Criado com o objetivo de promover o intercâmbio nas artes cênicas dos nove países que têm o português como língua oficial, o Festlip – Festival Internacional de Teatro da Língua Portuguesa – abre hoje (26) sua 7ª edição, com a apresentação, às 19h30, no Teatro Sesi Centro, do espetáculo Os meninos de ninguém, do grupo Mutumbela Gogo, de Moçambique. A Fundação Nacional de Artes – Funarte é uma das entidades que apoiam o Festival. Ela destinou recursos financeiros para a iniciativa, num total de R$ 48 mil, sendo R$ 40 mil para eventos de artes cênicas e R$ 8 mil para a área de música da programação.
Até o dia 6 de setembro, em dez espaços culturais do Rio de Janeiro, com entrada franca, a mostra reúne oito espetáculos, todos inéditas na cidade, de autores do Brasil, de Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde e também da Galícia – região da Espanha cujo idioma é bem próximo ao português: o galego.
A homenageada desta edição é a atriz e encenadora moçambicana Manuela Soeiro, pioneira e um dos grandes nomes do teatro de seu país. Com 40 anos de carreira, ela é a fundadora do grupo que abre o festival e autora, juntamente com Mia Couto e Henning Mankell, da peça Os meninos de ninguém. A peça fala da dura realidade das crianças vítimas da guerra e da miséria nas ruas de Moçambique. Outro destaque da mostra é o premiado ator e diretor português Elmano Sancho, que traz o espetáculo solo Misterman, no qual contracena com 11 personagens que surgem apenas por meio de vozes gravadas. Sancho assina também a direção da montagem, que tem texto original do autor irlandês Enda Walsh.
O Brasil é representado pela Companhia de Teatro Luna Lunera, que apresenta Aqueles Dois, espetáculo criado a partir do conto do mesmo nome, do escritor Caio Fernando Abreu. O tema é a relação íntima de amizade entre dois funcionários de uma repartição, Saul e Raul, e o incômodo que ela causa entre os colegas de trabalho.
Em sua segunda participação no Festlip, a Galícia traz a montagem Barbazul, do ator, músico e diretor Borja Fernández. Sob a direção de Marta Pazos, com quem fundou a Cia Belmondo, Borja divide o palco, a autoria do texto e da trilha musical – com Monica de Nut.
Para homenagear os 450 anos da cidade do Rio de Janeiro, a curadoria do Festlip escolheu a linguagem da poesia, apresentada a partir desta quarta-feira no espaço Oi Futuro Flamengo, por meio de uma exposição audiovisual. Para a mostra, autores de todos os países de língua portuguesa criaram poemas inspirados no Rio, selecionados por concurso. Autores cariocas interpretam os melhores textos.
“Este ano, o Festlip amplia seu âmbito de atuação e dá início a um intercâmbio de produção teatral e a um concurso internacional de poesia, na tentativa de reforçar ainda mais os laços entre essas nações irmãs”, destaca a atriz e produtora Tânia Pires, idealizadora do festival. Ela lembra que no ano passado o evento também deu um passo importante para esse intercâmbio, ao criar o portal DLIP, que disponibiliza online a dramaturgia dos nove países (http://www.portaldlip.com).
Na área de produção, o avanço a que se refere Tânia Pires ocorre no dia 31, das 10h às 18h, no Oi Futuro Flamengo, com a realização da primeira oficina A falar é que a gente se entende. A oficina pretende ser o ponto de partida para uma coprodução inédita entre o Festlip e o Teatro da Garagem, premiada companhia portuguesa criada há 26 anos.
Outros eventos, como palestras, oficinas, festival gourmet e atividades voltadas para o público infantil, marcam a programação do 7º Festlip. O festival tem patrocínio do Governo do Estado e da Prefeitura do Rio de Janeiro, além de contar com o apoio da Fundação Nacional de Artes – Funarte, dos ministérios da Cultura e das Relações Exteriores e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
A programação completa está disponível no site do festival: http://www.talu.com.br/festlip/
Edição de texto original de Paulo Virgílio Edição:Graça Adjuto – Agência Brasil
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