Cia. Os Satyros promove Vigília pela Liberdade nos 50 anos do golpe militar (SP)

Vigília pela Liberdade leva 'Sabiá', com o Pessoal do Faroeste, ao Teatro de Arena. foto: divulgação

Durante três dias, de 30 de março a 1º de abril, a Cia. de Teatro Os Satyros e o Núcleo de Pesquisa e Ação em Arte Comunitária (Nupeac) realizam debates e eventos culturais para lembrar o cinquentenário do golpe que impôs 21 anos de ditadura militar no país. Toda a programação é gratuita e se distribui por espaços da região central de São Paulo – entre eles, o Teatro de Arena Eugênio Kusnet, da Funarte.

A ideia de uma Vigília pela Liberdade partiu do escritor e dramaturgo Asdrubal Serrano, do Nupeac (Caconde, SP), e foi abraçada pelos Satyros, grupo paulistano formado em 1989. Com debates e atividades de literatura, teatro, música e cinema, os organizadores esperam ajudar a manter vivas na memória coletiva a riqueza da produção cultural brasileira e “as consequências que a falta de liberdade e a censura podem causar ao processo de cidadania e cultura de um país”.

O evento, que tem o apoio da Funarte e da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, concentra sua programação na praça Roosevelt – marco do teatro alternativo na capital paulista. Haverá atividades nos espaços d’Os Satyros, na SP Escola de Teatro e na Tenda da Praça Roosevelt. Fora da praça, também participa do circuito e hospeda atrações, além do Arena, o Teatro Oficina, dirigido por José Celso Martinez Corrêa, na rua Jaceguai.

O Teatro de Arena abrigará na segunda-feira, 31 de março, a encenação de textos curtos escritos por Lauro César Muniz, Marcelo Rubens Paiva e Sergio Roveri. Na terça, 1º de abril, a atração fica por conta da peça Sabiá, da Cia de Teatro Pessoal do Faroeste, seguida das exibições dos filmes O bandido da luz vermelha e Luz nas trevas e de debate com a atriz Helena Ignez.

Veja, a seguir, a programação completa.

Vigília pela Liberdade
De 30 de março a 1º de abril | De domingo a terça, das 14h às 23h
Idealização: Cia de Teatro Os Satyros e NUPEAC – Caconde | Curadoria geral: Asdrúbal Serrano, Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez | Curadoria artística: Hugo Possolo | Coordenação geral: Suzana Muniz | Produção executiva: Carina Moutinho | Assistência de produção: Israel Silva | Realização: Associação dos artistas amigos dos Satyros

Literatura: No tempo da literatura
Dia 30 de março | Domingo, a partir das 18h

Curadoria e apresentação: Marcelino Freire (contista e autor do romance Nossos ossos)
18h: Marcelino Freire e as escritoras Ivana Arruda Leite (autora de Falo de mulher) e Paula Bajer Fernandes (Viagem sentimental ao Japão) conversam sobre ditadura e literatura com Beatriz Bracher, autora, entre várias obras, do romance Não falei, que traz as memórias de um professor engajado na luta armada nos anos 60 e 70.
19h30: Marcelino Freire convida os escritores e militantes literários Binho (poeta criador do Sarau do Binho) e Wilson Freire para, juntos, conversarem sobre realidade e ficção com Marcelo Rubens Paiva. Autor de Feliz ano velho, entre outras obras literárias, Marcelo é filho do ex-deputado federal socialista Rubens Paiva, morto pela ditadura militar.
Lançamento do livro A única voz, do pernambucano Wilson Freire, com ilustrações de Germano Rabelo, e do jornal 50 anos daquele 64, organizado por Regina Junqueira Agnelli, com textos inéditos feitos exclusivamente para o evento e assinados pelas integrantes do coletivo paulistano Martelinho de Ouro.
Local: Espaço dos Satyros III (Antigo Restaurante Rose Velt). Praça Roosevelt, 124, Consolação. Tel (11) 3258-6345

Música: show Aventureiro
Dia 30 de março | Domingo, 19h

O trio formado por Gero Camilo, Tatá Aeroplano e Luiz Gayotto comanda um show em quatro partes, com os convidados Rubi, Tata Fernandes e Paula Cohen, revisitando os principais gêneros musicais da década de 1960: Tropicália, Jovem Guarda, Bossa Nova e MPB. Duração: 2h
Local: Praça Roosevelt (Tenda)

Cinema: exibição de filmes e debate com a atriz Helena Ignez
Dia 1º de abril | Terça, a partir das 20h

20h: O bandido da luz vermelha, de Rogério Sganzerla (1968) | Duração: 92min | Recomendação etária: 16 anos
21h40: Luz das trevas (2012) – filme recente sobre a ditadura que dá continuidade a O bandido da luz vermelha, com apresentação da atriz Djin Sganzerla. Duração: 83min | Recomendação etária: 14 anos
23h: debate promovido pela atriz Helena Ignez, viúva de Rogério Sganzerla
Local: Teatro de Arena Eugênio Kusnet. Rua Dr. Teodoro Baima,94, Vila Buarque Tel. (11) 3256-9463

