Funarte Brasília exibe escultura de bambu de Leonardo Tepedino

Montagem da escultura. Foto: Leonardo Tepedino

Leonardo Tepedino abre, no dia 28 de maio, quinta-feira, às 19h, no Complexo Cultural Funarte Brasília, a exposição Projeto Marquise Brasília. A mostra exibe uma escultura única. O bambu foi o material escolhido para dar forma ao jogo de relações físicas e simbólicas contido na da obra. Ele resulta do diálogo entre a arquitetura da Marquise e os rastros no gramado e no entorno da estrutura. Contemplada com o edital Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2014, a exposição estará aberta à visitação pública até 12 de julho de 2015, de segunda a domingo, das 9h às 21h, com entrada gratuita.

Para realizar a exposição, o artista construiu módulos cúbicos vazados, com a largura da Marquise e o dobro da sua altura. Esses módulos emergem do contraste entre as construções em Brasília e os rastros no gramado de parte do Eixo Monumental. Os rastros são feitos por marcas de carros e de pedestres, no espaço em volta da Marquise – “caminhos informais, não projetados e realizados por quem habita Brasília”, diz Leonardo Tepedino. A forma dos conjuntos faz referência à disposição das ferragens no concreto armado – matéria-prima considerada fundamental para a arquitetura moderna. Os módulos têm a forma da estrutura de ferro que fica dentro do concreto, mas em outra escala e feita com bambu. Segundo o artista, essa estrutura traz para o trabalho um dado “orgânico e arcaico”, como se, ao configurá-la, encarnasse o “arquétipo da arquitetura”. Tepedino diz que a presença dessa escultura é sutil e camuflada. “Acredito que, ao emergir, o faça vigorosamente”, acrescenta.

Forma antes escondida, em primeiro plano

O artista explica que sua intenção, ao colocar do lado de fora a forma das ferragens que ficam dentro do concreto, com outros materiais e em outra escala, foi fazer com quer essa alteração inserisse um “estranhamento” na escultura. Para o criador, ela seria como uma “máquina de funcionamento simbólico” surrealista, mas comedida. “Porque o que teria uma função matemática, física e invisível, escondida dentro do concreto, vai ser colocado em primeiro plano, como elemento principal da construção” A Marquise doa a forma, os rastros, a materialidade e a soma da marquise com os rastros formam a escultura. “Surge, assim, um trabalho formado por contrastes entre determinação e indeterminação, orgânico e geométrico, medida e desmedida, projeto e cotidiano, permanente e efêmero”, esclarece.

O artista acrescenta que o público vai perceber, com a instalação, que a Marquise “é um abrigo com forma elástica de linha esticada”, com ritmos que têm muita velocidade. A ideia do trabalho é quebrar esses ritmos, transformar essa “certeza direcional”; inserir no espaço um dado “arcaico e orgânico”; propor desvios e descontinuidades; reunir o próximo e o distante; preencher e esvaziar, com as linhas incertas do bambu. O desenho que surge dos rastros e da Marquise tem como objetivo habitar essa linha de concreto armado no eixo monumental em Brasília.

Sobre o artista

Leonardo Tepedino é arquiteto e escultor. Em sua primeira exposição, em 1990, já trabalhava questões da escultura, como a materialidade, o equilíbrio e a gravidade – elementos que permanecem fundamentais em seu trabalho. “Naquela época, eu usava o material necessário para resolver um trabalho específico. Então trabalhei com uma pluralidade de materiais e meios que não se fixavam a um estilo, mas na particularidade de se chegar a uma síntese visual no espaço tridimensional”, explica. Em 2005, reduziu sua pesquisa à escolha de um material – a madeira –, trabalhando sobre questões ligadas à tradição escultórica e à tradição arquitetônica; e criando relações entre uma estrutura linear e uma possível “membrana” que forma o volume. Em 2015, ele retorna ao bambu, para criar o trabalho em Brasília.

“Meu projeto comunga com uma constelação de escultores que mantém suas poéticas abertas à possibilidade de uma experiência física surpreendente, utilizando a matéria para abrir fissuras na realidade, alimentando os sentidos, o prazer corpóreo, o processo, a relação com a história da arte, sempre valorizando a atualização do espaço/tempo vivido”, afirma o Tepedino, que trabalhou no ateliê do também escultor Luciano Fabro, artista italiano, expoente da chamada Arte Povera.

Além da formação em Arquitetura, Leonardo Tepedino tem mestrado em História da Arte – Área de Linguagens Visuais, pela Escola de Belas Artes – Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA/UFRJ). Participou de exposições individuais e coletivas, no Brasil e no exterior. No ano de 2012, apresentou, nas Cavalariças da EAV Parque Lage, a exposição Tempo-Vero, com curadoria de Marisa Flórido, onde desenvolveu duas obras em madeira que se complementavam. Sua última individual foi, em 2014, Projeto Desenho Específico, no mezanino do Palácio Gustavo Capanema, no Rio de janeiro, onde usou o Modulor de Le Corbusier para ajudar a organizar o espaço.

Exposição

Projeto Marquise Brasília
De Leonardo Tepedino
Projeto contemplado com o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2014

Abertura: 28 de maio de 2015, quinta-feira, às 19h
Visitação pública: de 28 de maio a 12 de julho de 2015, de segunda-feira a domingo, das 9h às 21h

Complexo Cultural Funarte Brasília
Marquise e entorno
Eixo Monumental – Setor de Divulgação Cultural (entre a Torre de TV e o Centro de Convenções)
Brasília (DF)

Entrada gratuita

Mais informações: (61) 3322-2076 e (61) 3322-2029

Este Projeto foi Contemplado com o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2014 – Atos Visuais Funarte Brasília