Funarte abre a XX Bienal de Música Brasileira Contemporânea

Guti Fraga abre a Bienal, com Flávio Silva. Foto: Davy Alexandrisky

A Fundação Nacional de Artes – Funarte abriu a XX Bienal de Música Brasileira Contemporânea, no dia 27 de setembro de 2013, às 19h, na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no bairro da Lapa, na capital fluminense. O naipe de cordas da Orquestra Sinfônica da UFRJ (Osufrj) realizou o concerto de abertura, regida por Cláudio Cruz – regente titular da Orquestra Jovem do Estado de São Paulo (Ojesp) e “spalla” da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp).

A estreia mundial das primeiras obras da programação foi presenciada por cerca de 300 pessoas. Entre elas, muitas personalidades de instituições e do meio musical como o maestro Ricardo Tacuchian; o compositor Edino Krieger (criador das bienais); Valéria Peixoto, assessora técnica da Academia Brasileira de Música; maestro André Cardoso, diretor da Escola de Música da UFRJ, entre outros regentes, musicólogos e professores. Representando a Funarte, estiveram presentes o presidente da instituição, Guti Fraga; a diretora executiva, Myriam Lewin; o coordenador de música erudita do Centro da Música, Flávio Silva (organizador das bienais, juntamente com Maria José Queiroz, gerente da coordenação); o diretor do Centro de Artes Cênicas, Antonio Gilberto; a coordenadora de comunicação, Camilla Pereira; entre outros coordenadores e servidores da Fundação.

Guti Fraga, presidente da Funarte faz a abertura da Bienal

O presidente da Funarte abriu o evento. “Agradeço a artistas, técnicos, funcionários, produtores, criadores, instituições e a todos e todas que colaboraram para a realização desta Bienal. Compartilho aqui o orgulho pelo esforço e aperfeiçoamento contínuo do projeto, que, desde 1981, quando passou a ser realizado pela Funarte, vem se tornando mais democrático e consequente em seus propósitos. A contínua realização do evento tem estimulado a criação e a interpretação de obras novas, além de ser fórum importante para o encontro de intérpretes e criadores de todo o Brasil – e que, sem ele, dificilmente teriam essa chance. Destacamos um diferencial desta edição: a difusão dos concertos pela internet e sua divulgação para instituições musicais de todo o mundo, com textos bilingues. Isso permite ampla visibilidade para nossa cultura musical contemporânea, rompendo qualquer barreira para apreciação dessas obras”.

O maestro Lutero Rodrigues, regente da orquestra da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) percebe que tem havido progresso significativo nas bienais da Funarte. “Sobretudo por causa da iniciativa de encomendar as obras e do próprio pagamento por elas. A composição erudita no Brasil vive em dificuldades financeiras. A música ‘de elite’ aqui é a popular. Alguns dos seus compositores chegam a ganhar muito bem, enquanto os autores de erudita precisam ter atividades remuneradas fora da música. A encomenda e a remuneração enobreceram a Bienal. O compositor se sente muito respeitado, ao participar dela e, agora, o evento caminha para um futuro promissor”, destaca.

O maestro lembra que a Bienal contribui para a difusão da música de concerto. “Esta ação é fundamental. O Brasil conhece muito pouco sua música erudita do passado e nada da produção atual. Neste ponto, o evento presta um serviço de enorme importância. A Bienal revela compositores e obras que, sem ela, permaneceriam desconhecidos do público. Além disso, o evento abre horizontes para o ensino musical, que, no Brasil, é dirigido para os padrões europeus, até hoje – métodos e instrumentos da tradição europeia, da música tonal. Este tipo de educação cada vez mais reproduz o que sempre se fez, há séculos. Mesmo não dirigidas a ensino, as bienais quebram essa tendência e provocam reflexões. Entre elas, a de que nossa educação musical poderia ser conduzida para outra direção”, propõe Lutero Rodrigues.

