Público vibra na Sala Funarte (RJ) com a banda Cidade Negra

Toni Garrido (Cidade Negra) e o presidente da Funarte, Guti Fraga. Foto: S. Castellano

A banda Cidade Negra empolgou a Sala Funarte Sidney Miller – no Centro do Rio – , no dia 28 de março, sexta-feira, no show integrante do projeto Música no Capanema, com entrada gratuita.

A casa lotou. O público aguardava com horas de antecedência a abertura da bilheteria, às 18h. O grupo, conhecido por sucessos como Pensamento, Onde Você Mora?, O Erê, e A Estrada interpretou todas essas músicas e muitas outras, algumas delas integrantes do seu mais novo álbum, Hei Afro!, além de surpreender a plateia, com músicas de grandes compositores, como Raul Seixas – a pedido do público e em estilo reggae -, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Gilberto Gil e outros.

O presidente da Fundação Nacional de Artes – Funarte, Guti Fraga, comemorou o sucesso do show e do projeto: “Estou emocionado por participar e viver, junto com a Funarte, um renascer, um reviver da arte. Pudemos ver, por exemplo, hoje, o entorno da Sala Funarte Sidney Miller vivo, pulsando arte, vivendo música. É como disse o Toni Garrido durante o show”, assinalou o presidente. O vocalista do Cidade Negra lembrou o quanto são importantes as salas de espetáculos e como é fundamental cuidarmos delas – pois são como se fossem “templos” da arte, que guardam e irradiam a “energia” da música, da dança, do teatro e de todas as outras manifestações. “Ele também destacou como faz bem para a vida e como faz bem viver a música e a arte. Acho que ela é o combustível principal desse momento que vivemos”, acrescentou Guti Fraga. Ele citou a frase de Cecília Meireles, “A vida só é possível reinventada”, e completou: “Acho que estamos reinventando um novo momento. Estou, por tudo isso, muito feliz e orgulhoso. O dia de hoje marcou um momento de felicidade especial na minha vida”.

O cantor Toni Garrido, o baixista Bino Farias e o baterista Lazão levaram a sala a dançar e cantar, numa festa de ritmos diversos, do reggae ao pop rock, passando pelo soul e muitos outros, com a marca brasileira da mescla de estilos. O público foi ao delírio, transformando a sala numa verdadeira pista de dança, com os sucessos da banda e dos autores e grupos famosos, acompanhados por guitarra e instrumentos de sopro. Toni Garrido desceu do palco e foi até o fundo da sala, interagindo com o público. A interpretação e o carisma do Cidade Negra mostrou porque ele é um dos grupos mais respeitados e de maior sucesso na música brasileira. Brasil, e porque participou dos principais festivais de música popular do mundo.

A Banda Cidade Negra toca na Sala Funarte. Foto: S. Castellano

A mudança através da arte – “um bem coletivo”

Sobre o conteúdo das letras do grupo, Toni Garrido comentou que a comunicabilidade é a característica de um artista popular. “Os maiores artistas pop se comunicaram muito bem. Nós tentamos fazer isso. Aprendemos a fazer música ouvindo esses outros artistas, que admiramos. Esse fator da comunicação é algo que sempre mexeu com a gente. Sempre achamos importante fazer uma boa música, mas também buscamos falar com as pessoas através dela”. Quanto ao teor político e até filosófico da poesia da banda, o cantor argumenta: “A filosofia do Cidade Negra é feita de reflexões comuns, do dia-a-dia de qualquer pessoa. Não tem nenhum segredo. É vivida por cada de nós, da banda, diariamente. O reggae facilita isso – dá um caminho natural, emocional -. A gente se encaixa nele.

A respeito do projeto Música no Capanema, Toni pontua: “A Sala Funarte Sidney Miller tem histórias muito sérias, de grandes shows, como os do Projeto Pixinguinha e outros – a preços populares ou de graça – . É uma cultura que o Rio se acostumou a ter e que tem que continuar tendo”. defende. “Outras redes tem a obrigação de fazer esse trabalho, porque, final de contas, a arte é um bem coletivo e que o estado pode ajudar a gerar. Uma sala de espetáculos não pode ficar vazia nem fechada. Ao mesmo tempo, é preciso que haja espaço para todo mundo se apresentar”.

O baterista Lazão também elogia a iniciativa da Funarte: “O Brasil tem essa cultura diversificada, de vários ritmos, de artistas que vão desde Wilson Simonal até Jackson do Pandeiro, de Martinho da Vila a Luiz Gonzaga; do forró à soul music, black music, com Toni Tornado e outro. Tudo isso formou nosso perfil musical. O clima do projeto está maravilhoso. Muitos grandes nomes já se apresentaram, e outros vêm por aí. Isso tem que acontecer sempre, em várias salas da Funarte. Uma boa ideia seria levar o projeto, num palco itinerante, às comunidades. Nelas, há crianças que nunca viram uma banda tocar ao vivo, ou uma orquestra sinfônica, mas já viram um traficante com um fuzil e um camburão. É preciso levar mais cultura para as favelas. O único caminho para mudar o Brasil é educação e cultura. Por exemplo: temos a ideia de levar uma oficina itinerante cultural para todas as comunidades do Rio. Seria fantástico se a Funarte fizesse isso”, propõe Lazão.

Leia mais aqui sobre o álbum Hei Afro! e o Cidade Negra