Na Cia das Meninas traz espetáculo ‘Ser outra’ à Sala Renée Gumiel (SP)

'Ser outra', até 23 de fevereiro na Funarte SP. Foto: Murillo Basso

A Na Companhia das Meninas abre sábado, 1º de fevereiro de 2014, na Sala Renée Gumiel do Complexo Cultural Funarte São Paulo, nova temporada do espetáculo Ser outra, com as bailarinas Ana Paula Lopez e Patrícia Jaia Paty Jaia. A composição é fruto de uma extensa pesquisa, tanto teórica como de campo, realizada ao longo de três anos pelas duas artistas. Seu tema: o universo feminino na contemporaneidade.

Ao questionar o paradigma de um modelo ideal feminino, Ser outra convida o público a conferir a visão que a sociedade atual impõe a cada um. De acordo com Ana Paula e Patrícia, se através dos tempos a mulher foi sempre oprimida por ideais de beleza ligados ao sofrimento, no século XXI a “violenta midiatização do corpo feminino” torna essa opressão “tenebrosa e mórbida”. “Envelhecer é proibido. Ser natural, ser você mesma, é estar fora. Mas fora do quê? De onde? Da aceitação do objeto-referência”, analisam elas.

Inspirada na poesia Sonetos que não são, de Hilda Hilst, e na pintora mexicana Frida Kahlo, a coreografia explora as interfaces da dança com as linguagens do teatro, da literatura e das artes plásticas para levar aos mais diferentes tipos de público toda a complexidade do tema proposto. Já as referências que dão base ao tema do espetáculo englobam pensadores como Simone de Beauvoir, Clarice Lispector e Lia Ribeiro, além de experiências individuais das artistas e vivências em delegacias da mulher e no grupo de autoajuda Mada – Mulheres que amam demais.

Uma última e importante referência, entretanto, ficou por conta do acaso: durante o processo de pesquisa, as duas intérpretes-criadoras se depararam, mais de uma vez, com a mesma imagem urbana: cadeiras velhas, destroçadas, atiradas na calçada. Para elas, a relação com o corpo feminino foi inevitável. “A mulher é um objeto sexual, e sabemos que quando um objeto fica velho ele perde o seu valor.” Ao mesmo tempo, “a cadeira é um objeto doméstico, passivo – como é a atitude esperada de uma mulher nas sociedades tradicionais”, comparam.

Assim, entra em cena no espetáculo uma terceira personagem – uma cadeira velha , metáfora para a visão social da condição feminina. E o enredo se desenrola a partir do encontro, nos escombros do sótão do inconsciente feminino, entre esta cadeira, uma mulher e seu avesso.


Espetáculo de dança contemporânea Ser outra 
De 1 a 23 de fevereiro | Sábados às 20h; domingos às 19h

Criadoras-intérpretes: Ana Paula Lopez e Patrícia Jaya | Orientação: Wesley D’Alessandro e Prem Mukti Mayi | Poesia: Hilda Hilst | Iluminação: Lucas Brandão e Roberto Setton | Figurinos: Mahalakshmi Store | Fotos: Murillo Basso | Participação especial: Luciana Cacioli | Assistente de iluminação: Luisa Cunha | Edição de trilha sonora: Marcio Garcia | Arte gráfica: Angela Ribeiro | Produção: Na companhia das meninas
Duração: 40min | Recomendação etária: 14 anos
Ingressos: R$20 (meia: R$10)

Sala Renée Gumiel do Complexo Cultural Funarte São Paulo. Alameda Nothmann, 1058, Campos Elíseos. Tel. (11) 3662-5177. A bilheteria abre uma hora antes do início do espetáculo – um ingresso por pessoa. Pagamentos apenas em cheque ou dinheiro.

Saiba mais aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *