em ação com o sete cordas. Encomendou um violão de sete cordas com o luthier Silvestre, na loja Bandolim de Ouro e passou a estudar o instrumento, usando como sétima uma corda de violoncelo, procedimento adotado até hoje. Já, então, o Regional de Benedito Lacerda virara Regional do Canhoto, comandado pelo cavaquinista, e o som que Dino fazia com o novo violão, que tinha a corda extra-afinada em dó, fez sucesso.

Dino não largou mais o violão de sete cordas, e ao longo das décadas desenvolveu uma verdadeira linguagem para o instrumento, definindo um papel diferente para o violão de seis e o de sete cordas dentro do conjunto regional de choro e samba.

Na década de 60, foi chamado por Jacob do Bandolim, a quem já conhecia desde a década de 30, para integrar o Conjunto Época de Ouro, conjunto do qual fez parte até parar de tocar. Até então conhecido apenas como Dino, foi Jacob quem o convenceu a incorporar o “7 Cordas” ao nome artístico. Mas para suas composições, usava o nome de batismo, Horondino Silva. “O compositor é Horondino, o violonista é Dino”, explicava, citando Isaurinha Garcia, Orlando Silva, Déo e Silvio Caldas como intérpretes favoritos para suas músicas.

São dos anos 70 alguns de seus trabalhos mais notáveis, como os dois discos de Cartola lançados pelo selo Marcus Pereira, considerados a melhor aula por todos os violonistas de sete cordas.

Sobre o conjunto Época de Ouro

O conjunto Época de Ouro teve grande importância no movimento de resistência do choro na década de 1960, quando a bossa nova reinava quase absoluta no cenário musical brasileiro. Com o falecimento de seu fundador, Jacob do Bandolim, em agosto de 1969, alguns compromissos foram adiados e o conjunto somente retomou suas atividades em 1973, a convite de Paulinho da Viola, para participar do espetáculo “Sarau”, no Teatro da Lagoa. Foi dali que surgiu o Clube do Choro, idealizado por Paulinho da Viola e Sérgio Cabral, e todo um movimento no país em busca de dar maior visibilidade ao choro.

Atualmente, o Conjunto é formado por Jorginho do Pandeiro (diretor musical), Jorge Filho (cavaquinho), Ronaldo do Bandolim, Antônio Rocha (flauta), Toni Sete Cordas (violão de sete cordas) e André Belieni (violão).

Toda segunda-feira, das 17h às 19h, a Sala Funarte Sidney Miller recebe o Época de Ouro e seus convidados, para o programa da Rádio Nacional, aberto ao público e com entrada franca. A utilização do espaço resulta de uma parceria entre a Fundação Nacional de Artes e a EBC – Empresa Brasil de Comunicação. Antes, o show era transmitido do auditório da Rádio Nacional, que atualmente passa por reforma. Foi no prédio da emissora, na Praça Mauá, Centro do Rio, que muitos talentos da música foram revelados.

Projeto Música na Cidade – Programa Época de Ouro
Homenageado da Semana: Dino 7 Cordas

Dia 6 de maio de 2013, segunda-feira, das 17h às 19h
Apresentação gratuita
Classificação: 12 anos

Transmissão ao vivo do programa semanal “Época de Ouro”, pela Rádio Nacional AM (RJ)

Sala Funarte Sidney Miller
Rua da Imprensa, 16, Centro – Palácio Gustavo Capanema – Rio de Janeiro (RJ)
Tel. (21) 2240-5151 / Bilheteria: (21) 2279-8087 – Após às 15h

Realização: Rádio Nacional AM – RJ (EBC)
Apoio: Fundação Nacional de Artes – Funarte

Mais informações
Centro da Música/Funarte (21) 2279-8601