De 26 a 28 de outubro, o professor Paulo Cesar Endo (USP) conduz palestra que vai tratar sobre a ação/intervenção de alguns artistas que resultaram em inflexões nos modos de dizer e pensar, nos itinerários e nos percursos da memória. O professor explica que vai procurar discutir o tema a partir da obra de alguns artistas contemporâneos ocupados com o debate sobre história, memória e os destinos das liberdades e das democracias modernas, advindas de períodos de catástrofes e totalitarismos sociais e políticos. “Trata-se de formas de politização da memória só alcançadas com determinadas interpretações artísticas que recusam ou questionam a dominância do discurso, da inteligibilidade, do falatório, próprios e hegemônicos no exercício da política”, completa Paulo Endo.
Paulo Endo é psicanalista, professor da pós graduação em Humanidades, Direitos e outras Legitimidades da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e do instituto de Psicologia, ambos na Universidade de São Paulo. É membro da Cátedra UNESCO de Educação para a Paz, Direitos Humanos, Democracia e Tolerância do Instituto de Estudos Avançados Universidade de São Paulo(IEA/USP). Foi professor visitante da Universidade de Gdansk (Polônia) em 2015. Em 2006 foi agraciado com o prêmio Jabuti com a obra A Violência no Coração da Cidade: Um Estudo Psicanalítico
Memória sem fim: corpo presente, loucura e feminino
Paralela ao curso, acontece também a intervenção artística Memória sem fim: corpo presente, loucura e feminino. Nesta intervenção, o Espaço Comum Luiz Estrela, em seu aniversário de dois anos, apresenta uma composição de costuras de algumas obras realizadas até o momento, evocando a memória do casarão da Rua Manaus, 348, em um processo imanente de arte-território, reunindo a linguagem do teatro e do audiovisual. Na tessitura da memória-obra em relação de afeto à história do casarão, desdobra-se uma adaptação da peça Escombros da Babilônia, que se encontra com a exposição-intervenção do ensaio fotográfico Branco sem Fim e testemunho da escritora Maura Lopes Cançado – encontro este em que o corpo, o feminino e a loucura do passado são ressignificados no tempo presente da cidade por uma memória de resistência e liberdade.
Fragmentos do espetáculo “Estrela ou Escombros da Babilônia”: espetáculo de teatro documentário que tem em Luiz Estrela sua principal inspiração. Aborda temas como loucura, homossexualidade e população em situação de rua. Foi apresentada em outubro de 2014 em comemoração ao primeiro ano da ocupação Espaço Comum Luiz Estrela. Apesar de se basear nas grandes teorias do teatro, assim como em seu homenageado, a peça rompe com paradigmas gerando incômodo ao passar pela narrativa marginal. Escombros paira entre a lama e o glamour celeste, mas não deixa de ser brilhante por ser estrela.
Exposição-intervenção Branco sem Fim: O ensaio fotofráfico foi realizado no dia 31 de maio deste ano de 2015 no Espaço Comum Luiz Estrela compondo e finalizando as atividades de maio em homenagem à memória e ao presente da Luta Antimanicomial na cidade que é de todo dia, mas para a qual paramos um pouco para fazer jus à memória. O ensaio foi inspirado no diário de Maura Lopes Cançado, O Hospício é Deus – Diário I, onde a autora, em um testemunho poético da dor, tece a escrita para reencontrar vontade de vida e cura, narra e singulariza a experiência sua e de outras internas do Hospital Psiquiátrico Gustavo Riedel, Centro Psiquiátrico Nacional, em Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, de 1959 a 1960.
Nesta intervenção, as imagens que evocam a memória do enclausuramento de mulheres tidas como loucas, se encontram com a cidade presente, re-tratando e re-significando a loucura e o feminino, a partir dos corpos uniformizados ou desnudos, vultos e gavetas de memórias. Branco sem Fim é um ensaio-processo e nesta exposição-intervenção, o resultado é mais uma de suas camadas que se desdobram no tempo e na cidade, descortinadas pelas mulheres que trouxeram seus corpos às ruínas desta memória ainda pungente, produzindo, ainda, novas memórias quando do atravessamento das imagens dos corpos na cidade sem aprisionamento.
Ficha técnica de Fragmentos do espetáculo “Estrela ou Escombros da Babilônia”:
Ana Lavigne (SILMARA)
Bruna Chiaradia (NOIVA)
Danilo Mata (ESTRELA)
Manu Pessoa (MÃE)
Michelle Sá (ESTRELA)
Idylla Silmarovi (DOIDINHA DA BUCETA)
Rafael Bottaro (COREUTA)
Rafael Lucas Bacelar (ESTRELA) Rogério Gomes (ESTRELA)
Tita Marçal (BRANCA)
Ficha técnica Ensaio Branco sem Fim
Concepção e fotografia: Fabiana Leite (https://www.facebook.com/bialile?fref=ts)
Produção geral: Daniela Pimentel
Texto: Fabiana Leite
Apoio: Núcleo Audiovisual e Núcleo Antimanicomial do Espaço Comum Luiz Estrela; Sílvia Vilarejo
Equipe fotográfica: Letícia Souza, Paula Kimo e Flávia Mafra
Participação: Anaís Della Croce, Ana Luiza Zocrato, Michelle Barreto, Nívea Sabino, Paula Kimo, Roberta von Randow, Sílvia Vilarejo
Fotografia Branco sem Fim na rua: Letícia Souza
Produção Geral Exposição-Intervenção Branco sem Fim para Arte em Foco: Roberta Von Randow
Curadoria: Fabiana Leite
As inscrições para o Arte em Foco estão abertas e poderão ser feitas por meio do email arteemfoco.funarte@gmail.com. O curso é gratuito e fornece certificado de participação.
Serviço:
26 a 28 de outubro, das 19 às 22h.
Funarte MG – Rua Januária, 68 – Centro – Belo Horizonte (MG)
(31) 3213-7112
Inscrições gratuitas
Nome, telefone e breve currículo para: arteemfoco.funarte@gmail.com