Luto: teatro perde Chico de Assis

Foto: Facebook de Chico de Assis

Faleceu neste sábado, 3 de janeiro de 2015, aos 81 anos, em São Paulo (SP), o ator e dramaturgo Francisco de Assis Pereira – Chico de Assis. O corpo está sendo velado no Teatro de Arena Eugênio Kusnet (Rua Dr Teodoro Baima, 94, Consolação), e seguirá às 15h de hoje, domingo (4), para o Crematório de Vila Alpina.

Ao longo de sua carreira, Chico de Assis foi também compositor e diretor teatral. Iniciou suas atividades em artes cênicas em 1953, como ator de rádio. Em 1958, entrou para o Teatro de Arena, onde integrou elencos de peças como A mulher do outro, de Sydney Howard (direção de Augusto Boal), Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri (dirigido por José Renato), Chapetuba Futebol Clube, de Oduvaldo Vianna Filho, e Gente como a gente’, de Roberto Freire.

Ainda em 1958, Chico de Assis funda o 1º Seminário de Dramaturgia do Teatro de Arena, que levaria à cena textos escritos pelos membros da companhia, num expressivo movimento de nacionalizar o palco, difundir os textos e politizar a discussão da realidade nacional.

É autor, entre outras obras teatrais, de O testamento do cangaceiro, montado em 1961 por Boal – tendo Flávio Império como cenógrafo e figurinista, de A aventura de Ripió Lacraia, dirigido pelo fundador do Arena, José Renato, para o Teatro Nacional de Comédia (TNC), em 1963; e Farsa com Cangaceiro Truco e Padre, encenado pelo Núcleo 2 do Arena em 1967, fechando uma trilogia sobre a literatura popular de cordel do Brasil. Dedica-se à televisão, voltando ao teatro como ator em Tom Paine, de Paul Foster, dirigido por Ademar Guerra, em 1970.

No mesmo ano, sua peça O auto do burrinho de Belém é interditada pela censura. Escreve Missa leiga, peça polêmica que, proibida de ocupar a Igreja da Consolação, acaba por ser encenada numa fábrica abandonada, em 1972, fazendo enorme sucesso e viajando para Portugal e África. Em 1985, Antonio Fagundes, que havia participado da primeira montagem de Farsa com Cangaceiro Truco e Padre, remonta o texto, agora intitulado Xandú Quaresma, pela Companhia Estável de Repertório (CER).

Em 1989, Chico de Assis é convidado pelo diretor e autor Fauzi Arap a montar um curso de dramaturgia no Teatro de Arena, no Projeto Tarô dos Ventos. Terminado o projeto, o dramaturgo conserva o seminário sob o nome de Projeto SEMDA – Seminários de Dramaturgia do Arena.

Chico de Assis lançou em setembro de 2014, pelo Centro de Programas Integrados da Fundação Nacional de Artes (Cepin/Funarte), a coletânea Teatro seleto – Chico de Assis. Em novembro, foi agraciado com a Ordem do Mérito Cultural, sob responsabilidade dos ministérios da Cultura, Relações Exteriores, Educação, Desporto e Ciência, Tecnologia e Inovação.

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