O cantor, compositor e produtor paraense Jaloo, conhecido por utilizar recursos eletrônicos e mixagens, sobe ao palco da Sala Funarte Cássia Eller, sexta-feira e sábado (4 e 5), às 21h, para o show de lançamento do seu disco “#1”. Com entrada gratuita, a apresentação faz parte do projeto Contemporâneos na Funarte. A série leva à Capital Federal 12 espetáculos de músicos do Rio de Janeiro, Pará, São Paulo e Minas Gerais, até o dia 16 de dezembro.
Antes do seu trabalho Jaloo ganhou notoriedade no universo dos festivais independentes, moda e design; e ficou conhecido no Nordeste, no Rio e em São Paulo, como DJ e criador de várias versões de músicas famosas – na forma de “covers”, remixes e “mashups” (misturas musicais). Utiliza recursos eletrônicos como a fusão de “samples” (sons digitalizados de instrumentos), mixagem e voz. Sua obra tem sonoridades regionais e peças com batida forte, os “beats”. Segundo a revista Rolling Stone, seu EP autoral Insight marcou o “encontro entre o tecnobrega e o pop”*. O artista comenta que, de fato, as faixas do disco mesclaram as duas influências, unificando-as.
# 1, cujo repertório está no show, é o primeiro álbum de peças inéditas de Jaloo.
Identidade entre estilos de vários países
Nascido em Castanhal (Pará), próxima a Belém, Jaime Lopes, 27 anos, hoje mora em São Paulo. Direcionou-se para a música quando um amigo lhe mostrou álbuns da cantora islandesa Björk. Ao conhecer os experimentalistas do pop eletrônico, criou enorme interesse por programas de computador direcionados à música. Em entrevista a Sílvio Essinger para O Globo, Jaloo conta que, quanto mais ouvia o que era lançado no mundo, mais gostava da música local. Ele diz ao jornalista que há uma “comunicação invisível” entre vários estilos de países distantes um do outro – como o funk carioca, o kuduro de angola e o bhangra indiano. “O The Knife (dupla eletrônica sueca) poderia ser uma banda de tecnobrega”, exemplifica. Essinger comenta que as músicas dos discos Downtown, Insight e Odoiá (in your eyes) do entrevistado são “peças do mais sedutor pop tropical mestiço”.
Mistura musical com técnicas eletrônicas
Em sua página, Jaloo lembra que já juntou Flora Matos com MIA; que fez o hit Wreckin Ball (Miley Cyrus) virar Bai Bai, regravou Baby (um clássico na voz de Gal Costa) e que, entre seus remixes “não autorizados” estão peças de Beyoncé, Donna Summer, Grace Jones, Robyn, Amy Winehouse” e até mesmo um “oficial” de Lucas Santtana.
Autodidata, aprendeu edição e mixagem em tutoriais de sites de vídeo. “…todo dia eu acordava e queria criar algum beat novo”, disse o compositor na entrevista, acresentando que, no início, não achava bom o resultado de sua criação, mas que ela “funcionava como terapia”. Jaloo produziu bastante no software de edição musical FruityLoopsm, que domina. Explica que, como sua forma de compor é visual, continua nesse mesmo aplicativo. E que, pelos resultados que alcança, mostra ser bem possível e válido criar com essa ferramenta (que já seria tida como ultrapassada).
O artista destaca que, em seu trabalho, os elementos tecnológicos e o “faça você mesmo” são “regras básicas”.
Sobre o disco #1
Jaloo comenta que #1 é um trabalho sobre a sua geração; que o álbum reflete muito as vivências do próprio autor; e que foi produzido no computador, como seus outros discos, mas aperfeiçoado pelo produtor musical Alexandre Kassin. Nas faixas, Jaloo canta e dispara “loops” (“samples” repetidos).
O jornalista Cleber Facchi, em seu blog, Miojo Indie, comenta que as 12 composições do trabalho seguem uma “direção festiva, lisérgica e sempre colorida”. A obra conta com direção artística de Carlos Eduardo Miranda (Raimundos, Nevilton) e “resume as últimas três décadas da música pop sem necessariamente perder a própria identidade” – comenta Facchi: “Da década de 1980 chegam os sintetizadores e toda a manipulação pop […]. “…dos anos 1990, a influência confessa de veteranas como Björk, além, claro, das batidas e bases densas que ocupam o eixo final do disco, típicas do R&B. Ainda assim, vem da década de 2000 a principal fonte de inspirações do artista. Sia, Robyn, Vive La Fete, Crystal Castles e Grimes – esta última, satisfeita com a versão do cantor para Oblivion”, acrescenta o crítico. “Curioso perceber como esse rico catálogo de referências em nenhum momento interfere na essência originalmente brega de Jaloo”, completa. E destaca que a relação do artista com a música paraense se mantém firme, numa obra que seria “uma espécie de ponte conceitual” entre os sentimento transmitido pela islandesa Björk e o ritmo dançante da também paraense Joelma.
Sobre o Contemporâneos na Funarte
O Contemporâneos na Funarte é Realizado pela Fundação Nacional de Artes, através do seu Centro da Música. O programa é direcionado à produção recente de música de invenção, independente e contemporânea. A curadoria é feita por coletivos ligados à programação musical, ou pelo próprio Cemus/Funarte – que selecionou os artistas desse primeiro ciclo em Brasília.
*Comentário da jornalista Luciana Rabassallo
Mais informações sobre Jaloo
https://www.facebook.com/JalooMusic
https://soundcloud.com/jaloo
https://www.youtube.com/user/jaloovideos
Para ouvir as músicas do artista
http://www.deezer.com/album/9212975
http://www.rdio.com/artist/Jaloo/album/Insight/
https://itunes.apple.com/br/album/insight-ep/id944619182
Próximos shows do Contemporâneos na Funarte em Brasília
Dezembro
Dia 3, quinta-feira – Thiago Amud (voz e violão)
Dias 4 e 5, sexta e sábado – Jaloo – apresentação de lançamento do álbum #1
Dia 7 – Gui Amabis – show de lançamento do álbum Ruivo em sangue
Dia 10 – César Lacerda
Dia 11 – Bruno Cosentino – apresentação de repertório do álbum Amarelo
Dia 12 – Romulo Fróes – show de lançamento do álbum Por Elas/sem elas
Dia 13 – Rico Dalasam – apresentação Fervo do Dalasam
Dia 14 – Gustavo Galo – show ASA
Dia 15 – Léo Cavalcanti – Concerto voz e violão
Dia 16 – Duo Fernando Grilo e Rodrigo Maré Souza – Mulambo Jazzagrário
Jaloo – lançamento do disco #1
4 e 5 de dezembro, sexta-feira e sábado, às 21h
Sala Funarte Cássia Eller
Eixo Monumental, Setor de Divulgação Cultural – lote 2
Brasília (DF)
Tel.: (61) 3322 2025
Entrada franca
Distribuição de convites a partir das 19h. Sujeito a lotação.
Duração: 1h20
Acompanhe neste Portal, na página Música, as notícias sobre os próximos shows.
Contemporâneos na Funarte
Realização: Fundação Nacional de Artes – Funarte
Centro da Música
cemus@funarte.gov.br