Com direção de Joana Lopes e interpretação de Andreia Yonashiro, Everton Ferreira, Fernando Santos e Renato Vasconcellos, o espetáculo Eólitos faz na Funarte as últimas apresentações de sua temporada de estreia na cidade de São Paulo. A obra chega à Sala Renée Gumiel sexta-feira, dia 31 de outubro de 2014, depois de apresentações no SESC Ipiranga, na Galeria Olido (Centro) e no Teatro Martins Penna (Penha).
Do grego eos, aurora, e lithos, pedra, o termo eólito é usado em arqueologia para nomear utensílios de pedra lascada usados pelo homem no começo de sua história. Mais fortes que o tempo, estes objetos, na concepção da dança, “acumulam forças de transformações carregadas nos gestos humanos que as lapidaram”. Além disso, a ação transformadora da própria natureza está presente nestes primeiros legados da humanidade, já que água, vento, sedimentação e calor deram o retoque final em cada um desses achados.
No espetáculo, de acordo com seus criadores, a “pedra bruta” é o movimento simples, que não se reconhece em nenhuma tradição histórica da dança cênica. Este é o ponto de partida para o encontro de “uma dimensão estética artística que coloca em foco a relação do movimento humano com as forças da natureza’, explicam.
Eólitos é uma realização dos grupos Teatro Antropomágico, de Joana Lopes, e Cerco Choreográfico, dirigido por Andreia Yonashiro. A obra toma por base a metodologia nascida de uma pesquisa em Arte e Ciência intitulada Coreotopologia. Estes estudos, que incorporam à prática da dança conceitos da física e da matemática recentes, tiveram início em 1999, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), por iniciativa de Joana Lopes e do Prof. Dr. Adolfo Maia Júnior, do Instituto de Matemática Aplicada.
A mesma metodologia norteou, também, a composição musical do espetáculo, criada por Zeka Lopez em sintonia com a observação direta do movimento. “Nossa dança quer um corpo inacabado. Quer um confronto com o corpo acabado que dá respostas iguais, num cotidiano igual, para uma cultura da dança igual.”, analisam.
O espetáculo marca, ainda, o lançamento do livro “A Microfísica da Dança” que reúne os textos fundamentais da pesquisa e abre frentes de renovação da pedagogia da dança.
Conferências
Paralelamente às apresentações de Eólitos, o Teatro Antropomágico e o Cerco Choreográfico promovem três conferências gratuitas e abertas com a criadora do espetáculo, Joana Lopes. Cada encontro abordará um tema diferente, dentro do universo da pesquisa em dança nos tempos do virtual.
O primeiro encontro recebe o título de A Dança é Filosofia. Nele, Joana Lopes, que também é arte-educadora, apresentará “a perspectiva da semelhança como necessidade da atualidade, como travessia para outras dimensões da arte e da sociedade”.
No segundo tema, As Veias da Dança, estão em causa o corpo acabado e o corpo inacabado, conceito explorado no espetáculo Eólitos. O encontro discutirá questões que preocupam pedagogos artistas desde a regulamentação da dança como disciplina curricular na escola brasileira. O processo de criação de Eólitos, inclusive na área musical, será analisado a partir de alguns segmentos de vídeos registrados nos ensaios.
Como marco de encerramento da primeira temporada de Eólitos, a terceira conferência, A Dança e o Ecossistema, é uma manifestação do grupo sobre a “revalorização humana no contexto de endeusamento virtual dos dias de hoje, divulgando o conceito de arte ampliada.
Âmbargris – Ocupação Cerco Choreográfico
Projeto selecionado por edital público para ocupar a Sala Renée Gumiel do Complexo Cultural Funarte SP. Alameda Nothmann, 1058, Campos Elíseos, São Paulo, SP. Tel (11) 3662-5177
Espetáculo: Eólitos
Dias 31 de outubro, 1 e 2 de novembro |Sexta e sábado, às 20h30; domingo, às 19h30
Direção, coreodramaturgia e iluminação: Joana Lopes | Coreotopologia: Andreia Yonashiro | Assistente de direção: Bárbara Freitas | Elenco: Andreia Yonashiro, Everton Ferreira, Fernando Santos, Renato Vasconcellos | Design gráfico: Paula Viana | Trilha Sonora: Zeka Lopes | Projeto técnico e implantação de luz: Silviane Ticher | Operação de luz: Edson Reis | Produção executiva: Cais Produção Cultural | Direção de produção: José Renato Fonseca de Almeida | Assistentes de produção: Beto de Faria e Larissa Verbisk
Duração: 50min | Recomendação etária: 12 anos
Ingressos: R$10 (meia: R$5). Bilheteria abre uma hora antes do espetáculo – um ingresso por pessoa
Conferências
Dias 31 de outubro e 1 e 2 de novembro | Sexta e sábado, às 19h; domingo, às 18h
Com: Joana Lopes
Galeria Flávio de Carvalho
Entrada franca