A série de shows Contemporâneos na Funarte, no Rio de Janeiro, recebe um tributo às raízes africanas, através da música de inovação, no dia 18 de novembro. O espetáculo Diáspora africana reúne artistas do Congo e de Angola; e com ascendência nigeriana, na Sala Funarte Sidney Miller (Centro), às 19h30. O preço dos ingressos é R$ 20.
A apresentação encerra a curadoria do Coletivo Norte Comum no programa, realizado pela Fundação Nacional de Artes, através do seu Centro da Música. No projeto, vários grupos, reconhecidos pelo trabalho em criação e pesquisa na área musical, definem as ocupações. Eles escolhem diversos artistas e conjuntos com propostas inovadoras, vindos de diferentes estados do país.
Os artistas do Diáspora africana
Folakemi
Inglesa com ascendência nigeriana, a cantora Folakemi é reconhecida por seu timbre de voz singular, que remete facilmente às divas imortais do jazz, como Nina Simone, e contemporâneas, como Amy Winehouse.
Em 2001, a artista teve a chance de se apresentar no Glastonbury Festival (Inglaterra) – grande evento de rock e diversos outros estilos; e de artes cênicas, na Inglaterra – com a banda Colonel Makessa. Em 2012, Folakemi decidiu deixar Londres e assumir de vez sua carreira de cantora profissional no Brasil. Vários artistas consagrados já dividiram com ela o palco, tais como Tony Allen (Fela Kuti),Sergio Barrozo, Tomás Improta, Paulo Russo, Fernando Trocado, Zezé Motta, BNegão, Walmir Borges e a banda AfroJazz.
A cantora será acompanhada pelos músicos Gabriel Marinho (bateria e percussão) e Julio Raposo (guitarra).
Zola Star
O guitarrista congolês Zola Star fugiu da guerra que, durante décadas, devastou Angola, país de origem de seu pai, onde foi morar aos 18 anos. Veio para o Rio de Janeiro, em 1994, passando a integrar o grupo musical Tropicaliente, em atuação nas noites cariocas. Ao chegar ao Rio, Zola encontra também com o compositor Abel Duërë, seu parceiro, o qual acompanha desde 1999, também como guitarrista, arranjador e vocalista.
As músicas de Star revisitam estilos rítmicos congoleses, como o Ndongolo e o Soukous, além da Rumba. E fazem com algumas incursões no semba, ritmo típico da sua segunda terra, Angola. Cantando nos idiomas lingala e kikongo, Zola montou, em 2014, a sua banda, com integrantes da Abayomy Afrobeat Orquestra (que tem realizado vários projetos, com participações especiais, além do evento anual Fela Day). O novo repertório do guitarrista inclui composições autorais dele, com os arranjos para “big band” que a Abayomy trouxe para seu som – buscando as referências nas grandes orquestras do congo, como a Ocherstre Veve; o reconhecido Franco & OK Orchestre; Sam Mangwana; Papa Wemba; e muitos outros.
O guitarrista Zola Star será acompanhado por Leri Machado (contrabaixo) e Jahir Soares (Bateria).
Grupo Vissungo
Comemorando 40 anos de atividade em 2015, com o show Kilomboloko!, o grupo carioca Vissungo tem como proposta fundamental produzir uma “música negra” moderna, baseada num mergulho profundo nos elementos culturais originais trazidos por escravos africanos para o Brasil – porém, sem perder o contato com a contemporaneidade da cultura brasileira (em particular) e com a criação musical da “diáspora negro-africana” em geral. Ao longo de sua carreira, o grupo passou a exercer a pesquisa e a difusão da música africana, tanto em relação aos aspectos originais dessa produção, quanto à expressão chamada de “afro-brasileira” – ligando-se a figuras essenciais desta corrente, como Clementina de Jesus, João do Vale e Aniceto do Império Serrano. Assim, o Vissungo passou a fundir todas essas referências com a denominada “música negra” internacional, notadamente a Black Music e o Afro Beat – num trabalho considerado como muito original. “O grupo mescla arte e militância, com essa proposta de construir uma música negra brasileira moderna, a partir da similaridade existente entre a cultura negra tradicional do Brasil a música da África contemporânea (principalmente Angola e Moçambique, onde, nos anos 1970, já florescia uma criação musical também moderna, de intenções libertárias); além de Congo e Nigéria – terra de Fela Kuti.
