A partir deste sábado, 20 de junho, a Galeria Flávio de Carvalho abriga uma nova exposição contemplada com o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2014. O artista premiado é Maurício Adinolfi, que assina a instalação Calafate – um homem é um barco. A obra de Adinolfi fez aportar na Funarte, como um obstáculo aparente à entrada do visitante, um velho barco caiçara, de 10 metros de comprimento.
Deslocado, inclinado e estranho ao ambiente, o artefato contraria a percepção habitual de espaço de arte. É preciso entrar pela lateral da galeria para avistar a parte interna desta velha embarcação – suas cavernas, rebordo e bordas falsas. Ali dentro, depois de um caminho margeado por dois vídeos, também será possível ver de perto a mancha formada pelo material viscoso que mistura resina, pigmentos, asfalto e outros elementos, e conhecer por inteiro a instalação.
A ligação de Maurício Adinolfi com a cultura das populações ribeirinhas, seus hábitos e seus barcos, levou o artista a lugares como a favela de palafitas da Baixada Santista, onde ele realizou a intervenção Cores no Dique entre 2009 e 2012, e o Rio Tocantins, em Marabá (PA) – local da experiência Barcor, em 2013. Na Ilha Diana, próxima ao Porto de Santos, Adinolfi e sua assistente Lúcia Quintiliano trabalharam um ano para concretizar a intervenção pictórica Ultramar, em 45 casas daquela comunidade. Recentemente, o artista esteve em La Ciotat (França) e em Aveiro (Portugal), onde desenvolveu um trabalho de pintura com construtores navais e a população pesqueira local.
Para Marta Mestre, que assina texto de apresentação da obra, ela “guarda relação com as intervenções realizadas por Maurício Adinolfi em regiões litorâneas de rio e mar, em especial ações colaborativas e coletivas que envolveram as comunidades locais mas, ao contrário destas, não se configura como uma ‘escultura social’. Aqui o artista não está preocupado em expandir a pintura ao cotidiano das populações ribeirinhas e ‘construir’ uma troca de sentidos e experiências, mas interessa-lhe a experiência individual. E o mar é a superfície de contato, a ‘alteridade‘ entre o homem e o mundo, que vai querer explorar. Como refere o artista: ‘A ideia de se lançar ao mar sempre retorna à experiência individual da descoberta interior'”.
Maurício Adinolfi é formado em filosofia, tem na pintura a base de seu pensamento estrutural e é representado pela Galeria Pilar. Estudou com Dudi Maia Rosa, Rodrigo Naves e Agnaldo Farias.
Em tempo: calafate, profissional de antigo ofício, é aquele que aquece o alcatrão para vedar, furar e encavilhar o costado e o fundo do barco.
Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2014
Exposição Calafate – um homem é um barco, de Maurício Adinolfi
De 20 de junho a 3 de agosto | Segunda a sexta das 10h às 18h; sábados e domingos das 15h às 21h
Classificação etária: livre
Entrada franca
Visita guiada
Dia 25 de junho | Quinta, às 15 horas
Com o artista e pesquisador José Spaniol
Gratuita
Lançamento do catálogo e roda de conversa
Dia 1º de agosto | Sábado, às 17 horas
Com: Maurício Adinolfi, a curadora Marta Mestre e o artista Marcone Moreira
Gratuito
Galeria Flávio de Carvalho do Complexo Cultural Funarte São Paulo. Alameda Nothmann, 1058, Campos Elíseos, São Paulo, SP. Tel. (11) 3662 5177
Fonte: Décio Hernandez Di Giorgi – Adelante Comunicação Cultural