Após a estreia em Curitiba (PR), o grupo O Estábulo de Luxo se apresenta em outras quatro cidades do país: Londrina, também no Paraná, de 12 a 14 de setembro; Salvador (BA), entre os dias 18 e 20; Juazeiro do Norte (CE), de 25 a 27 de setembro; e Belo Horizonte (MG), de 9 a 11 de outubro. Na programação, estão quatro espetáculos que fazem parte do repertório do grupo: Wunderbar, As Tetas de Tirésias – Vamos Esbofetear Ulisses, Medéia – Um Espetáculo Transgênero, Vingativo e Gotejante e Hidra de Lerna. A temporada inclui, ainda, a realização da oficina Cena Híbrida, que será ministrada pelos diretores Ricardo Nolasco e Daniela Passarinho As ações fazem parte do projeto ‘Circulação de Luxo’, contemplado no Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2013.
Com diferentes recortes, o universo do teatro de variedades, o cabaré, o vaudeville, o manifesto, o circo-teatro e os genuinamente brasileiros teatro de revista e de rebolado são usados para reapresentar obras já presentes no imaginário popular como o mito grego de Medeia; as obras de Lewis Carrol – ‘Alice no País das Maravilhas’ e ‘Alice através do Espelho’; o drama surrealista ‘As Mamas de Tirésias’, de Guillaume Apollinaire; e por fim a reelaboração da mitológica ‘Hidra de Lerna’.
Sobre o grupo
O Estábulo de Luxo é um dos grupos que tem se destacado no cenário atual curitibano por sua pesquisa continuada a respeito do cabaré e seus desdobramentos na história das artes. Em 2013, foi indicado ao Troféu Gralha Azul nas categorias melhor sonoplastia e melhor atriz (Patricia Cipriano) pelo espetáculo As Tetas de Tirésias- Vamos Esbofetear Ulisses. É também um dos grupos e artistas independentes que dividem a gestão e a programação do Espaço Cultural Casa Selvática – espaço cultural e de pesquisa com programação voltada à experimentação e pesquisa de linguagem, bem como ao intercâmbio artístico através de residências e mostras de criação.
Programação (gratuita)
Londrina (PR)
12 de setembro (sexta-feira)
20h – Apresentação do espetáculo Wunderbar
13 de setembro (sábado)
9h às 13h – Oficina Cena Híbrida
20h – Apresentação da cena Hidra de Lerna
20h30 – Apresentação do espetáculo As Tetas de Tirésias – vamos esbofetear Ulisses
14 de setembro (domingo)
20h – Apresentação do espetáculo Medéia – um espetáculo transgênero, vingativo e gotejante
Local: Casa de Cultura da Uel, Rua Celso Garcia Cid, 205, Centro
Salvador (BA)
18 de setembro (quinta-feira)
20h – Apresentação do espetáculo Wunderbar
19 de setembro (sexta-feira)
20h – Apresentação da cena Hidra de Lerna
20h30 – Apresentação do espetáculo As Tetas de Tirésias – vamos esbofetear Ulisses
20 de setembro (sábado)
9h às 13h- Oficina Cena Híbrida
20h – Apresentação do espetáculo Medéia – um espetáculo transgênero, vingativo e gotejante
Local: Teatro do Movimento – Escola de dança da UFBA – Av Adhemar de Barros,S/N Campus de Ondina
Juazeiro do Norte (CE)
25 de setembro (quinta-feira)
20h – Apresentação da cena Hidra de Lerna
20h30 – Apresentação do espetáculo As Tetas de Tirésias – vamos esbofetear Ulisses
26 de setembro (sexta-feira)
19h – Apresentação do espetáculo Wunderbar
Local: Teatro Sesc Patativa do Assaré – Rua Matriz, 227, Centro
27 de setembro (sábado)
9h às 13h – Oficina Cena Híbrida
20h- Apresentação do espetáculo Medéia – um espetáculo transgênero, vingativo e gotejante
Local: Teatro Sesc Patativa do Assaré – Rua Matriz, 227, Centro
Belo Horizonte (MG)
9 de outubro (quinta-feira)
20h – Apresentação do espetáculo Wunderbar
10 de outubro (sexta-feira)
20h – Apresentação da cena Hidra de Lerna
20h30 – Apresentação do espetáculo As Tetas de Tirésias – vamos esbofetear Ulisses
