O Teatro do Oprimido revisitado na Funarte MG

Alunos da ZAP 18 | Foto: Lucas Costa

De 28 a 30 de outubro, a professora Sílvia Balestreri, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), vai falar sobre a experiência artística e pedagógica do diretor de teatro brasileiro Augusto Boal. O evento acontece na Funarte MG. Esse é o último ciclo de palestras que integra a V Edição do Projeto Cultural Arte em Foco. As inscrições, gratuitas, podem ser feitas, pelo email arteemfoco.funarte@gmail.com. As vagas são limitadas e os participantes que obtiverem frequência mínima de 75% serão certificados.

O encontro vai abordar modos de ativismo político no teatro do século XX, para contextualizar, apresentar e discutir sua principal criação – o Teatro do Oprimido, praticado por grupos espalhados em vários países nos cinco continentes. Serão apresentadas inspirações e modalidades desse teatro, debatendo sua atualidade e relacionando-as a modos contemporâneos de ativismo. Teatro Jornal, Teatro Invisível, Teatro Imagem, Teatro Fórum, técnicas terapêuticas do Arco-Íris do Desejo e as propostas mais recentes da Estética do Oprimido de Boal serão revisitadas à luz de noções de poder que escapem às concepções sustentadas apenas pela contradição ou pelo modelo repressivo. Haverá demonstração de algumas técnicas, em coerência com a proposta do próprio Boal, que defendia a importância da experimentação com o corpo e através dos gestos, para além do discurso verbal.

Durante esse ciclo de palestras, os participantes poderão conferir também a intervenção dos alunos do grupo de teatro mineiro ZAP 18, intitulada A opressão se senta à mesa. E, no dia 31 de outubro (quinta-feira), os diretores da ZAP 18 – Cida Falabella e Lucas Costa – conversam com o público sobre as atividades desenvolvidas pelo grupo na periferia de Belo Horizonte, com enfoque na participação da comunidade e na pesquisa teatro versus realidade.

28 a 30/10

Augusto Boal e modos de ativismo no Teatro do Oprimido
Profa. Sílvia Balestreri (UFRGS)

Silvia Balestreri é professora do Departamento de Arte Dramática e do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), do qual foi coordenadora no biênio 2011-2012. Trabalha com Teatro do Oprimido há mais de 25 anos, participou do Plano Piloto da Fábrica de Teatro Popular e foi co-fundadora do Centro de Teatro do Oprimido do Rio de Janeiro (CTO-Rio), ambos dirigidos por Augusto Boal. Doutora em Psicologia pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas da Subjetividade da PUC-SP, sua tese buscou modos de contaminação do Teatro do Oprimido por concepções contemporâneas da subjetividade e da arte. Entre 1995 e 2005, foi professora do Instituto de Psicologia no Departamento de Psicologia Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde coordenou diversos laboratórios de Teatro do Oprimido; atualmente é responsável, na graduação em Teatro da UFRGS, pelas disciplinas Teatro do Oprimido I e Teatro do Oprimido II, criadas a partir de suas experiências e pesquisas. No momento, coordena o projeto de pesquisa Teatro e Produção de Subjetividade: Exercícios Micropolíticos.

Intervenção

A opressão se senta à mesa
ZAP 18

Pelos alunos da oficina de capacitação da ZAP 18 (Zona de Arte da Periferia), e orientação de Cida Falabella e Lucas Costa, serão coletados da plateia temas ou histórias relacionados a opressões. A partir desses temas, uma cena será improvisada e discutida pelo fórum de maneira a alterar o ponto de vista criado pela cena modelo.

A Zona de Arte da Periferia – ZAP 18 além de um coletivo de artistas, é um espaço artístico e cultural que produz montagens teatrais e se dedica à formação de atores e educação de jovens por meio da arte.

O grupo desenvolve, desde 2002, o projeto ZAP Teatro Escola & Afins, que oferece oficinas de iniciação teatral para crianças e adolescentes e de capacitação para atores da periferia, além de receber diversos artistas para mostras, debates e trocas. Da sua produção artística constam “O Sonho de Uma Noite de Verão” de Shakespeare, “A menina e o Vento” de Maria Clara Machado, “Uma balada… Uma parábola”, baseado em Brecht, Baudelaire e Niezstche, “SuperZéroi”, infantil dirigido por Carlos Rocha.
A partir de 2004, iniciou a pesquisa sobre o teatro épico-diáletico de Bertolt Brecht, como instrumento de leitura da realidade utilizada em cena. Desses estudos, resultaram dois espetáculos: “Esta Noite Mãe Coragem”, contemplado com o Prêmio de Teatro Myriam Muniz da Funarte e “1961-2012”, (1961-2009) proposta que avança para o teatro documentário ao abordar cinco décadas de história do Brasil, e o projeto Teatro Imediato: Teatro x Realidade, que envolveu dois grupos do interior de Minas Gerais, resultando em intervenções urbanas e espetáculos que tratam da “teatralidade do real”. Do repertório, consta também o solo “O ano em que virei adulto”, inspirado no livro 1933 foi um ano ruim, do escritor ítalo-americano John Fante. Nesses 10 anos, o grupo vem se consolidando como referência na opção por um teatro político e engajado, circulando pelo interior de Minas Gerais e importantes eventos nacionais.
O grupo publica, desde 2009, o Caderno da ZAP, revista que já está na sua terceira.

Cida Falabella é atriz e diretora, mestre em Artes pela UFMG, uma das coordenadoras da ZAP 18 na qual desenvolve pesquisa sobre teatro e realidade, fundamentada nos princípios do teatro épico. Trabalhou na Usina de arte em Rio branco, Acre, coordenando o Curso de Teatro entre 2009 e 2010. Dirigiu destacados grupos mineiros como Luna Lunera, Invertido, Tudo era uma vez e Cócxix.

Lucas Costa é ator e professor de teatro formado pela UFMG, coordenador da oficina de iniciação teatral e professor da oficina de capacitação da ZAP 18.

31 de outubro, 19h às 22h
Artista em Foco

Alunos da ZAP 18, Cida Falabella e Lucas Costa falam para o público sobre as atividades desenvolvidas pelo grupo na periferia de Belo Horizonte, com enfoque na participação da comunidade e na pesquisa teatro versus realidade.

O projeto

Arte em Foco é um ciclo de reflexões sobre as artes, realizado pela representação da Funarte em Minas Gerais desde 2009. Para encaminhar os cursos são sempre convidados importantes professores e pesquisadores de diferentes universidades do país.

Contando sempre com intervenções artísticas, o projeto abre espaço para o artista convidado, que, além de ilustrar a palestra do professor, no último dia de cada ciclo fala com o público sobre o seu trabalho, sua trajetória e sua poética.

Serviço

Horário: 19h às 22h

Funarte MG
Rua Januária, 68. Floresta. BH/MG
Informações: (31) 3213.7112

Inscrições Gratuitas
Nome completo, breve currículo, telefone para contato.
arteemfoco.funarte@gmail.com
Vagas Limitadas

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