Flávio Silva ressaltou que é um esforço grande organizar as bienais mas que se sente recompensado, ao ver o público encher o Salão. “A Funarte inteira se empenhou nesta Bienal, num trabalho de equipe. Agradecemos também à Escola de Música da UFRJ, que acolheu a programação. Cabe citar, ainda, o nome do criador da iniciativa, Edino Krieger, aqui presente”, lembrou o musicólogo. Edino se considera premiado pela permanência e expansão de seu projeto: “É raro neste país, ver uma ideia que tenha continuidade, mais ainda na área cultural. Mas, para minha surpresa e felicidade, chegamos à vigésima edição desta iniciativa, já reconhecida como permanente. Ela já é considerada evento indispensável para a música. Isso graças a pessoas que estão sempre à frente desse movimento e, também, à Funarte, que realmente assumiu o compromisso com ele. As bienais contribuíram muito para o ensino da composição no Brasil. Antes, ele estava concentrado no Rio de Janeiro, em São Paulo e na Bahia. Agora está em todo o país, em centros de produção musical”, conclui o compositor.

Foram apresentadas na abertura as obras encomendadas: Quê que a gente faz; Concertino para violão, orquestra de cordas e sons pré-gravados, de Jorge Antunes (violão: Alvaro Henrique; difusão: Rodrigo Cicchelli Velloso); Sortilégios, de Marcos Lucas (violoncelo Hugo Pilger); e Bahia concerto 2012, de Paulo Costa Lima (piano Aleyson Scopel); além das concursadas: Japiim nº 7, de Carlos dos Santos (flauta: Antônio Carlos Carrasqueira); A Estrada do Rio Morto, de Mario Ferraro; e Impropérios harmônicos em palavras afáveis, de Matheus Bitondi. As peças foram acompanhadas pelo naipe de cordas da Orquestra Sinfônica da UFRJ, sob a batuta de Cláudio Cruz.

Os concertos da XX Bienal serão realizados diariamente, até o dia 6 de outubro, também na Escola de Música UFRJ – exceto o de encerramento, que será no Theatro Municipal. O preço dos ingressos é R$ 2 e as vendas serão no local e data de cada concerto. Compositores de 13 estados apresentam, em estreia mundial, 72 peças inéditas, compostas especialmente para a programação. Entre essas obras, 33 venceram o Prêmio Funarte de Composição Clássica /2012. As outras 39 foram encomendadas pela instituição, diretamente a autores que já participaram de bienais. A partir de novembro, as imagens da Bienal de 2013 serão exibidas no “hotsite” do evento.

“Devemos agradecer também ao Centro da Música da Funarte. É graças à obstinação do Flávio e da Maria José que a Bienal prossegue, sem interrupções”, assinalou Myriam Lewin, Diretora Executiva da Fundação Nacional de Artes. O presidente da Casa, Guti Fraga comemorou: “Este é um momento muito importante para a música, tanto erudita como popular. A Bienal abre espaço para novas linguagens, que vão surgindo e se adequando à contemporaneidade. Vivemos um momento de transformação e, quanto mais abrirmos para o ecletismo musical, mais trilharemos esse caminho, que é atual. A Funarte está aí também para estimular essa diversidade. Estou muito feliz por isso”.

Edino Krieger, criador das bienais, e Flávio Silva, coordenador de música erudita da Funarte. Foto: S. Castellano

XX Bienal de Música Brasileira Contemporânea

De 27 de setembro a 6 de outubro de 2013

Realização: Fundação Nacional de Artes – Funarte/Centro da Música/ Coordenação de Música Erudita
Ministério da Cultura
Apoio: Academia Brasileira de Música (ABM), Rádio MEC e do Centro Técnico Audiovisual/CTAv (MinC)

Local: Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Salão Leopoldo Miguez

Rua do Passeio, nº 98 – Centro – Rio de Janeiro (RJ)

Concerto de encerramento

6 de outubro de 2013, domingo, às 17h

Local: Theatro Municipal

Praça Floriano s/nº – Centro – Rio de Janeiro (RJ)

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