Âmbargris fecha ocupação com Andréia Yonashiro em coreografia de Joana Lopes

Solo com Andréia Yonashiro inspira-se em figuras femininas do mestre do Butô Kazuo Ohno. foto: Inaê Coutinho

Da parceria instituída em 2002 entre duas artistas da dança, Joana Lopes e Andréia Yonashiro, nasceu A Flor Boiando Além da Escuridão, solo concebido em consagração ao mestre do Teatro Butô japonês, Kazuo Ohno (1906-2010). A dança foi escolhida pelo Âmbargris – Ocupação Cerco Choreográfico – para encerrar as atividades do projeto, que desde agosto de 2014 desenvolve aulas, espetáculos e discussões teóricas sobre dança contemporânea na Funarte SP. As apresentações começam nesta quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015, e seguem até 1º de março.

A Flor Boiando Além da Escuridão estreou em 2008, na Universidade de Bologna (Itália), como parte de um evento em homenagem a Kazuo Ohno, com curadoria de Eugenia Casini Ropa. No Brasil, o espetáculo já circulou por palcos como o da Galeria Olido (SP), do Centro Coreográfico (RJ), dos SESCs Pinheiros e Consolação (SP) e do Centro da Cultura Judaica (SP).

Com direção de Joana Lopes e interpretação de Andreia Yonashiro – que é também a diretora artística da Ocupação Cerco Choreográfico, a peça, segundo Joana, “revela uma visão filosófica e artística da dança moderna japonesa influenciada pelo expressionismo alemão das primeiras décadas do século 20”. “Não desejamos reproduzir as coreografias de Kazuo Ohno nem a filiação à escola de Butô, um gênero de dança iniciado por ele, mas levá-lo à cena percorrendo caminhos de luz e sombra de devaneios e dores”, diz ainda ela.

Resultado de um estudo vigoroso sobre a trajetória centenária de Ohno, A Flor Boiando Além da Escuridão recupera obras do artista e as transforma em pequenos fragmentos expressionistas que marcam seu desafio às tradições cênicas milenares. É entre luz e sombra que a artista interpreta personagens femininas criadas pela poesia do bailarino japonês: La Argentina (1932), Mary Wigman (1927) e Kazuo Ohno Dançando La Argentina.

Joana Lopes é diretora e fundadora do Teatro Antropomágico, cuja proposta é, coincidentemente, uma dramaturgia para a dança. Ao lado de Andréia Yonashiro, ela busca novos paradigmas para as formalidades coreográficas. “Nossa parceria revê a noção tradicional de coreografia, pois trata de estados de energia que se materializam em movimento”, explica Andréia.

A composição musical original da peça, assinada por Zeka Lopez, faz uma releitura do clássico Amapola, da década de 20, dançado por Kazuo Ohno.

Sobre Andréia Yonashiro: Nasceu em São Paulo (SP), em 1982. Estudou balé clássico e, na adolescência, foi aluna de Ruth Rachou em dança moderna. Praticou, no Brasil e nos Estados Unidos, patinação artística sobre gelo, participando de competições na modalidade. Em 2001, inicia o curso de dança na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Lá, aprofunda os estudos sobre as técnicas de dança e sua relação com a composição coreográfica, dedicando-se à criação e à pesquisa. Nos últimos 10 anos tem atuado como bailarina, diretora-coreógrafa e professora, período em que se destacam os trabalhos: criação e direção de Clarabóia e Estudos para Clarabóia (2010-2012) ao lado de Morena Nascimento (Prêmio Funarte Klauss Vianna 2013, Fomento à Dança 2012 e eleito melhor espetáculo de dança no Guia da Folha de 2012); Tempest – criação coreográfica em parceria com Daniel Fagundes (Prêmio Cultura Inglesa 2012); concepção e direção de Erosão ao lado de Robson Ferraz (Prêmio Funarte Klauss Vianna 2012); Um Leite Derramado (Bienal SESC de Dança 2009); Toró (2009), performance e instalação multimídia. Em 2008, foi vencedora no quadro de televisão Dança no Gelo, ao lado de Leandro, do KLB. Em 2013, fundou sua plataforma de produção Cerco Coreográfico (http://cercocoreografico.hotglue.me).

Sobre Joana Lopes: Diretora teatral e dramaturga fundadora do Teatro Antropomágico. Autora de livros e artigos no Brasil e exterior, entre eles “Coreodramaturgia: uma dramaturgia para dança”. “Pega-teatro – um estudoantropológico sobre o jogo dramático”. Entre suas criações de espetáculos, destacamos “Pra Weidt o velho”, realizado com Atelier de Bailarinos Santistas para a Bienal Internacional SESC de Dança – 2007. Ex-professora do Departamento de Artes Corporais da na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e ex-professora visitante do Departamento de Música e Espetáculo da Universidade de Bolonha (1992 – 2002).

Âmbargris – Ocupação Cerco Choreográfico
Projeto contemplado com o Edital de Ocupação da Sala Renée Gumiel do Complexo Cultural Funarte SP. Alameda Nothmann, 1058, Campos Elíseos, São Paulo, SP

Espetáculo: A Flor Boiando Além da Escuridão
26, 27 e 28 de fevereiro, 1º de março  | Quinta a sábado, às 20h30; domingo, às 19h30

Concepção e direção: Joana Lopes | Interpretação: Andreia Yonashiro | Composição e arranjos: Zeka Lopez | Cenário, luz e figurino: Joana Lopes | Realização: Teatro Antropomágico e Cerco Coreográfico | Produção: Cais Produção Cultural – José Renato Fonseca de Almeida
Duração: 35min | Recomendação etária: 12 anos
Ingressos: R$10 (meia: R$5). Bilheteria abre uma hora antes do espetáculo – um ingresso por pessoa

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