Mostra de Bruno Moreschi questiona sistema de legitimação da arte (SP)

'Art Book': 300 obras de artistas fictícios. Foto: Bruno Moreschi

O artista paranaense radicado em São Paulo (SP), Bruno Moreschi, expõe na Galeria Mario Schenberg do Complexo Cultural Funarte SP sua primeira mostra individual, Sem título – técnica mista, dimensões variáveis. A exposição, contemplada com o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2013, tem curadoria de Paulo Miyada e apresenta quatro séries de trabalhos que fazem refletir sobre questões como originalidade, autenticidade, cópia, autoria e mercado.

A exposição tem como ponto central a série Art Book, em que Bruno Moreschi criou uma luxuosa enciclopédia trilingue com biografias, reproduções, comentários e textos de curadores sobre 50 artistas internacionais e suas mais de 300 obras, tudo num plano inteiramente ficcional. O trabalho, que levou mais de três anos para ser concluído, fez parte do curso de mestrado do autor na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sob orientação da prof. Lygia Arcuri Eluf.

A partir da proposta do Art Book, o curador Paulo Myiada fez da exposição em cartaz na Funarte uma espécie de coletiva de artistas, em que Bruno Moreschi é o convidado e apresenta novas séries de trabalhos. Uma delas é a instalação Bruno Moreschi, autor de Pierre Menard, autor do ‘Quixote’, baseada no conto Pierre Menard, autor do ‘Quixote’, de Jorge Luis Borges (1899-1986). No texto de Borges, um suposto crítico-narrador analisa e dá preferência a uma versão inacabada do D. Quixote (Miguel de Cervantes, 1547-1616), feita por Pierre Menard no século 20 mas verbalmente idêntica à obra original. Assim como o de Borges, o trabalho de Bruno Moreschi traz à tona questões como reescrita, cópia, plágio e autoria. O artista refaz a mão, com nanquim, o conto de Borges, e o coloca numa instalação com pequenos bancos para que as pessoas subam e analisem de perto página por página.

Com a parceria de Camila Regis, Bruno Moreschi também localizou os únicos 15 desenhistas da polícia que ainda fazem retratos falados a mão no Brasil. Camila foi ao encontro desses profissionais nas mais diversas cidades brasileiras e descreveu para eles, com um mesmo discurso, o rosto de Bruno Moreschi. O resultado integra outra série da exposição: Procura-se.

Já para a série Pedras, o artista paranaense convidou oito fotógrafos especializados no registro de obras de arte para fotografarem um mesmo objeto – uma pedra. Cria-se, assim, um jogo de comparação que discute a fotografia da obra de arte e mostra como, “na maioria das vezes, estudamos arte não a partir da obra, mas mas a partir de seu registro fotográfico”, pondera Moreschi

Dia 5 de abril de 2014, sábado, haverá o lançamento de um catálogo com textos de Paulo Miyada, Victor da Rosa, Camila Regis e Bruno Moreschi, seguido de mesa-redonda com artistas, curadores e críticos que já trabalharam questões relacionadas à autoria no campo das artes visuais: Ricardo Resende, Marilá Dardot, Matheus Rocha Pitta, Victor Rosa e Bruno Moreschi.

Exposição: Sem Título – Técnica Mista, Dimensões Variáveis
De 16 de março a 16 de abril | De segunda a quinta, das 10h às 18h; de sexta a domingo, das 15h às 21h

Com: Bruno Moreschi
Gratuita

Mesa-redonda e lançamento de catálogo
Dia 5 de abril | Sábado, 14h

Com: Ricardo Resende, Marilá Dardot, Matheus Rocha Pitta, Victor Rosa e Bruno Moreschi
Entrada franca

Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2013
Complexo Cultural Funarte São Paulo. Galeria Mario Schenberg. Al. Nothmann, 1.058, Campos Elíseos. Tel. (11) 3662-5177

Fonte: Bruno Moreschi

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *