Banda Graveola e o Lixo Polifônico faz o público dançar na Série ‘Contemporâneos na Sala Funarte’

Graviola e O Lixo Polifônico. Fotos S. S. Castellano

A banda Graveola e o Lixo Polifônico abriu a segunda temporada do projeto Contemporâneos na Sala Funarte, no dia 21 de agosto, sexta-feira. Realizada pela Fundação Nacional de Artes, a série, que ocupa a Sala Funarte Sidney Miller, no Centro do Rio de Janeiro, tem curadoria de diversos grupos musicais. O projeto recebe a programação do Coletivo Chama, até o dia 18 de setembro, sempre às sextas, às 19h30, com ingressos a preços populares.

O Chama destaca que o grupo Graveola e o Lixo Polifônico é “representante de uma cena musical que, nos últimos anos, surpreende e apaixona a cada show, disco, e projeto: a nova música de Minas”. O cantor, guitarrista e compositor Pedro Sá Moraes, membro do grupo, que apresentou esse primeiro show, explica: “O som da Graveola e o Lixo Polifônico e sua MPB comunicativa, pop, bem humorada e extremamente musical, não esconde a sua filiação tropicalista, tampouco nega a herança mineira”. Com múltiplos recursos instrumentais, o conjunto é formado pelos músicos Bruno de Oliveira (baixo e vocais); Gabriel Bruce (bateria e vocais); José Luis Braga (guitarra, cavaco e voz) ; Luiza Brina (voz, percussão, cavaco e escaleta); Luiz Gabriel Lopes (voz e guitarra) e Ygor Rajão (trompete e escaleta).

O público lotou a Sala Funarte para a apresentação. As pessoas cantaram as músicas autorais da banda – mostrando que ela já é popular no Rio; e dançaram. O repertório incluiu algumas musicas do álbum que leva o nome do grupo (2009); e os discos Um e meio (2010); Eu Preciso de um liquificador (2011); Dois e meio – vozes invisíveis (2014) e London Bridge (2015). Pedro Sá Moraes acrescenta que alguns dos membros do grupo têm trabalhos solo e projetos paralelos, como Luisa Brina e Luis Gabriel Lopes “Eles também merecem muito ser conhecidos”, conclui.

Sobre a curadoria, o Grupo Chama e sua proposta

No mês de agosto, em cinco shows, nos dias 21 (sexta), 27 e 28 (quinta e sexta); e, em setembro, nos dias 17 e 18 (quinta e sexta), o coletivo carioca Chama ocupa a Sala Funarte com trabalhos inéditos de artistas do próprio grupo, além de um recorte sobre a produção contemporânea, com artistas convidados das cenas do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte. Os convidados, dois de Minas e um do Rio, abrem os espetáculos: além do mineiro Graveola e o Lixo Polifônico, sobe ao palco, no dia 27 de agosto o carioca Sylvio Fraga Quinteto, e no dia seguinte, Kristoff Silva, de MG. Em setembro, os integrantes do Coletivo Chama e da banda Escambo, Renato Frazão (no dia 17), e Thiago Thiago de Mello (dia 18), se apresentam, com convidados, sendo um mais que especial: o poeta Thiago de Mello, que se apresentará com seu filho músico, fechando a ocupação, em grande estilo. Também estarão presentes, no dia 18 a cantora Ilessi, o tecladista e arranjador Ivo Senra e o guitarrista Diogo Sili, outro integrante do Escambo. Frazão receberá as cantoras Luiza Borges e Aline Paes; e o trio Pietá.

Desde o seu surgimento, em fins de 2011, o Coletivo Chama se debruça sobre o tema da curadoria, “das escolhas, dos valores que informam a seleção de uma música, de um artista, de um trabalho” – define Pedro Sá Moraes (um dos fundadores do Coletivo). Ele explica que, embora o grupo esteja muito longe de formar um bloco homogêneo de preferências, houve, certamente, uma “coincidência enorme” nos valores que reuniram o conjunto, “ainda que, às vezes, não articulada em palavras”. O músico diz que também havia no grupo um certo desconforto quanto a padrões de escolha por parte da mídia e de curadores diversos. “É uma espécie de meta-narrativa sobre o estado atual da MPB que, sob o aspecto da diversidade, acabava sendo bem excludente. O Coletivo nasceu, então, para propor outras narrativas, outras ‘diversidades’, outros recortes –  que não se propõem à verdade única, mas que buscam lançar luz sobre muita coisa viva, pulsante, bela, que anda escondida, na atualidade e na história”.

Como parte desse exercício constante de curadoria, eles já realizaram uma série de festivais e mostras –  como o anual Brazilian Explorative Music, que já realizou cinco edições em Nova York; o Transversais do Tempo, séries de shows e debates sobre os rumos da música brasileira, e o Nascente e Foz, ciclo de debates que discute a relação entre a literatura e a música popular, em que compositores contemporâneos homenageiam grandes poetas brasileiros. e que já passou por Brasília, Fortaleza e Rio – e que se apresentou na Festa literária de Paraty (FLIP), recentemente. Além disso, completaram agora três anos ininterruptos do seu programa semanal de rádio, o Rádio Chama, transmitido pela Roquette Pinto FM, todas as sextas-feiras, às 20h.

“O convite para assumir a curadoria de cinco shows, como parte da série Contemporâneos, da Funarte, foi uma surpresa deliciosa, que acolhemos como uma grande oportunidade de mostrar um pouco da nossa visão sobre a produção contemporânea de música brasileira”, afirma o artista.

