A Marquise do Complexo Cultural Funarte, em Brasília, apresenta até o dia 20 de setembro, a instalação Viagens Imóveis, de Jacqueline Belotti. A artista propõe uma interferência na paisagem urbana da capital federal por meio do uso de espelhos redondos, convexos e planos em variados diâmetros, afixados em estrutura metálica, sobreposta à marquise do prédio da Funarte. Contemplado com o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2014 – Atos Visuais Funarte Brasília, a mostra está em cartaz desde agosto e tem entrada gratuita.
No dia do encerramento da exposição, domingo (20), a artista Jacqueline Belotti lança o catálogo Viagens Imóveis e promove encontros com convidados, às 15h, na Sala Cássia Eller do Complexo Cultural Funarte Brasília.
O título Viagens imóveis remete ao modelo de percurso visual requerido do observador para fruição das pinturas de paisagens chinesas. À semelhança desse modelo de representação, a ideia é conceber – com os espelhos, um grande aumento no campo visual em uma sucessão de pontos de vista, ritmados por elementos da paisagem ou da arquitetura, que permitam marcar as pausas e construir trajetórias para o olhar. “Os espelhos não são aqui janelas que se abrem sobre uma paisagem, respondendo às leis da perspectiva centrada – é o percurso visual que introduz a profundidade, o movimento, um ‘quase’ cinema na arquitetura”, conta Jacqueline Belotti.
A artista organiza os espelhos em três diferentes perspectivas: uma vista um pouco inclinada para a parte baixa, uma vista frontal ao centro e uma vista contrária, inclinada para a terceira parte alta. “Assim, o apreciador é ativo, e pode deslocar seu olhar pela superfície dos espelhos, introduzindo uma temporalidade na obra. O observador deve se aproximar dos espelhos, tomar um caminho e atravessar com o olhar o panorama que se oferece. Para alcançar o seu ponto de chegada deve ‘desvendar a forma fantástica entre as nuvens’, as sombras, as miragens; tudo enfim se presta à ilusão das imaginações, daquilo que se vê ou que se acredita ter visto”, explica Belotti.
A artista comenta, ainda, sobre sua obra, que “os espelhos são dispositivos que operam como uma espécie de parêntesis entre nadas; sua contemplação pretende ser um momento de suspensão da aceleração contemporânea, momento de pura recepção e acolhida sem pressa.”
A instalação Viagens imóveis propõe ao espectador algumas reflexões: o que é o lugar; se é o olhar que instaura o lugar; se a imagem que se produz é ou não nossa; e a quem pertence, enfim, o lugar, o território, a cultura? O espaço representado na arte, o espaço ilusório da arte, se confunde com o que se poderia chamar lugar invisível – uma metáfora da própria arte, segundo aquele que a contempla e nela se reconhece.
A artista conta que uma das inspirações para o trabalho Viagens imóveis é a própria arquitetura única de Brasília, que propicia a experiência de se sentir em uma amplidão inigualável: “Brasília é uma cidade habituada à experiência de enxergar a sua paisagem como miragem refletida em espelhos. Há inúmeros prédios que se mesclam à paisagem e refletem o céu, a vegetação, os passantes, e o fluxo dos deslocamentos, criam panoramas infinitos em movimento como um ‘quase – cinema’ contínuo e ao vivo. Deste modo, o trabalho dialoga com esta peculiaridade da cidade, repercute e fragmenta esta paisagem em múltiplos pontos de vista simultâneos, cuja configuração desse conjunto de superfícies reflexivas alterna-se segundo a direção fluida e efêmera dos ventos, à semelhança de um móbile”, completa Jacqueline Belotti.
Programa Educativo:
Mediadores estarão disponíveis para receber grupos de estudantes e interessados, durante todo o período de visitação da exposição. Os agendamentos podem ser feitos com Melina Lopes, através do telefone: (61) 8176-3973, diariamente, das 9 às 15 horas.
Sobre a artista:
Jacqueline Belotti (Jacqueline Maria Carvalho Belotti) vive e trabalha entre o Rio de Janeiro (RJ) e Vitória (ES). Artista visual, pesquisadora, doutora em Artes Visuais (PPGAV-EBA-UFRJ/2012), ela atua por múltiplos meios e procedimentos em exposições individuais e coletivas, em poéticas transdisciplinares nas artes visuais, tendo como foco entrecruzamentos culturais entre Oriente e Ocidente, e entre fantasia, ficção e realidade. Atualmente, é professora do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo. Já foi contemplada com o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2014 – Atos Visuais Funarte Brasília e o Prêmio Funarte Mulheres nas Artes Visuais 2013.
Entre suas principais exposições estão: Em lugar nenhum / em todo lugar, Estação Cultural Mosteiro Zen, Vitória, ES (2014); Conectividade, Galeria da Faculdade de Belas Artes, Lisboa, Portugal (2013); Trânsito/Visualidades, Galeria de Arte e Pesquisa, GAP, UFES, Vitória, ES (2012); Imagem e Matéria: processos em diálogos, Solar do Jambeiro, Niterói, RJ (2012); Transperformance 2, Curadoria Marisa Flórido Cesar, Oi Futuro do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ (2012); Linguagens Visuais: 10 anos, Curadoria Guilherme Bueno, Centro de Artes Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, RJ (2006); Vermelho 21, Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, RJ (2006); além de outras.
Serviço:
Viagens Imóveis, de Jacqueline Belotti
Local: Marquise do Complexo Cultural Funarte Brasília
(Eixo Monumental, Setor de Divulgação Cultural – Entre a Torre de TV e o Centro de Convenções)
Visitação: Até 20 de setembro de 2015, de segunda a domingo, das 9 às 21 horas
Programa Educativo: Visitas orientadas com agendamentos pelo telefone (61) 8176-3973, diariamente, das 9 às 15 horas.
Lançamento do catálogo Viagens Imóveis e encontro com a artista e convidados: 20 de setembro (domingo), às 15 horas, na Sala Cássia Eller do Complexo Cultural Funarte Brasília.
Este projeto foi contemplado pelo Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2014 – Atos Visuais Funarte Brasília
Informações:
(61) 3322 2076/3322 2029 | www.funarte.gov.br atosvisuais@funarte.gov.br