Foi com um show do Coletivo Chama que a XXI Bienal de Música Brasileira Contemporânea da Fundação Nacional de Artes – Funarte se despediu do público, na noite de segunda (19/10), na Sala Cecília Meireles, na Lapa, Centro do Rio (RJ), tradicional espaço da música erudita na cidade.
A apresentação reuniu obras do poeta Mário de Andrade – gravadas originalmente nos LPs Mário 330-350, organizados pelo produtor e pesquisador Hermínio Bello de Carvalho e lançados pela Funarte em 1983, ano de centenário do escritor paulistano – e algumas composições de integrantes do Chama.
Formado por Ivo Senra (arranjos, direção musical, sintetizadores e piano), Thiago Amud (arranjos e direção musical), Fernando Vilela, Renato Frazão,Thiago Thiago de Mello (voz e violão), Pedro Sá Moraes (voz, guitarra e percussões), Pablo de Sá (violoncelo), Lucio Vieira (bateria e glockenspiel) e Cezar Altai, o Coletivo Chama apresentou um show de alto nível, com arranjos e interpretação dos poemas do poeta modernista musicados por compositores como Francisco Mignone, Lorenzo Fernandez e Camargo Guarnieri, e de outras recolhidas por ele do folclore brasileiro, como a Suíte da Nau Catarineta. Todas as apresentações foram muito aplaudidas pelo público presente à Sala Cecília Meireles.
O coordenador de Música Erudita da Fundação Nacional de Artes – Funarte, Flávio Silva, um dos organizadores da Bienal, destacou a homenagem a Mário de Andrade e a Hans-Joachim Koellreutter como um dos aspectos importantes desta edição, além da participação de compositores e intérpretes renomados. “Funcionou bastante bem, inclusive com uma programação extraordinária, envolvendo o centenário (nascimento) do Koellreutter e os 70 anos (de morte) de Mário de Andrade, uma ocasião bastante interessante de diálogo ou de discussões sob essa duas personalidades.”
Flávio Silva ressaltou que a qualidade das obras apresentadas será medida “pela peneira do tempo”. “A peneira do tempo é que vai dizer. Talvez menos dessa ou daquela obra, mas de certo tipo de tendência musical, pois têm um panorama muito amplo de tendências musicais, muito eclético.” E também falou sobre a participação de intérpretes renomados que reforçam a importância da Bienal de Música da Funarte, no cenário musical brasileiro. “Ailton Escobar, Marlos Nobre, Liduino Pitombeira e outros mais, inclusive os que recém começaram na sua primeira Bienal. É sempre bom a confirmação de músicos já com alguma reputação firmada e que são os que vão ter as obras mais fortes, de maior impacto. Os novos são muito importantes justamente por serem novos e para nós é muito importante essa presença de 11 compositores novos ou de compositores que tiveram até hoje muito pouca participação em Bienais.”
Flávio Silva adiantou que a Funarte já estuda algumas modificações para a próxima edição da Bienal de Música Brasileira Contemporânea. A participação de artistas estrangeiros no concurso, na seleção, na apresentação de obras de outros países da região que abrange a América Hispânica são novidades que a Fundação poderá incluir na realização da Bienal de 2017. “São idéias que ainda vamos conversar, discutir para por em prática”, concluiu.
A Sala Cecília Meireles, no Largo da Lapa, também abrigou a programação extraordinário da XXI Bienal de Música Brasileira Contemporânea, com eventos além da agenda de concertos.
Os dez dias do evento, aberto em 10 de outubro, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, incluíram também a exibição de vídeo com a íntegra da ópera Café – tragédia secular, com texto de Mário de Andrade e música de Koellreutter, mesa-redonda, palestra e recital com os grupos Música Viva e Ouvir Estrelas.
As peças mostradas durante os concertos foram encomendadas a compositores de renome e a novos talentos, contemplados no Prêmio Funarte de Composição Clássica 2014. No total, foram apresentadas 66 músicas em estreia mundial.
O lançamento do periódico Música Viva e o relançamento do álbum Mário 300/350, incluídos na programação extraordinária, serão realizados em novembro.