De Rancho Fundo até a Serra da Boa Esperança são mais de 200 composições, que incluem sambas, valsas, marchinhas, fox-trotes, marchas-ranchos, além de canções para festas juninas e de Natal e dos hinos dos principais times de futebol cariocas. Lalá era eclético, um gozador contador de piadas, e mesmo abusando dos trocadilhos, legou à música popular brasileira uma obra de valor inegável e inestimável. E por isso, o público atendeu ao convite da Fundação Nacional de Artes e compareceu à Sala Funarte Sidney Miller, no Rio, nessa terça (7/10), para o relançamento do livro Tra-la-lá: vida e obra de Lamartine Babo, de Suetônio Soares Valença, festejado com o show Lamartiníadas. Os sucessos do compositor, interpretados pelos cantores Alfredo Del-Penho, Pedro Miranda e Pedro Paulo Malta, lembraram a irreverência de Lalá – como era conhecido o radialista e produtor, e foram cantados também pela plateia, com muita animação e alegria.
O show Lamartiníadas – criado, em 2004, para o Centro Cultural Banco do Brasil –, foi remontado especialmente para a noite de lançamento da terceira edição de Tra-la-lá, e contou com o acompanhamento de Luís Filipe de Lima (violão de sete cordas), Henrique Cazes (cavaquinho), Dirceu Leite (sopros), Beto Cazes (percussão) e Oscar Bolão (bateria). Entre as composições de Lamartine, O teu cabelo não nega, Chegou a hora da fogueira, Cantores do rádio, No Rancho Fundo, Serra da Boa Esperança, Eu sonhei que tu estavas tão linda e o hino do América – o time de futebol do coração do compositor.
Da plateia, o presidente da Funarte, Guti Fraga, vibrava com o sucesso do lançamento do livro, que avalia como uma obra importante para a memória da recente história brasileira. “É um resgate da nossa história – o Lamartine tem essa história –, é o resgate da nossa memória. E pra gente é um orgulho, poder, nesse momento, estar vibrando. E a Casa está tão cheia a essa hora (18h). Isso nos deixa muito orgulhosos, muito felizes.”
Pedro Paulo Malta, editor de textos e notas de Tra-la-lá, contou que, ao comentar com Raquel Valença, viúva de Suetônio Soares Valença, seu interesse sobre Lamartine, motivado pela leitura da 1ª edição da biografia, teve acesso aos originais deixados pelo autor, revisados e ampliados. Pedro Paulo, que é coordenador do Canal Virtual/ Portal das Artes da Funarte, disse ter constatado que Suetônio tinha refeito sua obra, com mais referências e informações sobre o compositor. “O que a nova edição traz é um detalhamento maior de todas as histórias, como de O teu cabelo não nega. A primeira parte já era conhecida em Pernambuco, e foi aproveitada por Lamartine que fez a segunda parte. E foi lançado aqui como sendo só do Lamartine. Não foi erro dele nem má intenção. Em Recife, o pessoal reclamou, e optou-se por dar crédito a Lamartine Babo e aos irmãos Valença, que tinham feito a primeira parte da música.” O cantor disse, ainda, que Tra-la-lá também conta sobre a composição dos hinos dos times cariocas feita por Lamartine. “Tem a história dos hinos de futebol, dos times do Rio, lançados em disco em 1950, mas feitos na década de 40. O primeiro a ser lançado foi o do Flamengo, campeão carioca de 1943.”
Preparadora dos originais, Raquel Valença, disse que foi uma grande responsabilidade cuidar dos originais, confiados a ela pelo marido. “Ele deixou uma obra muito fundamentada. Atualizamos a discografia e a musicografia de 2005 para cá, atualizando também as gravações dos últimos anos (feitas por outros artistas). O legado de Lamartine Babo é fabuloso e esse material está documentado no livro. É um grande serviço público, porque é para pesquisadores e leitores.”
Representando a Funarte, também estiveram no lançamento e no show na Sala Funarte Sidney Miller, o diretor executivo, Reinaldo da Silva Verissimo; os diretores Paulo César Soares, do Centro da Música (Cemus); Maria Ester Lopes Moreira, do Centro de Programas Integrados (Cepin); a gerente de Edições, Filomena Chiaradia, a coordenadora de Comunicação, Camilla Pereira; o coordenador-geral de Planejamento e Administração, Paulo Grijó Gualberto; a coordenadora do Centro de Documentação (Cedoc), Maria Estela Rangel e a coordenadora do Centro de Conservação e Preservação Fotográfica, Sandra Baruki, além de outros servidores.
Fotos: Sebastião Castellano