Ciclo de palestras sobre o pensamento do filósofo alemão Nietzsche reúne estudiosos na Funarte MG

Nietzsche na Funarte MG

O projeto Adeuzará, que tem na filosofia nietzschiana o ponto de partida para sua pesquisa e criação artística, reúne em Belo Horizonte estudiosos do autor de “Assim Falou Zaratustra”, no ciclo de palestras Nietzsche: experimentos práticos, dedicado às relações entre o pensamento do alemão e as artes. Aberto ao público em geral, o evento será realizado no dia 27 de junho, sábado, das 10h às 17h30, na Funarte MG, centro da capital mineira. A entrada é gratuita, sem necessidade de inscrição prévia e com emissão de certificado aos presentes.


Para compor o corpo de palestrantes, os integrantes do Adeuzará buscaram pesquisadores que confirmam o elo entre Nietzsche e criação no contexto contemporâneo. Olímpio Pimenta, professor do Instituto de Filosofia, Artes e Cultura da Universidade Federal de Ouro Preto (Ifac-Ufop), apresentará palestra sobre pensamento da afirmação da existência; Charles Feitosa, coordenador do POP-LAB (Laboratório de Estudos em Filosofia Pop), da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), abordará questões sobre uma estética do grito; Flávio Boaventura, poeta, professor e pesquisador na pós-graduação em Estudos de Linguagens do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), falará das ressonâncias nietzschianas nas criações de Waly Salomão; Marcel de Lima, da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (Fale-UFMG), tratará de vozes etnopoéticas do xamanismo.


Além das palestras, integram a programação a intervenção urbana “Caminhada em silêncio contra o vento”, e a exibição da videoperformance “T.R.A.N.S.: um (pré-fixo) para todos e para ninguém?”, do Adeuzará, além da apresentação “O Eremita de Sils Maria”, pelo artista carioca Paulo Gouvêa Vieira.


Como Nietzsche já indicava a necessidade de andar para pensar, na abertura das atividades do ciclo de palestras Nietzsche: experimentos práticos, os integrantes do Adeuzará irão propor aos presentes uma caminhada silenciosa pelas imediações da Funarte MG. Sugere-se ao público, portanto, que compareça ao evento com calçados, roupas, chapéus e outros acessórios com os quais se sinta apto a andar.


Intitulada “Caminhando em silêncio contra o vento”, a performance é mais uma das intervenções urbanas do coletivo e colocará o corpo em  movimento a partir da seguinte passagem de “Assim Falou Zaratustra”, livro que é o ponto de partida para todo o projeto: “Eu sou um andarilho e um escalador de montanhas, disse para seu coração, eu não gosto das planícies e, ao que parece, não posso ficar muito tampo parado. E, seja lá o que ainda me aconteça, como destino e como vivência, – sempre haverá uma caminhada e uma escalada de montanha: afinal, vivencia-se apenas a si mesmo”.


A videoperformance “T.R.A.N.S.: um (pré-fixo) para todos e para ninguém?”, apresentada originalmente em Ouro Preto, na programação científico-cultural do Simpósio Multiplicando os Gêneros nas Práticas em Saúde, será exibida pela primeira vez em Belo Horizonte no ciclo de palestras Nietzsche: experimentos práticos. O vídeo, com câmera, edição e finalização de Bruno Pacheco, traz imagens dos performers do Adeuzará Leandro Acácio, Renata Queiroz e Luciana Tanure em ação durante a intervenção urbana “Nau de Vagar: Estação Zentai”, realizada em março, nas imediações da Praça da Estação, no centro de Belo Horizonte.


Zentai é uma contração de Zenshin taitsu, que pode ser traduzido por “o corpo todo” e designa um tipo de macacão que cobre inclusive o rosto. Em voga como um fetiche sexual, o traje era usado por marionetistas nos teatros do Japão, com a finalidade de diminuir sua presença em cena. Posteriormente, passou a ser adotado por outros artistas, para acentuar o corpo. Para o Adeuzará, a vestimenta, dada sua associação com o anonimato, é um material expressivo que materializa a ideia de “ninguém” trazida por Nietzsche na frase “Um livro para todos e para ninguém”, subtítulo de “Assim Falou Zaratustra”.


Dessas intervenções urbanas, o Adeuzará colhe impressões, situações e dados que serão levados para a instalação intermídia que está em processo de criação, sob a direção do poeta, cantor, compositor e performador Ricardo Aleixo, e está prevista para ser apresentada ao público em setembro e outubro.


