A Cia de Dança Contemporânea da UFRJ apresenta Ìyá Omi, no dia 24 de novembro, às 19h, no Teatro Cacilda Becker, no Rio, coreografia que mergulha no universo mítico do orixá Yemanjá, a deusa das águas salgadas. O espetáculo é um dos quatro que o projeto de ocupação Conexão Cacilda traz para o teatro da Funarte, neste mês de comemoração da Consciência Negra. O primeiro desta série foi Bakô – A Outra Margem, com Luciane Ramos, apresentado nos dias 8 e 9 de novembro, seguido do espetáculo coreográfico Cata-dores, com Elisio Pitta. A programação oferece também quatro oficinas. O Conexão Cacilda e o projeto OcupaDança apresentaram a palestra Memória da dança, no dia 7, que foi transmitida, ao vivo, pela internet. A programação de novembro se completa, ainda, com os espetáculos: Tempo / Nascimento, com a Cia Rubens Barbot; Definitivo é o fim e Jam Session Dança e Música, com a Rui Moreira Cia de Danças, sendo esta última – um tributo ao ator e diretor de cinema Zózimo Bulbul, falecido em janeiro deste ano –, em parceria com Makala Música e Dança.
Ancorada na riqueza mítica do Orixá Iemanjá, a encenação Ìyá Omi oferece ao espectador, de maneira variada e poética, uma visita à Deusa Mãe das Águas e ao seu universo mítico. E mostra que Iemanjá, como ser Água virtual, agrega dois aspectos: o da manifestação formal e o da dissolução das formas que representa a morte e o renascimento, provocando uma regeneração. O objetivo na cena é deslocar a experiência do espectador para a percepção de imagens fluídas, excitadas por transformações contínuas dos movimentos e gestos, possibilitando que ele sinta e crie suas significações sobre o que vê.
Bakô, palavra da língua bambara (África do Oeste), é um solo que tem a memória, enquanto recriação do vivido, como impulso do processo criativo. O universo das danças de matrizes afrodiaspóricas é a referência técnica e simbólica fundamental na trajetória de fluências e encruzilhadas do corpo negro, que cria e recria mundos na urbanidade contemporânea.
A bailarina Luciane Ramos também vai ministrar, no dia 9, a oficina Ondulando Eixos, dirigida a artistas da cena, educadores, pesquisadores de dança e outros interessados. A aula vai investigar quantas Áfricas existem no corpo brasileiro e qual o valor dos saberes técnicos e simbólicos legados pelas matrizes afrodiaspóricas.
No dia 7 de novembro, será realizada a Oficina de Dança Afro, com Charles Nelson. A aula gratuita vai abordar aspectos da dança afro-brasileira como movimentos e ritmos do folclore brasileiro, incluindo a dança dos orixás.
Nos dias 8 e 9, logo após o solo Bakô, será apresentado o espetáculo Cata-Dores, com Elísio Pitta. Com duração de vinte e cinco minutos, a coreografia retrata de forma lúdica o cotidiano, a labuta e as dores dos catadores de material reciclável, que fazem dessa atividade sua subsistência e de seus familiares. A partir do olhar crítico de seu intérprete-criador, a linguagem artística trata de uma questão social e leva o espectador a analisar suas atitudes pessoais e coletivas no trato do meio ambiente em que vive. Cata-Dores mostra a importância das linguagens artísticas na apresentação de questões sociais de grande relevância, contribuindo para a formação do cidadão consciente do seu papel na sociedade e em benefício do planeta.
No dia 7 de novembro, haverá a palestra Memória da dança, com a bailarina e coreógrafa Maria Alice Poppe, que será transmitida, ao vivo, pela internet no site http://mapadadanca.coletivoecoar.org. A iniciativa pertence ao projeto educativo OcupaDança, da Ecoar – Educando com Arte, em parceria com o Conexão Cacilda e integra o Mapa da Dança do Rio de Janeiro. O objetivo geral do projeto é implantar um site de mapeamento a partir da tecnologia do Google Maps. O mapeamento indica, através de georreferenciamento, os locais relacionados à cadeia produtiva da dança na cidade do Rio de Janeiro. O site também tem outras duas principais ferramentas. O OcupaDança é uma página dedicada ao projeto educativo associado ao mapeamento: a ideia é realizar ações educativas (vídeo-aulas, palestras, workshops, transmissão ao vivo de apresentações de dança), através de video streaming, entre as instituições e artistas independentes georreferenciados no mapa com o público/internauta geral interessado em dança.
Sobre os Palestrantes:
Flavia Meireles é artista, pesquisadora e professora, mestranda em Artes Visuais na EBA/UFRJ; estudou Economia (IE/UFRJ) e dança na Faculdade Angel Vianna. Desenvolve seus projetos em Arte desde 1997. Escreve e publica artigos sobre dança. Atua como artista e pesquisadora, produzindo trabalhos artísticos, lecionando em dança e como curadora em eventos. Leciona na Faculdade e Escola Angel Vianna e produziu os eventos “Uma noite com Yvonne Rainer e amigos” (2009); ABI PENSA A DANÇA (2011); Práticas do comum (2011) e Ciclo de Encontros: a Dança Carioca no Centro Coreográfico do Rio de Janeiro (2012). Como pesquisadora em dança, atualmente coordena o projeto “Temas de dança” (Fundo e Apoio à Dança 2011).
