Funarte abre a XXI Bienal de Música Brasileira Contemporânea, em celebração à inventividade e aos novos talentos

A Orquestra Juvenil da Bahia - Neojiba abre a Bienal, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Foto S. S. Castellano - Funarte

“A arte é uma contribuição para o alargamento da consciência do novo ou do desconhecido e para a modificação do homem e da sociedade”, disse o compositor, pesquisador e educador musical Koellreutter que, juntamente com Mário de Andrade, é homenageado na XXI Bienal de Música Brasileira Contemporânea, realizada pela Fundação Nacional de Artes. Foi nesse espírito que a Funarte realizou o primeiro concerto do festival, às 17h do dia 10 de outubro, sábado, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

A abertura da Bienal mostrou que ela, cada vez mais, é uma exaltação à inventividade musical, citada pelo compositor, brasileiro, de origem alemã. O festival reúne compositores de renome a novos talentos, cujas obras foram contempladas no Prêmio Funarte de Composição Clássica 2014. Todos apresentam suas 66 obras em estréia mundial. O concerto de inauguração foi com a orquestra do programa Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Neojiba), a Orquestra Juvenil da Bahia – sob a regência de Eduardo Torres e Ricardo Castro. Os próximos concertos serão realizados na Sala Cecília Meireles, até o dia 19 de outubro, com ingressos a R$ 10 (meia a R$ 5).

Sintonia com a produção musical contemporânea

Pela Funarte, estiveram presentes: o Presidente da Fundação, Francisco Bosco; diretor do Centro da Música, Marcos Lacerda; o coordenador de Música Erudita, Flávio Silva – organizador das bienais; a coordenadora de Música Popular (Cemus), Eulícia Esteves; a Coordenadora de Comunicação, Camilla Pereira; a administradora Cultural Maria José Queiroz – que participa da coordenação da Bienal; e muitos outros servidores e colaboradores da entidade. Também foi registrada a presença de muitos compositores, maestros e músicos famosos, como Edino Krieger (criador das bienais da Funarte); Ricardo Tacuchian e Marlos Nobre, Aylton Escobar, Paulo Costa Lima, Liduíno Pitombeira, Eli-Eri Moura (todos fazendo parate do programa, com obras encomendadas) e muitos outros; e ainda de personalidades destacadas da música. Entre elas estava o diretor-editor da Revista Concerto, Nelson Kunze; a diretora executiva da Academia Brasileira de Música, Valéria Ribeiro Peixoto – coordenadora do banco de partituras da ABM; e da maioria dos autores concursados – vindos de 12 estados brasileiros; além muitos professores e instrumentistas.

O diretor do Centro da Música da Funarte, Marcos Lacerda comentou que, na área de música erudita, a Fundação mostra estar em sintonia com a produção contemporânea – direcionamento que o diretor tem procurado imprimir, na condução dos programas do Centro. “A Funarte deve estar atualizada em relação ao que se cria de novo na música e não só em preservar memória desta ou daquela ‘linhagem’ artística. Não é apenas uma entidade de preservação. Afinal, lida com arte! Se a ação no campo da cultura em geral pressupõe a manutenção de certas manifestações, a esfera de ação e dos objetivos da entidade, a área artística, tem como característica provocar rupturas, fazer pensar, causar impactos. A arte trabalha com o inesperado, com a surpresa e com o novo. Em certa medida, a arte interrompe a cultura, instaura novos signos, dissolve a comunidade de compartilhamento de afetos e símbolos, que é o terreno mais propriamente da cultura. A arte alarga a sensibilidade, para muito além do limite do inteligível e do normativo.

O diretor lembrou que a Fundação possui, entre suas atribuições, a consolidação de políticas para as artes com continuidade e excelência; e acrescentou: “É esse o caso das bienais. Elas têm sido um dos exemplos mais bem-sucedidos dessas políticas. Isso comprova a importância – da Funarte e da própria Bienal – para a cultura e as artes no país”. Marcos Lacerda acrescentou que a iniciativa contribui para a formação de público e a atuação de compositores e intérpretes “que primam pela inventividade e pela depuração formal, assumindo os riscos da experimentação”. Também destacou a participação da Orquestra Juvenil da Bahia (Neoijiba), no concerto de abertura: “Ela reforça nosso papel de instância de consagração para jovens artistas”.

Os compositores

Foram tocadas peças encomendadas pela Funarte aos compositores Jorge Antunes, Paulo Costa Lima, Eli-Eri Moura e Liduino Pitombeira; além de obras de Alexandre Espinheira e Lucas Duarte – incluídas por estarem entre os contemplados com o Prêmio Funarte de Composição Clássica 2014.

Leia aqui entrevistas com compositores que participaram do concerto de abertura – e mais informações

Da direita para a esquerda: O presidente da Funarte, Francisco Bosco; o diretor do Centro da Música da entidade, Marcos Lacerda; o coordenador de música erudita e organizador da Bienal, Flavio Silva; e a coordenadora do evento, Maria José Queiroz, na abertura do primeiro concerto. Foto: S.S. Castellano - Funarte