O Arte em Foco – ciclo de reflexões sobre as artes, realizado pela representação da Funarte em MG -, chega à sua quinta edição e, neste ano, foca sobre a obra e a vida de grandes artistas brasileiros. São eles: Vinicius de Moraes, Humberto Mauro, Pixinguinha e Augusto Boal. De segunda a quinta-feira, sempre na última semana do mês, a edição 2013 acontece de julho a outubro. As inscrições, gratuitas, podem ser feitas a cada mês, pelo email arteemfoco.funarte@gmail.com. As vagas são limitadas e os participantes que obtiverem frequência mínima de 75% serão certificados.
O projeto
O Arte em Foco é um ciclo de reflexões sobre as artes, realizado pela representação da Funarte em Minas Gerais desde 2009. Contando sempre com intervenções artísticas, o projeto abre espaço para o artista convidado, que, além de ilustrar a palestra do professor, no último dia de cada ciclo, fala com o público sobre o seu trabalho, sua trajetória e sua poética – é o Artista em Foco.
Atendendo às sugestões de temas feitas pelos participantes do Arte em Foco em edições anteriores, as reflexões dessa 5ª edição serão sobre Literatura e Música, Cinema, Música, Teatro. E para encaminhar os cursos foram convidados importantes professores e pesquisadores de diferentes universidades do país, o que já se tornou um diferencial do projeto.
A 5ª edição do Arte em Foco
De 29 a 31 de julho, o professor Eucanaã Ferraz, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), convida o público a compreender – a partir da leitura de poemas – as especificidades da escrita de Vinicius de Moraes. As questões centrais serão: a religiosidade e o verso livre no primeiro momento da poesia viniciana; do fechamento místico ao humanismo solidário: o segundo Vinícius; a regularidade métrica, o uso das rimas, o ritmo; o soneto: forma e emoção; liberdade e experimentalismo.
Durante esse primeiro ciclo de palestras, os participantes poderão conferir a mostra No ritmo da poesia: música e amizade em Mário de Andrade e Vinicius de Moraes, de curadoria do professor e ensaísta Roniere Menezes. A exposição, promovida pela Superintendência de Bibliotecas Públicas de Minas Gerais, apresenta algumas importantes passagens relativas à obra e à vida de Vinicius de Moraes (1913-1980) e Mário de Andrade (1893-1945). A exposição, com reproduções de fotos, pinturas, poemas, canções e trechos de cartas, contém textos dos arquivos pessoais dos autores e é fruto de pesquisas de mestrado e de doutorado empreendidas pelo curador da mostra.
Em 2013, comemoram-se os cem anos de nascimento de Vinicius de Moraes e os cento e dez anos de nascimento de Mário de Andrade. Apesar de existirem, entre os poetas, diferenças estético-literárias e de geração, percebe-se significativas ressonâncias entre suas produções. Em entrevista, Vinicius revela-se herdeiro de Mário de Andrade, em relação ao interesse pela cultura musical do Brasil. Os dois chegaram a planejar a escrita de uma enciclopédia sobre o samba carioca. Mário e Vinicius foram criadores bastante envolvidos com o seu tempo histórico, apaixonaram-se pela grande arte, pela cultura afro-brasileira, pelas pequenas coisas do dia-a-dia. O forte interesse pela literatura e pela música, o foco nas amizades, nas criações coletivas, a sensualidade presente nos versos, a percepção da vida como dispêndio, como doação, são traços marcantes dos autores.
No dia 1º de agosto, encerrando esse bloco, o Artista em Foco Roniere Menezes fala sobre a curadoria da exposição e também da ideia geradora do livro O traço, a letra e a bossa: literatura e diplomacia em Cabral, Rosa e Vinicius, escrito por ele e publicado pela Ed. UFMG, em 2011. Depois, conversa sobre a relação de Vinicius de Moraes com a música popular e a cultura afro-brasileira. Serão convidados ao palco o violonista Rogério Leonel e a cantora Lígia Jacques. A dupla interpretará músicas compostas por Vinicius – em parceria com Tom Jobim, Pixinguinha, Chico Buarque, Baden Powell, entre outros. Roniere Menezes declamará poesias e fará comentários sobre as canções apresentadas.
De 26 a 28 de agosto, o professor Eduardo Morettin, da Universidade de São Paulo (USP), vai abordar a obra do mineiro Humberto Mauro (1897 – 1983). Será examinado, em um primeiro momento, o período de formação em Cataguases, em que realizou filmes como Sangue Mineiro (1930), e a sua consolidação no Rio de Janeiro a partir das produções na Cinédia, em especial Ganga Bruta (1933), e na Brasil Vita Films, com destaque para Argila (1940). A segunda aula abordará o seu vínculo com o Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE), criado em 1936, pelo governo Getúlio Vargas. O olhar será dirigido aos filmes feitos durante o Estado Novo, trazendo para o debate também O Descobrimento do Brasil, (1937), dirigido por Mauro, produzido pelo Instituto de Cacau da Bahia e com trilha sonora de Heitor Villa-Lobos, feita especialmente para o filme. Por fim, a última aula terá como eixo a produção posterior, tanto a feita dentro do INCE, com destaque para a série Brasilianas (1945 a 1956) e A Velha a Fiar (1964), bem como aquele que seria o seu último filme de longa-metragem, O Canto da Saudade (1952), em Volta Grande.
