Entre os dias 2 e 6 de junho, seis espaços de Florianópolis (SC) vão receber a oitava edição do Múltipla Dança – Festival Internacional de Dança Contemporânea. Todas as ações são gratuitas e a programação conta com espetáculos, intervenções e atividades formativas. Com o apoio da Fundação Nacional de Artes – Funarte, a iniciativa prevê a apresentação de quatro montagens, três oficinas, dois diálogos, dois lançamentos – um livro e a caixa Cadê a Dança?, além de uma mostra de vídeo e homenagem à professora de dança Diana Gilardenghi, figura atuante no cenário artístico da cidade. O projeto, realizado pela ONG Arte Movimenta, também conta com o patrocínio da Caixa Econômica Federal – CEF e o apoio do SESC, de Santa Catarina.
Segundo as coordenadoras Jussara Xavier e Marta Cesar, o objetivo do programa é enfatizar a construção do conhecimento em torno da dança. Através do Múltipla Dança, elas propõem a reinvenção do corpo: sujeito da experiência, território de passagem, testemunho público, singularidade manifesta e matéria relacional. “Trata-se de um acontecimento que vinga a despeito das dificuldades implicadas na continuidade de um festival cujo foco é a dança profissional, totalmente desamarrado do mercado da competição. Além de afrontar adversidades, é preciso converter obstáculos em potência inventiva, ir além já”, explicam.
Com onze convidados, o festival alcança uma representatividade internacional, ao contar com a participação de artistas da França. Além, é claro, de profissionais brasileiros provenientes dos estados de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul representando o Brasil.
Dia 2 de junho, no Teatro Ademir Rosa, localizado no Centro Integrado de Cultura, o espetáculo Homem Torto será apresentado às 20h. A montagem é obra do bailarino Eduardo Fukushima, que o define como “uma dança não simétrica que sugere um corpo frágil, mas com o vigor dos fortes”. O trabalho já foi apresentado em Berlim e Londres. Segundo o artista, a montagem opõe dureza e leveza, fragilidade e força, perto e longe, equilíbrio e desequilíbrio, movimentos fluidos e cortados, o dentro e o fora do corpo. Criado numa residência em Taiwan, sob orientação do coreógrafo Lin Hwai Min, por meio do Prêmio Rolex Mentor & Protégé Arts Initiative, a gênese do espetáculo está nos estudos da pintura The Wedding at Cana, de Pablo Veronese, na experiência nômade e estrangeira do artista na Ásia e Europa.
O Festival traz o espetáculo Guia Improvável para Corpos Mutantes, direcionado ao público infantil, dia 4 de junho, com duas apresentações: 16h e 19h, no Teatro SESC Prainha. A montagem é do Rio Grande do Sul e conta com a concepção e direção de Airton Tomazzoni. A peça propõe às crianças a pensar o corpo, reinventá-lo, tanto ao representá-lo em desenhos e esculturas quanto ao brincar, mudando de identidade, de tamanho e forma. O espetáculo joga com os sentidos e cria um universo imaginário e lúdico para o corpo que dança. Já no dia 5 de junho, às 16h, Themselves in Situ aproxima o Brasil e a França com Ana Gabriela Castro e Jean-Jacques Sanchez. A performance acontece no Parque de Coqueiros e integra dança, cidade e meio ambiente. Por meio de um processo individual de pesquisa, os artistas estabelecem uma relação entre o cotidiano, suas memórias presentes, passadas com a dança.
Também no dia 5, a montagem A Última Estrada chega ao Teatro SESC Prainha, às 20h. Neste trabalho, da Cia Soma de São Paulo, a atmosfera do espetáculo transcende os limites das danças populares brasileiras e cria coreografias que revelem releituras e possibilidades corporais. Fruto de uma viagem de investigação entre a Europa e a Índia (2012), a peça traz referências artísticas diferentes e o desafio de contar uma história. O resultado é uma pequena fábula que narra a vida de um casal na sua jornada em direção ao mar. Dirigido por Cristiano Meirelles, têm Maria Eugenia Almeida e Marina Abib como intérpretes criadoras. No dia 6 de junho, às 20h, a bailarina Daniela Alves, de Florianópolis, apresenta sua montagem Direção Múltipla. O espetáculo é fruto de uma investigação compositiva denominada Direção Múltipla Virtual, que funciona a partir da postagem de vídeos em um grupo virtual formado por pessoas interessadas a integrar o processo criativo. A investigação valoriza o feedback dos integrantes e a participação temporária de diretores convidados.
Homenageada pelo 8º Múltipla Dança, a bailarina Diana Gilardenghi é personalidade profissional atuante na dança em Florianópolis há 23 anos. A professora é responsável pela formação de muitos bailarinos da cidade, além de incentivadora ao estudo e à organização dos profissionais da dança e, ainda, apoia a produção criativa local.
Programação do 8º Múltipla Dança – Festival Internacional de Dança Contemporânea
Convidados: Ana Gabriela Castro, Andréa Scansani, Cia. Soma, Cristiano Prim, Daniela Alves, Eduardo Fukushima, Elke Siedler, Fabiano Carneiro, Jean-Jacques Sanchez, Leandro Fortes.
Espetáculos: Homem Torto, A Última Estrada, Direção Múltipla e Guia Improvável para Corpos Mutantes
Performance: Themselves in Situ (Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul)
Locais das apresentações: Sala de Dança 1, no Centro de Artes (Ceart) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc); Fundação Cultura Badesc; Centro Cultural Fabiano Silveira; Parque de Coqueiros, Teatro Ademir Rosa e Teatro Sesc Prainha.
Mostra de vídeo: 17 trabalhos realizados no Brasil; Estados Unidos; França/Portugal; Eslováquia; Bélgica; Reino Unido; Uruguai; Espanha; Itália; Espanha/Argentina, Finlândia e Canadá
Oficinas: Criação, com Ana Gabriela Castro e Jean-Jacques Sanchez; Introdução a Práticas Corporais Orientais do Movimento + Criação em Dança, com Eduardo Fukushima e Danças Brasileiras, com Maria Eugenia e Marina Abib (Inscrições encerradas)
Lançamentos: Livro Grupo Cena 11. Dançar é Conhecer, de Jussara Xavier; Caixa Cadê a Dança?, da Cia. de Dança Teatro Xirê (audiovisual, literatura e brinquedo)
Diálogos: Faça uma Pergunta e Dança e Cinema e Vídeo e Teatro e Performance e Fotografia e Música
Homenageada: Diana Gilardenghi
Ficha Técnica:
Direção geral: Marta Cesar
Coordenação de programação e curadoria: Jussara Xavier e Marta Cesar
Produção executiva: Neiva Ortega
Fotografia e vídeo: Cristiano Prim
Realização: ONG Arte Movimenta