Zaratustra nas ruas

As intervenções urbanas são um dos quatros braços do projeto Adeuzará, ao lado do ciclo de palestras, do programa de rádio “Sr. Nietzsche em Pílulas” e de uma instalação intermídia. O coletivo já realizou duas ações no centro de Belo Horizonte. “Se este livro resultar incompreensível para alguém, ou dissonante aos seus ouvidos, a culpa, quero crer, não será necessariamente minha” consistiu em uma leitura ininterrupta do livro “Assim Falou Zaratustra”, na avenida Santos Dumont, em janeiro. Já “Nau de Vagar: Estação Zentai” foi um estudo físico que se valeu de reflexões nos campos da filosofia de Nietzsche, da linguística, da psicanálise e das artes, na qual o “barco para o grande nada”, materialização da passagem do mesmo livro, atravessou a cidade, pelas avenidas Santos Dumont e Andradas, a rua da Bahia e as praças Ruy Barbosa e da Estação, em março.


Nas ondas do rádio

O Adeuzará também leva Zaratustra aos espaços midiáticos, com “Sr. Nietzsche em Pílulas”, série de oito programas que vai ao ar na Rádio UFMG Educativa, às quintas-feiras, às 16h15, até 2 de julho. As transmissões abordam conceitos nietzschianos e sua ressonância na música e na poesia contemporâneas, em aproximação à obra de artistas como os músicos Caetano Veloso, Itamar Assumpção, Raul Seixas, Sérgio Sampaio, integrantes do movimento Psicodelia Nordestina e o poeta Waly Salomão. A Rádio UFMG Educativa é sintonizada na frequência 104,5FM, em Belo Horizonte, Contagem e outras cidades da Grande BH, e também online www.ufmg.br/online/radio. Depois de veiculados, os programas podem ser ouvidos no site soundcloud.com/adeuzara.


Adeuzará

Adeuzará é um coletivo de pesquisa atualmente composto pelos performers pesquisadores transdisciplinares: Leandro Acácio, Renata Queiroz, Luciana Tanure e Bruno Pacheco. Tem caráter poliverso, desdobrando-se na produção de uma execução radiofônica, intervenções urbanas, um ciclo de palestras e uma instalação intermídia, esta sob direção do poeta, cantor, compositor e performador Ricardo Aleixo. Pretende partilhar uma leitura experimental do pensamento provocador e irreverente de Friedrich Nietzsche e de sua obra “Assim Falou Zaratustra: Um Livro Para Todos e Para Ninguém”, que dialoga com a atualidade e é permeável a outras áreas artísticas. Desse modo, tal como fez Zaratustra, quer um contato direto com o público, atuando em diversos espaços de comunicação e de encontro, sejam eles midiáticos como o rádio, abertos como a rua ou fechados como os teatros.

Contemplado com o Fundo de Projetos Culturais da Fundação Municipal de Cultura, o projeto Adeuzará é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. O Adeuzará mantém o blog adeuzara.wordpress.com e a página no Facebook  www.facebook.com/adeuzara.


Projeto Cena Aberta

Desde janeiro deste ano, o Adeuzará participa do Projeto Cena Aberta, do Centro Cultural UFMG, que tem como objetivo abrigar a demanda de projetos de pesquisa e experimentação artísticas voltados para as áreas de dança, performance e teatro. Anualmente, por meio de edital, são selecionados grupos de Belo Horizonte para desenvolver suas atividades nos espaços do Centro Cultural UFMG.


SERVIÇO

Ciclo de palestras Nietzsche: experimentos práticos
Data: 27 de junho, sábado, das 10h às 17h30
Local: Funarte MG – Rua Januária, 68, Centro, Belo Horizonte. Telefone: (31) 3213.3084
Entrada GRATUITA, sem necessidade de inscrição prévia e com emissão de certificado.
Mais informações: www.facebook.com/adeuzara


Programação

10h: Abertura com a performance “Caminhada em silêncio contra o vento” e exibição do vídeo “T.R.A.N.S.: um (pré-fixo) para todos e para ninguém?”, Adeuzará
11h: Palestra “Nietzsche e o pensamento da afirmação da existência”, Olímpio Pimenta (Ufop)
11h30: Palestra “Estéticas do Grito a partir de Nietzsche”, Charles Feitosa (Unirio)
12h: Roda de conversa
13h: Intervalo para almoço
14h30: Palestra “O amante da algazarra: Nietzsche na poesia de Waly Salomão”, Flávio Boaventura (Cefet-MG)
15h: Palestra “Nietzsche e as vozes etnopoéticas do xamanismo”, Marcel de Lima (UFMG)
15h30: Roda de conversa
16h: Pausa para um café
16h30: Apresentação “O Eremita de Sils Maria – Cartas de Friedrich Nietzsche de Engadine, 1879-1888”, Paulo Gouvêa Vieira, artista fotógrafo
17h30: Encerramento

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