11 de outubro (sábado)
9h às 13h – Oficina Cena Híbrida
20h- Apresentação do espetáculo Medéia – um espetáculo transgênero, vingativo e gotejante
Sobre os espetáculos
Wunderbar
A partir da obra de Lewis Carrol
Roteiro e direção: Ricardo Nolasco
Elenco: Danielle Campos, Leonarda Glück, Stefano Belo, Victor Hugo Vieira e Daiane Cristina
Wunderbar, que em alemão significa maravilhoso, recria o mundo da enigmática personagem do clássico infantojuvenil Alice. Se na obra original, ao seguir um coelho, Alice cai em um buraco que a leva para o ‘país das maravilhas’, em Wunderbar, ela cai no buraco (bueiro) errado, sendo transportada a um nem tão maravilhoso mundo: um falido e clandestino cabaré alemão durante a segunda guerra mundial e ascensão do nazismo. Ali, a lagarta é uma vedete desesperançada prestes a morrer de tuberculose, o coelho é um jovem bailarino de jazz que acredita estar na Broadway, o gato é uma crossdresser travestida de Liza Minelli e a rainha é uma atriz muda.
As Tetas de Tirésias – Vamos esbofetear Ulisses
Roteiro: Ricardo Nolasco
Direção: Gabriel Machado e Ricardo Nolasco
Elenco: Danielle Campos, Patricia Cipriano e Leonarda Glück
Artistas convidados: Cintia Napoli (Curitiba), Fernanda Magalhães (Londrina), Paula Lice (Salvador), Elvis Pinheiro (Juazeiro do Norte) e Mariana Blanco (Belo Horizonte)
Deserto, clima tropical semi árido, o menor índice pluviométrico do país. Paisagem desprovida de tons verdes, vivos e férteis. Descampado com arbustos secos. No chão: ouro e glória, cacarecos em decomposição. Desta terra salgada nada mais brotará. O que foi pelo é penugem, que se descola e cai. Tetas vazias e flácidas. Pestes, vírus e desastres estrangeiros se alastram. Vândalos e godos se divertem no quintal.
Três vedetes desaparecidas no auge do estrelato se juntaram ao cangaço de Maria Bonita. Elas requebram na solidão de seus úteros. A revolução será a dentadas e cansaços, entre as cenas quase desistem mas irão continuar. Becktianamente com toda morfina do mundo!
Medéia – Um espetáculo transgênero, vingativo e gotejante
Roteiro e direção: Daniella Passarinho
Elenco: Ricardo Nolasco, Stéfano Belo, Patricia Cipriano, Daiane Cristina e Leonarda Glück
Com direção e dramaturgia de Daniela Passarinho (heterônimo da atriz e diretora Danielle Campos), o espetáculo reconstrói o clássico de Eurípedes, valorizando discussões acerca do feminino e do grotesco. A encenação refere-se ao circo de horrores (espetáculos populares apresentados entre o final do século XIX e início do XX em que ‘aberrações da natureza’ como a mulher barbada, aleijões e siameses eram expostas de maneira espetacular), lugar propício para a apresentação irônica do arquétipo da mulher como monstro.
Hidra de Lerna
Roteiro e direção: Ricardo Nolasco
Elenco: Stéfano Belo
Sempre chamou a atenção do diretor e dramaturgo Ricardo Nolasco o ponto de vista pelo qual as histórias são contadas, e foi isso que o motivou a escrever para o ator Stefano Belo essa cena curta, elaborada a partir da possibilidade de uma resposta desse monstro para Hércules. Assim, o monstro não é apenas um desafio para provar a astúcia de um dos principais heróis gregos, mas sim uma criatura cheia de razões e opiniões, um corpo anormal que se ergue contra um herói que simboliza as regras, a ordem e um domínio masculino.
A encenação tem como referência cabarés clandestinos erguidos seja em meio a territórios pantanosos ou no interior do nordeste brasileiro. Lugares não oficiais onde discursos como o de mulheres negras, latinas e exiladas podiam ser ouvidos no início do século passado.