O Vissungo é formado pelos músicos: Spirito Santo (vocal, marimba e kissange), Lula Espírito Santo (violão e vocal) Jahir Soares (bateria), Reinaldo Amancio (guitarra, vocal), Samuka de Jesus, (percussão, vocal), Leri Machado (Contrabaixo) e Junior Crispim (Percussão).
Mc Pax
O franco-congolês Mc Pax mora há oito meses no Brasil. Em suas apresentações, desenvolve uma proposta ousada e atípica no campo do rap e da música eletro-orgânica. Através de suas letras e de sua sonoridade, pode-se perceber muitas e fortes influências das ruas e de cada lugar que o artista conheceu: Congo, Nigéria, Madagascar, Camarões, Egito Líbia, China, EUA, alguns países europeus, e Brasil.
Pax direciona de forma precisa sua criatividade e energia de execução e interpretação artísticas para o campo da criação e do improviso de “estilo livre”. O “mc” funde os idiomas francês, swaili (a mais difundida língua da etnia africana banto) e português a sons e ruídos. Seu som é dirigido a despertar no público percepções sonoras e críticas sociais. O rapper se apresenta com o grupo Chataine 6/3, que tem uma mistura de origens: Congo, Rio de Janeiro e Bahia-: o BeatMaker e dj baiano Gabriel Marinho (DJ e Live P.A); o multi-instrumentista e arranjador carioca Fernando Grilo (Flauta) e o percussionista e educador Rodrigo Maré.
Sobre o Coletivo Norte Comum
Norte Comum é uma rede de articulação que pretende restabelecer meios de circulação e expressão cultural entre os bairros da Zona Norte do Rio, com sede localizada no bairro de Benfica. “Somos um espaço de escuta e convivência permeada por fazeres. A partir do encontro de pessoas e ideias, buscamos novas formas de produzir autonomia, explorando as utopias possíveis através das potencialidades de cada um”,diz o produtor Roberto Barrucho, um dos articuladores do coletivo.
O Norte Comum fez a curadoria de cinco shows na sala Funarte em novembro, alternando a ocupação com o grupo do Audio Rebel/Quintavant.
Na quinta, dia 19, o Contemporâneos na Funarte recebe o coletivo Quintavant, que apresenta lançamentos de CDs dos grupos Bemônio e In-Sone, pelo selo QTV, o Bemônio mostra o repertório de Desgosto, e o In-sone lança Uturo.
Sobre o programa Contemporâneos na Funarte
Agora com um nome novo, o projeto que ocupa a Sala Funarte Sidney Miller em 2015 recebe seis coletivos. Eles são responsáveis pela programação de cinco shows cada um, até a segunda semana de dezembro – sempre às 19h30. Participam da série os grupos: Chama, Audio Rebel/Quintavant, Etnohaus, Norte Comum, Leão Etíope do Méier e Banda Desenhada. Selecionados pelo Centro da Música da Funarte, eles apresentam perspectivas estéticas e concepções musicais das mais distintas, mas que expressam tendências representativas da música brasileira contemporânea. A proposta é trazer artistas e conjuntos com propostas inovadoras, vindos de diferentes estados do país.
Contemporâneos na Funarte apresenta
Diáspora Africana
Com Folakemi, Mc Pax, Zola Star e Grupo Vissungo
Curadoria: Coletivo Norte Comum
18 de novembro de 2015, quarta-feira, às 19h30
Sala Funarte Sidney Miller
Rua da Imprensa, nº 16 – térreo
Palácio Gustavo Capanema – Rio de Janeiro (RJ)
Tel.: (21) 2279 8087
Ingressos: R$ 20 (meia: R$ 10)
Vendas no dia do show, a partir das 16h, na Bilheteria
Classificação indicativa: Livre
Capacidade: 207 lugares
Curadoria: Coletivo Norte Comum
Projeto Contemporâneos na Funarte
Realização: Funarte – Centro da Música
Mais informações: cemus@funarte.gov.br