Para ilustrar esse segundo ciclo de debates, o professor, diretor de cinema e roteirista Ataídes Braga apresenta O cinema como cachoeira. A intervenção artística se dará com fragmentos de filmes e documentários sobre Humberto Mauro, mostrando a importância de sua cinematografia e as influências em diferentes diretores com foco em uma certa “mineiridade” do olhar. Pretende-se utilizar música e imagens sobrepostas, numa perfomance visual e um registro documental como fluxo constante com os participantes.
No dia 29 de agosto, Ataídes Braga é o Artista em Foco, quando, então, ele fala sobre sua pesquisa acerca de Humberto Mauro.
De 23 a 25 de setembro, o professor Antonio Carrasqueira, da Universidade de São Paulo (USP), propõe a reflexão sobre o trabalho do grande músico Alfredo da Rocha Vianna Jr. – o Pixinguinha. Gravações em vídeo e áudio, bem como rodas de choro ao vivo, serão usadas para analisar a importância de uma das mais embelmáticas figuras da história da música no país.
Nesses três dias, O Regional Choro Nosso apresenta algumas obras do mestre do choro, Pixinguinha. A cada obra tocada, os músicos comentam sobre aspectos do gênero brasileiro, como forma, ritmo e fraseado, além de características da flauta, sua presença na história do choro e na trajetória de Pixinguinha.
No dia 26 de setembro, encerrando este bloco com o Artista em Foco, o Regional Choro Nosso fala com o público sobre sua trajetória de pesquisa e resgate do choro.
De 28 a 30 de outubro, o último ciclo do Arte em Foco 2013 é dedicado a Augusto Boal. O encontro, liderado pela professora Sílvia Balestreri, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), vai abordar modos de ativismo político no teatro do século XX e experiências artísticas e pedagógicas do diretor brasileiro Augusto Boal, para contextualizar, apresentar e discutir sua principal criação – o Teatro do Oprimido. Serão apresentadas inspirações e modalidades desse teatro, debatendo sua atualidade e relacionando-as a modos contemporâneos de ativismo. Teatro Jornal, Teatro Invisível, Teatro Imagem, Teatro Fórum, técnicas terapêuticas do Arco-Íris do Desejo e as propostas mais recentes da Estética do Oprimido de Boal serão revisitadas à luz de noções de poder que escapem às concepções sustentadas apenas pela contradição ou pelo modelo repressivo. Haverá demonstração de algumas técnicas, em coerência com a proposta do próprio Boal, que defendia a importância da experimentação com o corpo e através dos gestos, para além do discurso verbal.
Durante esse ciclo, os alunos da Oficina de Capacitação da ZAP 18 (Zona de Arte da Periferia) serão orientados pela diretora Cida Falabella e por Lucas Costa a coletarem da plateia temas ou histórias relacionados a opressões. A partir desses temas, uma cena será improvisada e discutida pelo fórum de maneira a alterar o ponto de vista criado pela cena modelo.
E, por fim, no dia 31 de outubro, os alunos da ZAP 18, Cida Falabella e Lucas Costa serão os Artistas em Foco. Eles falam para o público sobre as atividades desenvolvidas pelo grupo na periferia de Belo Horizonte, com enfoque na participação da comunidade e na pesquisa teatro versus realidade.
Programação
29 a 31/07
Literatura e Música
Vinicius de Moraes: vário e único
Prof. Eucanaã Ferraz (UFRJ)
Intervenção artística: No ritmo da poesia: música e amizade em Mário de Andrade e Vinicius de Moraes
Curadoria: Roniere Menezes
01/08
Artista em Foco
Roniere Menezes, Lígia Jacques (cantora) e Rogério Leonel (violonista)
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26 a 28/08
Cinema
Humberto Mauro: três momentos
Prof. Eduardo Morettin (USP)
Intervenção Artística: O cinema como cachoeira
29/08
Artista em Foco
Ataídes Braga
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23 a 25/09
Música
Pixinguinha, mestre fundamental da música brasileira
Prof. Antonio Carrasqueira (USP)
Intervenção Artística: Flautas Brasileiras: Pixinguinha
26/09
Artista em Foco
Regional Choro Nosso
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28 a 30/10
Teatro
Augusto Boal e modos de ativismo no Teatro do Oprimido
Profa. Sílvia Balestreri (UFRGS)
Intervenção Artística: A opressão se senta à mesa
31/10
Artista em Foco
Alunos da ZAP 18, Cida Falabella e Lucas Costa
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Serviço
Horário: 19h às 22h
Funarte MG
Rua Januária, 68. Floresta. BH/MG
Informações: (31) 3213.7112
Inscrições Gratuitas
Nome completo, breve currículo, telefone para contato
arteemfoco.funarte@gmail.com
Vagas Limitadas