Leitura dramática ‘De Braços Cruzados’ é apresentada na Sala Funarte, Rio

Com um elenco formado por atores de grupos teatrais de Paty do Alferes (RJ) e sob a direção de Marcelo Basbus Mourão, a peça De Braços Cruzados foi interpretada na noite desta terça-feira (10), na Sala Funarte Sidney Miller, no Rio. O texto de Emmanuel Nogueira foi contemplado com o Prêmio Funarte de Dramaturgia 2005 – Região Nordeste, na categoria Adulto e integra a programação do Ciclo de Leituras Dramáticas da Funarte, realizado todas as terças-feiras, às 18h30, com entrada gratuita.

Além deste prêmio, a montagem também recebeu o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz, na categoria Montagem/2006; e no Edital das Artes/2006 da Fundação de Cultura, Esporte e Turismo de Fortaleza (Funcet), na área de Teatro, categoria montagem/ 2006.

Os atores Fabiano Vital, Patrick Cadinelli, Silvana Triches e Nathália Breschnik vivenciaram a trajetória dos cangaceiros Febrônio e Indalécio, últimos remanescentes do bando de Lampião. Na trama, durante a madrugada, sentem-se cercados por uma volante. Por outro lado, os dois guardam grande sentimento amizade, silenciado ao longo dos anos. Antes que o dia amanheça, terão que enfrentar a ameaça dos rumores externos e as vozes internas que não querem mais calar. O texto busca fugir dos estigmas e dos preconceitos que forjaram e sedimentaram uma forma de representação do ser nordestino.

O músico Henrique Lima embalou o público com as composições Os Sertões, de Edeor de Paula (samba enredo da Escola de Samba Em Cima da Hora/ 1976) e as Bachianas, de Villa Lobos, executadas ao vivo e com arranjos preparados especialmente para a leitura.

Segundo o diretor da peça, Marcelo Basbus Mourão, que é também secretário de Cultura de Paty do Alferes, região serrana do Rio de Janeiro, o Ciclo de Leituras proposto pelo presidente da Funarte, Gutti Fraga, possibilita uma discussão dos estilos e da forma de representar ao reunir diversos diretores com suas experiências nas artes cênicas. ‘Para a leitura mergulhei no universo do cangaço. Busquei rapidamente referências à vida de Lampião e Maria Bonita, tudo, num ritmo pedido pelo trabalho, já que o maior desafio era o tempo. Emmanuel Nogueira pega a gente de surpresa em seu texto, assim como a volante pegou de surpresa o bando de Lampião. Aos poucos, a sensibilidade do autor vai desenhando no texto uma força tão grande, que somos obrigados a mergulhar neste universo tão duro, tão sofrido da gente do nordeste, da gente do sertão, sentimentos suavizados pela poesia da cena da concha do mar. Esta força dramatúrgica, que conduziu o autor ao prêmio de melhor texto, está pontuada a cada fala, a cada gesto de Febrônio e Indalécio, os dois personagens’, ressalta o diretor.

Para melhor marcar a ação, o diretor introduziu um terceiro personagem à peça de Emmanuel Nogueira. “O texto é tão forte e tão lindo que as rubricas fizeram com que surgisse um terceiro personagem interpretado por Silvana Triches que é a Narradora. Febrônio e Indalécio lutam em cena pela sobrevivência e pela fuga das volantes, enquanto todos nós artistas conseguimos atravessar fronteiras de nosso local de trabalho para participar desta iniciativa tão boa que é o Ciclo de Leituras’ conta, emocionado, Marcelo. Conquistado pelo texto premiado pela Funarte, Mourão declarou que já pensa em montar De Braços Cruzados, em Paty do Alferes, na Aldeia de Arcozelo, espaço administrado pela Funarte.

Além do público que prestigiou a leitura, compareceram ao evento: o diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte, Antonio Gilberto, a coordenadora de Comunicação, Camilla Pereira, funcionários e colaboradores da instituição.

Sobre o Ciclo de Leituras Dramáticas:
A ideia de levar aos palcos textos da dramaturgia brasileira contemporânea premiados pela Funarte partiu do novo presidente da Instituição, Guti Fraga. As peças que integram a programação foram vencedoras do Prêmio Funarte de Dramaturgia, nas edições entre 2003 e 2005. As leituras são apresentadas sempre às terças-feiras, às 18h30, na Sala Funarte Sidney Miller, com entrada franca. A programação prossegue até dezembro.

Realização: Fundação Nacional de Artes – Funarte/ Centro de Artes Cênicas
Mais informações para o público: ceacen@funarte.gov.br