Teatro: Dramamix
31 de março | Segunda, a partir das 19h

Encenação de três textos curtos de Lauro César Muniz, Marcelo Rubens Paiva e Sergio Roveri, que têm como mote a ditadura no Brasil.
19h: No tempo da ditadura, de Marcelo Rubens Paiva – a partir de três textos de Marcelo Rubens Paiva, Trabalhando o sal, No tempo da ditadura e Tortura, a Cia de Teatro Pessoal do Faroeste mistura vídeo, som, corpo e voz para uma leitura encenada. Adaptação e direção: Paulo Faria | Vídeo: Dário José | Som: Jorge Peña | Luz: Beto Magnani | Produção: Priscila Machado | Com Beto Magnani, Érika Moura, Paulo Faria e Roberto Leite | Duração: 35min | Recomendação etária: 12 anos
20h30: O mito, de Lauro César Muniz – político ‘biônico’ (nomeado a cargo eletivo sem ter sido eleito) morre enquanto transa com sua secretária. Com a chegada de seu assessor e de sua esposa, a vida pessoal e política desse homem é revelada, expondo um caráter hipócrita, corrupto e antiético. Direção: Fernando Neves | Com Os Fofos Encenam – Carlos Ataide, Eduardo Reyes, Erica Montanheiro, Katia Daher e Paulo de Pontes | Duração: 40 minutos | Recomendação etária: 16 anos
22h: A Voz de Esperança, de Sérgio Roveri – atores Mcs munidos de microfones e em contracena com um DJ compõem a encenação. Quatro microfones na boca de cena emolduram a ação, onde a polifonia entremeada de música evoca um tempo passado mas que continua latente na memória. Direção: Cláudia Schapira | Com Núcleo Bartolomeu de Depoimentos e artistas convidados | Duração: 30min | Recomendação etária: 12 anos
Local: Teatro de Arena Eugênio Kusnet. Rua Dr. Teodoro Baima,94, Vila Buarque Tel. (11) 3256-9463

Teatro: Cenas contemporâneas
Dias 30 de março e 1º de abril | Domingo, 17h; terça, 19h e 20h

Os grupos Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona e Núcleo Bartolomeu de Depoimentos apresentam cenas de peças contemporâneas que abordam o período da ditadura
30 de março, 17h: Hiphopera brasileira:trechos musicais de Orfeu mestiço! – A partir do espetáculo Orfeu mestiço – Uma hiphopera brasileira, o Núcleo Bartolomeu de Depoimentos faz um painel histórico-musical da época da ditadura e de algumas situações que repercutiram durante esse período, com foco nos festivais de música.Texto e direção: Claudia Schapira | Direção musical: Eugênio Lima e Roberta Estrela D’Alva | Direção de movimento e coreografias: Luaa Gabanini | Atores-MCs (elenco): Cristiano Meirelles, Daniela Evelise, Eugênio Lima, Luaa Gabanini, Ricardo Leite e Roberta Estrela D’Alva | Músicos-Ogãs e dançarinos: Cássio Martins e Giovane Di Ganzá, Alan Gonçalves, Daniel Laino, Antônio Malavoglia, Bruna Braga, Bruna Maria e Lígia Nicácio. Duração: 40min | Recomendação etária: 12 anos
Local: SP Escola de Teatro – sede Roosevelt. Praça Roosevelt, 210, Consolação. Tel. (11) 3775-8600
1º de abril, 19h: Sabiá – A peça foi a terceira montagem da Cia de Teatro Pessoal do Faroeste, em 2000, inspirada na música de Tom Jobim e Chico Buarque. O enredo traz a história de Joana, irmã do militante da luta armada Ricardo, desaparecido em 1971. Em 2000, na era FHC, Joana recebe a visita da antiga namorada do irmão, Helena, que revela um segredo a respeito do passado dos três. O Brasil entre 65 e 1971 é retomado pela memória das amigas. A leitura reunirá atores que fizeram a primeira montagem. Direção: Paulo Faria | Elenco: Bri Fiocca, Daniel Alvim e Nara Gomes | Iluminação: Beto Magnani | Sonoplastia: Jorge Peña | Duração: 50min | Recomendação etária: 12 anos
Local: Teatro de Arena Eugênio Kusnet. Rua Dr. Teodoro Baima,94, Vila Buarque Tel. (11) 3256-9463
1º de abril, 20h: Walmor e Cacilda 64 – O Robogolpe – Cleyde Yáconis se torna alvo de uma das inúmeras perseguições dirigidas a artistas e a militantes, e é presa pelo DOPS. Cacilda Becker, sua irmã, entra em cena convocando os meninos do Oficina e do Teatro de Arena, fazendo do DOPS palco de uma revolução teatral. A repressão é combatida com beleza: artistas de teatro tomam a delegacia vestidos com máscaras de carnaval e paletós, transformando maldade em teatralidade. Direção: José Celso Martinez Corrêa | Elenco: Artistas da Associação Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona | Duração: 90min
Local: Teatro Oficina. Rua Jaceguai, 520, Bela Vista. Tel. (11) 3106-2818.