Os próximos shows

27/8 – Sylvio Fraga é um compositor alicerçado em seu peculiar violão “reafinado”. O artista elabora canções nas quais parâmetros musicais como timbre e textura são tão importantes quanto melodias e harmonias. Sua banda, formada pelo baterista Mac Willian Caetano, o baixista Bruno Aguilar, o trompetista José Arimateia e o pianista Lucas Cypriano, não apenas acompanha o o autor cantor, mas se integra em sua voz e seu violão, de tal modo que todos os elementos se envolvem, “constituindo uma intrigante paisagem sonora que vai se revelando em fluxos contínuos de pequenas suites (canções fundidas umas às outras)” – comenta o Coletivo Chama. Fraga lançou o disco Rosto, em 2013. Em outubro deste ano, o público vai conhecer outro:  Cigarra no Trovão.

28/8 – Kristoff Silva é considerado uma referência para a geração da nova MPB de Minas Gerais. Hoje envolvido em projetos em colaboração com o grupo Uakti, o compositor violonista e cantor inventa, em seu trabalho solo, relações incomuns e originais entre elementos da tradição melódico-harmônica da música brasileira e expressões experimentais do pop internacional – como a da islandesa Bjork. O artista “passa do violão erudito ao eletrônico como quem vai do quarto à sala de uma casa espaçosa – como bom lar mineiro, sempre de portas e janelas abertas”, define o Coletivo Chama.

Mais sobre o Coletivo Chama e o Contemporâneos na Sala Funarte

Para Marcos Lacerda, Diretor do Centro da Música da Fundação Nacional de Artes – setor responsável pelo projeto Contemporâneos na Sala Funarte a apresentação desta sexta foi mais uma oportunidade para o público usufruir do que de melhor vem acontecendo na produção mais inventiva da canção popular contemporânea do país: “Teremos espetáculos que não negam, obviamente, os desafios da música de invenção mais experimental, mas que tendem a ter um cuidado delicado e uma atenção concentrada na palavra, no texto. Isso ecoa na escolha dos artistas que fazem os shows – como no caso deste primeiro, o Graveola e Lixo Polifônico – e na própria formação do Coletivo Chama”.

Com atuação destacada na música brasileira contemporânea, tanto na mediação crítica quanto na criação, o Chama conta com artistas importantes no cenário da canção nacional, como o compositor Thiago Amud – que recentemente lançou o prestigiado De ponta a ponta tudo é praia-palma…(2013) – além de Pedro Sá Moraes – que acaba de levar ao público sua também consagrada composição Além do princípio do prazer (2014). O Coletivo já realizou vários projetos, como o Escambo; além de festivais mostras e seminários, que têm contado com a participação de alguns dos mais reconhecidos críticos e músicos do Brasil, como o renomado violonista e compositor brasileiro Guinga; e do crítico musical e professor de literatura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Eduardo Losso Guerreiro; entre outros. A contribuição do grupo foi apontada pelo New York Times como um dos acontecimentos “mais relevantes” da produção de música brasileira contemporânea. O coletivo é composto por: Cezar Altai, Fernando Vilela, Ivo Senra, Pedro Sá Moraes, Renato Frazão, Sergio Krakowski, Thiago Amud e Thiago Thiago de Mello.

A ocupação do Chama vem em seguida a uma agenda do Coletivo Áudio Rebel/Quintavant. Com ingressos a preços sempre populares, os shows do Contemporâneos na Sala Funarte são sempre às 19h30.

Próximos passos do Coletivo Chama

Além fazer a curadoria no Contemporâneos, o Chama está elaborando arranjos e ensaiando para um concerto em homenagem aos 70 anos do falecimento de Mário de Andrade – ação que vai integrar a Bienal de Música Contemporânea da Funarte, em outubro. Nesse concerto, serão relidas, com a direção musical dos integrantes do grupo Ivo Senra e Thiago Amud, peças de compositores como Camargo Guarnieri e Francisco Mignone sobre poemas de Mário, além de várias canções do folclore brasileiro, recolhidas pelo poeta e pesquisador. A base do repertório são gravações, lançadas na década de 80 pela Funarte, no álbum duplo de LPs intitulado Mário, 300, 350; e que estão sendo relançadas, como parte das comemorações deste Ano Mário de Andrade.

Também é de Senra e Amud a direção musical do CD Todo Mundo é Bom, primeira criação artística e lançamento conjuntos do Coletivo.

Série Contemporâneos na Sala Funarte

Ocupação Coletivo Chama

21, 27 e 28 de agosto e 17 e 18 de setembro de 2015

Agenda

21/8 – sexta – Graveola e o Lixo polifônico
27/8 – quinta – Sylvio Fraga Quinteto
28/8 – sexta – Kristoff Silva – com Pedro Trigo Santana (contrabaixo) e Yuri Vellasco (bateria)
17/9 – quinta – Renato Frazão e convidados: Luisa Borges, Aline Paes e Pietá
18/9 – sexta – Amazônia Subterrânea: Thiago Thiago de Mello chama o poeta Thiago de Mello, Ilessi, Ivo Senra e Diogo Sili

Sala Funarte Sidney Miller
Palácio Gustavo Capanema
Rua da Imprensa, 16, térreo – Centro
Rio de Janeiro (RJ)
Tel.: (21) 2279 8087

Ingressos: R$ 20. Meia-entrada: R$ 10
Classificação indicativa: Livre

Realização

Fundação Nacional de Artes – Funarte
Centro da Música
cemus@funarte.gov.br

Curadoria: Coletivo Chama
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