A paixão proibida em ‘Balada de amor no sertão’, na Sala Funarte, dia 8

A Fundação Nacional de Artes apresenta, no Ciclo de Leituras Dramáticas, o texto Balada de amor no sertão, de Cristina Mato Grosso (MS), no dia 8 de outubro, terça-feira, às 18h30, na Sala Funarte Sidney Miller – Centro do Rio de Janeiro. O texto foi contemplado com o Prêmio Funarte de Dramaturgia 2003 – Região Centro-Oeste. O diretor é Antonio Guedes, conhecido pelo trabalho na companhia Teatro do Pequeno Gesto e como ensaísta. A entrada é gratuita.

Em Balada de amor no sertão, a temática do amor impossível tem como foco a personagem Marininha, objeto de desejo de Pedro Palito, do Coronel João, seu patrão e padrinho, e do próprio pai. “No entanto, não há uma visão sublimada da relação amorosa, mas de sua exploração enquanto objeto de desejo erótico”, analisa a crítica Maria Adélia Menegazzo. No enredo, fundem-se as referências a amor e desejo, erotismo e um toque de tragédia, de forma crescente na trama. Revelar uma estrut ura social de dominação é proposta da narrativa, que aborda o incesto, como um de seus subtemas.

Sobre o diretor – Antonio de Souza Pinto Guedes, nasceu em Niterói (RJ), em 1963. Formou-se em Artes Cênicas – Direção Teatral, na UniRio e obteve Mestrado em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Como professor assistente da Escola de Belas Artes da UFRJ, fundou, em 1991, a companhia Teatro do Pequeno Gesto com a qual encenou 14 espetáculos e desenvolveu projeto de oficinas itinerantes, que passou por mais de 50 cidades de todo o País. Em 1998, criou , com Fátima Saadi, a revista de ensaios sobre teatro Folhetim, integrando o conselho editorial. No mesmo ano, recebeu duas indicações para o Prêmio Shell de Teatro (Direção e Trilha sonora) pelo espetáculo A Serpente, de Nelson Rodrigues. Como ensaísta, além dos artigos publicados na revista, escreveu Sobre Tragédia… Afinal, são Tragédias!, apresentação do Volume 4 das Obras completas de Nelson Rodrigues, e A Precisão das Falas e a Concretude Cênica em “A serpente”, fruto de palestra no Festival Recife do Teatro Nacional (PE).

Na Cia. do Pequeno Gesto, os últimos trabalhos de Antonio Guedes como diretor foram Medeia, de Eurípides; Navalha na Carne, de Plínio Marcos; Vestir os Nus, de Pirandello; e Valsa nº 6, de Nelson Rodrigues. Fora da Companhia, dirigiu, recentemente, Open House, de Daniel Veronese, A Confissão de Leontina, de Lygia Fagundes Teles; e O Animal do Tempo, de Valère Novarina, com Ana Kfouri.

Sobre a autora – Maria Cristina Moreira Oliveira – nome artístico: Cristina Mato Grosso – é atriz, dramaturga e diretora teatral do Grupo Teatral Amador Campo-Grandense (Gutac)/ Instituto de Educação e Cultura (Inecon) em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Grad uada em Letras, ministrou aulas em universidades e é doutoranda em Teatro, na Escola de Comunicação e Artes (ECA)/USP. Juntamente com Américo Calheiros, foi sustentáculo do movimento teatral naquele estado. Trabalhou com projetos teatrais direcionados à educação pública e passou a fazer parte do Gutac. Surgido em 1971, o coletivo se distingue pelo chamado “teatro de resistência”, em luta contra a falta de liberdade de expressão, nos anos da ditadura militar, quando sofreu forte censura. O Grupo realizou festivais estudantis estaduais de teatro, tendo obtido o reconhecimento da comunidade – o que se refletiu na conquista de vários prêmios. O Gutac inaugurou, ainda, o Teatros Glauce Rocha, hoje da Funarte (1971) e o Teatro Aracy Balabanian (1989), além de ter realizado projetos significativos, ligados a escolas públicas.

Entre as peças de Cristina censuradas durante a ditadura estão Contramão e Foi no Belo Sul Mato Grosso – considerado por muitos um divisor de águas no teatro da região. Também se destacam: Vila Paraíso, Bom dia (1980); Pedro Palito e o Monstro Devorador (1984) – que retrata manifestações de organização coletiva; e Tia Eva (1986) – Prêmio Pesquisa de Linguagem Cênica no Festival Nacional de Teatro Infantil de São José do Rio Preto (SP); entre outros textos premiados. Algumas marcas da autora são: destaque para questões do cotidiano; identificação c om a cultura regional, temas, linguagem, cenários, música, personagens, entre outros elementos; o compromisso com as lutas sociais – engajamento e ativismo; o trânsito no limite entre o “fantástico verossímil” e o mundo concreto – especialmente em Balada de amor no sertão. Suas obras receberam inúmeros comentários de reconhecimento de críticos, jornais importantes, além de acadêmicos, artistas, e encenadores.

Sobre o Ciclo de Leituras Dramáticas – A ideia de levar aos palcos textos da dramaturgia brasileira contemporânea premiados pela Funarte partiu do novo presidente da instituição, Guti Fraga. As peças que integram a programação foram vencedoras do Prêmio Funar te de Dramaturgia, nas edições entre 2003 e 2005. As leituras são apresentadas sempre às terças-feiras, às 18h30, na Sala Funarte Sidney Miller, com entrada gratuita. A programação vai até dezembro.

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Ciclo de Leituras Dramáticas da Funarte

8 de outubro, terça-feira, às 18h30

Balada do amor no Sertão

De Cristina Mato Grosso (MS)

Direção: Antonio Guedes

Elenco: alunos de escolas de arte dramática e jovens profissionais

Texto premiado no Edital do Prêmio Funarte de Dramaturgia 2003 – Teatro Adulto – Região Centro-Oeste

Sala Funarte Sidney Miller
Rua da Imprensa, 16 – Térreo – Palácio Gustavo Capanema

Centro – Rio de Janeiro (RJ)

(21) 2279 8012

Entrada gratuita

Mais informações: ceacen@funarte.gov.br