Teatro: 50 anos em 5 atos institucionais – farsa cinquentenária
30 e 31 de março | Domingo, das 14h às 18; segunda, das 19h às 21h

O projeto, com direção geral de Asdrúbal Serrano, percorre por meio de cinco peças teatrais denominadas Atos institucionais, cinquenta anos do golpe militar a partir de peças tragicômicas desenvolvidas ao longo dos últimos anos pelo NUPEAC, a partir de quatro eixos estruturantes: o Teatro Dialético (de Bertolt Brecht), o Teatro do Oprimido (de Augusto Boal), o Teatro Pobre (de Jerzy Grotowski) e o Teatro Popular (de Idibal Pivetta do Teatro Popular União e Olho Vivo).
30 de março,14h: Ato institucional nº 5 – Meninos de Brodowski – Peça em dois atos. Revoltados com a tortura, dois internos da Febem de Batatais expropriam o rascunho original de A criança morta, de Cândido Portinari, e o entregam a uma militante de esquerda. Texto e Direção: Asdrúbal Serrano | Com Teatro Popular Cara e Coragem | Duração: 60min | Recomendação etária: 14 anos
30 de março, 18h: Ato institucional nº 3 – Tapa na cara – Sessão de Teatro do Oprimido – A partir de recortes de jornal das décadas de 1960 e 1970, a peça refaz os caminhos tomados pelos chefes da repressão militar contra os movimentos sociais e os estudantes. Coordenação: Asdrúbal Serrano | Com Cia Mambembe e Teatro Popular Cara e Coragem. Espetáculo seguido de homenagem a Etty Fraser, Idibal Pivetta, José Celso Martinez Corrêa, Antônio Abujamra e Lauro César Muniz
30 de março, 16h: Ato institucional nº 4 -Quase Pagu – Leitura dramática com Eduardo Suplicy e Soninha Francine. Tragicomédia em três atos. Um jovem ator de teatro popular, enquanto se prepara para a montagem de uma peça sobre Patrícia Rehder Galvão, a Pagu, é perseguido por uma militar que o acusa de ser um subversivo e perigoso terrorista. Texto e Direção: Asdrúbal Serrano | Com Teatro Popular Cara e Coragem | Duração: 90min | Recomendação etária: 14 anos
31 de março, 19h: Ato institucional nº 2 – Etty Fraser é mulher? – Comédia em oito quadros. As desventuras de uma trupe de artistas populares contrários ao golpe militar que ocupa um teatro abandonado e, naquele local, discute uma revolução das ideias políticas, sociais e ideológicas na valorização da liberdade. Texto: Asdrúbal Serrano | Direção: Elenir Rodrigues | Com Cia Mambembe | Duração: 60min | Recomendação etária: livre
31 de março, 21h: Ato institucional nº 1 – A Cidade morena da vaquinha Mococa – Comédia em um ato. A peça percorre cinquenta anos do golpe militar a partir da cidade de Caconde (SP), e traça um perfil social e político que percorre desde a ditadura política (que elegeu provisoriamente o “cacondense” Ranieri Mazzilli) à contemporaneidade (com a omissão dos seus representantes políticos). Texto e direção de Asdrúbal Serrano. Com o Teatro Popular Cara e Coragem. Duração: 60min | Recomendação etária: 14 anos
Local: Espaço dos Satyros III (Antigo Restaurante Rose Velt). Praça Roosevelt, 124, Consolação. Tel (11) 3258-6345

Teatro: Especial
Satyros: apresentações das peças do projeto E se fez a humanidade ciborgue em 7 dias:
30 de março, 19h: Não amarás
31 de março, 19h: Não permanecerás
31 de março, 20h30: Não vencerás
1º de abril, 19h: Não morrerás
Local: Espaço dos Satyros I. Praça Roosevelt, 214, Consolação. Tel (11) 3258-6345

Parlapatões: Cagamos pras ditaduras!
Dia 1º de abril | Terça, 20h
O Grupo Teatral Parlapatões e seus convidados Toni Dagostinho (caricaturas), Banda Strambólica, Banda Paralela e Dani Nega (cantora) fazem um show com esquetes cômicas, números musicais e
circenses zombando de toda forma de ditadura e totalitarismos. Com humor, brincam com o fato de o golpe de 64 ter acontecido no dia 1º de abril, o dia da mentira. Roteiro e Direção: Hugo Possolo | Duração: 70 min | Recomendação etária: 14 anos. Única apresentação.
Local: Praça Roosevelt (Tenda)

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