O texto Pierrot, de Paschoal Carlos Magno, abre o Ciclo de leituras dramáticas da Funarte, na terça, 17 de setembro, às 18h30, na Sala Sidney Miller, no Rio. Organizada pelo Centro de Artes Cênicas, a série de leituras dramatizadas apresenta textos de teatro contemporâneo publicados pela Fundação Nacional de Artes nos últimos anos. A programação, até dezembro deste ano, é constituída por trabalhos de autores, premiados pela Instituição. As leituras serão sempre às terças-feiras, às 18h30, com entrada gratuita.
A proposta é do novo presidente da Funarte, Guti Fraga, que o diretor do Centro de Artes Cênicas, Antonio Gilberto, abraçou e que traz para os palcos da Fundação novos talentos da dramaturgia brasileira, revelados através do Prêmio Funarte de Dramaturgia que, de 2003 a 2005, premiou textos das cinco regiões do Brasil nas categorias Teatro Adulto e Teatro para Infância e a Juventude.
A Funarte convidou diretores e artistas, ligados aos movimentos culturais do Rio de Janeiro e de outros municípios, para a direção da dramatização de cada um dos textos selecionados. O projeto terá a participação de alunos de teatro de escolas técnicas e universidades e de jovens profissionais.
A primeira leitura será da peça Pierrot, escrita por Paschoal Carlos Magno, em 1930. A direção é de Antonio Gilberto, diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte (Ceacen) e a leitura caberá a servidores e colaboradores da própria Fundação. A escolha de Pierrot para abrir o Ciclo de leituras dramáticas é uma homenagem da Fundação Nacional de Artes ao seu autor, como explica Antonio Gilberto. “Paschoal Carlos Magno foi um grande incentivador do jovem nas artes cênicas, através de inúmeras atividades que empreendeu, ente as quais destacamos o Festival de Teatro do Estudante, que revelou grandes talentos do teatro brasileiro como Sérgio Cardoso e Sérgio Britto, entre muitos outros.”
Pierrot foi encenada pela Companhia Jaime Costa, no Teatro João Caetano, no Rio, em 1931, tendo na plateia o então presidente da República Getúlio Vargas. O sucesso da montagem projetou Paschoal Carlos Magno no cenário cultural e lhe rendeu o primeiro prêmio em teatro concedido pela Academia Brasileira de Letras.
O drama aborda o triângulo amoroso que envolve Jorge – o Pierrot, sua mulher Anna Maria e o amigo Paulo. Ambientado na sala da casa de Jorge, durante o carnaval, traz à tona segredos, traições e conflitos pessoais, num final que surpreende o espectador, dissonante do padrão moral para a época. No texto, o autor se utiliza de linguagem um pouco mais moderna, procurando se distanciar da dramaturgia do período que ainda seguia a estética teatral europeia.
A próxima peça do Ciclo de leituras dramáticas é O Santo Espantalho, de Carlos Alberto Bitencourt, no dia 24 de setembro.
Sobre Paschoal Carlos Magno
Ator, diretor, produtor, dramaturgo, crítico teatral, Paschoal Carlos Magno era carioca do Catete, bairro do Rio, onde nasceu em 13 de janeiro de 1906. Na adolescência, publicou três livros de poesias: Templos,Tempo que Passa e Chagas de Sol.
O primeiro romance, Drama da Alma e do Sangue (1926), recebeu da Academia Brasileira de Letras menção honrosa. Em 1930, a ABL lhe concedeu o primeiro prêmio teatral pela peça Pierrot.
Paschoal foi um empreendedor e um inovador. Fundou a Casa do Estudante do Brasil (1929), na cidade do Rio de Janeiro, para estudantes sem recursos, e o Teatro do Estudante do Brasil (TEB), em 1938, onde estreou Romeu e Julieta, de Shakespeare. Na peça, impôs a presença de diretor artístico; excluiu o ponto (profissional, que do proscênio, ‘assoprava’ falas aos atores em cena); valorizou o cenógrafo e o figurinista e introduziu a fala brasileira no palco, onde ainda imperava o sotaque lusitano. À frente do TEB, produziu inúmeros espetáculos, revelando atores, diretores, cenógrafos e figurinistas.
Foi crítico teatral do Jornal Democracia (1946), e depois do Correio da Manhã, onde escreveu até 1961. Em 1952, inaugurou em Santa Teresa, o Teatro Duse – hoje administrado pela Funarte –, que começou como teatro-laboratório. Foi organizador e diretor do I Festival Nacional de Teatro de Estudantes, em Recife (PE), em 1957, que teve mais seis edições, com participações de Sérgio Cardoso, Paulo Autran, Henriette Morineau e Cacilda Becker, entre outros talentos da cena brasileira.
Promoveu a “Caravana da Cultura”, com apoio do Ministério da Educação e Cultura (1964), que percorreu sete estados e o Distrito Federal, com toneladas de livros e discos, e mais de 274 espetáculos apresentados em praças, igrejas, escolas, orfanatos, asilos e colégios.
Paschoal foi também o idealizador da Aldeia de Arcozelo (1965), em Paty do Alferes (RJ), onde montou o anfiteatro Itália Fausta e o teatro Renato Viana. Morreu em maio de 1980, aos 74 anos.
Serviço:
‘Ciclo de leituras dramáticas’
Terça-feira, 17 de setembro, às 18h30
Abertura: Pierrot, de Paschoal Carlos Magno
Direção: Antonio Gilberto
Com funcionários da Funarte
Local: Sala Funarte Sidney Miller
Rua da Imprensa, 16 (Térreo do Palácio Gustavo Capanema)
Centro – Rio de Janeiro (RJ)
(21) 2279-8012
Entrada franca