Maria Alice Poppe é bailarina e professora, formada em balé clássico e graduada em Licenciatura Plena em Dança pela Faculdade Angel Vianna. Juntamente com o coreógrafo Paulo Caldas, fundou a Staccato Dança Contemporânea onde, desde 1993, apresentou-se em inúmeros festivais no Brasil e no exterior. Em 1995, recebeu o prêmio de melhor execução na Mostra para Novos Coreógrafos (RioArte); recebeu os prêmios RioDança (RioArte 1998) e Mambembe (Funarte/Minc 1998) como melhor bailarina pelo espetáculo “LightMotiv”, dirigido por Paulo Caldas. Em 2003, participou como bailarina convidada do espetáculo “Tempo de Valsa, Moderado com Elegância” dirigido por Márcia Rubim, estreado no CCBB, e participou na concepção coreográfica e como intérprete no espetáculo Tão Sertão do músico Tato Taborda. Em 2006, estreou o solo Tempo Liquido, coreografado por Mauricio de Oliveira nos Solos de Dança do Sesc, apresentado também em festivais no Brasil e no exterior. Em 2006, ganhou o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna com o projeto de pesquisa A Tempo e em 2007, para a produção do mesmo espetáculo, que estreeou no final de 2007, no Espaço Sesc com coreografia de Alexandre Franco e direção geral de Tato Taborda. Em 2010, estreou no Sesc Copacabana 3 Mulheres e um Café: uma conferência dançada com o pensamento em Pina Bausch, trabalho em colaboração com Thereza Rocha e que foi contemplado com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2008. Em outubro, estreou Qualquer coisa a gente muda, parceria com Angel Vianna e direção e coreografia de João Saldanha, no FID (Forum Internacional de Dança em BH). Foi professora da Faculdade Angel Vianna e hoje dá aulas no Curso de Dança da UFRJ de técnica de dança e composição coreográfica.
Programação:
ESPETÁCULOS
. Bakô – A Outra Margem
Com Luciane Ramos
Dias 8 e 9 de novembro, às 20h (sexta e sábado)
Duração: 20 min
Classificação Indicativa: Livre
. Cata-dores
Com Elísio Pitta
Dias 8 e 9 de novembro, às 20h30 (sexta e sábado)
* após o espetáculo Bakô
Duração: 25 min
Classificação Indicativa: Livre
Ingressos: R$20 (inteira) e R$10 (meia)
. Tempo / Nascimento
Com a Cia Rubens Barbot
Primeira Parte: Tempo (Iroko – Loko) – Estudo coreográfico L1
Segunda parte: Nascimento – Estudo coreográfico R61 sobre um poema de Conceição Evaristo
Dias: 15, 16 e 17 de novembro, às 20h (sexta e sábado) e 19:00h (domingo)
Duração: 60 min
Classificação Indicativa: Livre
Ingressos: R$20 (inteira) e R$10 (meia)
. Jam Session Dança e Música
Com Rui Moreira Cia de Danças e Makala Música e Dança
Tributo a Zózimo Bulbul – “Alma no Olho”
Quinta, 21 de novembro, às 20h
Classificação Indicativa: Livre
Ingressos: R$20 (inteira) e R$10 (meia)
. Definitivo é o fim
Com Rui Moreira Cia de Danças
Dias 22 e 23 de novembro, às 20h (sexta e sábado)
Duração: 40 min
Classificação Indicativa: Livre
Ingressos: R$20 (inteira) e R$10 (meia)
. Ìyá Omi
Com a Cia de Dança Contemporânea da UFRJ
Dia 24 de novembro, às 19h (domingo)
Duração: 70 min
Classificação Indicativa: Livre
Ingressos: R$20 (inteira) e R$10 (meia)
OFICINAS
. Oficina de Dança Afro
Com Charles Nelson
Quinta-feira, 7 de novembro, das 15h às 17h
Duração: 120 minutos
Público-Alvo: interessados em dança afro
. Ondulando eixos
Com Luciane Ramos
Sábado, 9 de novembro, das 10 às 12h
Duração: 120 minutos
Público-Alvo: Artistas da cena, educadores, pesquisadores de dança e interessados em geral
.Oficna com Cia Rubens Barbot
Quinta-feira, 14 de novembro, às 15h
Público-Alvo: Artistas da cena, educadores, pesquisadores de dança e interessados em geral
. Si ocê Quizé vem – Sensibilização para Dança.
Com Rui Moreira Cia de Danças
Quarta-feira, 20 de novembro, das 15h às 17h
Duração: 120 minutos
Público-Alvo: Pessoas com idade a partir de 15 anos (Os participantes deverão estar vestidos com roupas leves e confortáveis.)
Inscrições para as oficinas: www.conexaocacilda.com/oficinas
Grátis
Teatro Cacilda Becker
Rua do Catete, 338 – Catete
Rio de Janeiro (RJ)
(21) 2265 9933