Pequeno Teatro de Torneado põe repertório em cena na Funarte São Paulo

Jovens atores buscam o verdadeiro diálogo entre teatro e sociedade. Foto: divulgação

Entre 13 e 28 de fevereiro, o coletivo Pequeno Teatro de Torneado vai brindar o público da Funarte SP com a mostra A Dramaturgia dos Moleques, que comemora os dez anos de trajetória do grupo.

Além da encenação de seis espetáculos de repertório, o coletivo realizará debates reflexivos, abertos e gratuitos, sobre os caminhos trilhados em uma década de atividades. Nos últimos anos, o Pequeno Teatro de Torneado vem intensificando o processo de criação dramatúrgica e estética e investindo na formação de seus jovens artistas – a maioria deles oriunda das periferias da cidade de São Paulo.

A ideia da mostra é realizar uma “experiência artística que envolva um verdadeiro diálogo entre teatro e sociedade” – meta, aliás, sempre presente nos trabalhos do grupo. Tão presente que, nesta 28ª edição do Prêmio Shell em São Paulo (2015), o Pequeno Teatro de Torneado está indicado para receber o troféu na categoria Inovação. Motivo: seu “processo de integração, orientação e experimentação na formação de jovens na linguagem teatral, através do exercício crítico de cidadania, com o deslocamento e compartilhamento dos resultados de trabalho do coletivo em diferentes espaços”.

E o espaço, desta vez, é a Funarte. Para a atriz Aguida Aguiar, no coletivo desde 2011, “a mostra é uma oportunidade do próprio grupo rever sua trajetória antes da estreia, em 2016, do seu mais ambicioso projeto: Do Ensaio para o Baile. Esta montagem deverá envolver mais de 30 artistas criadores e parte de uma aprofundada pesquisa sobre o processo de precarização do ensino público no estado de São Paulo nos anos 90.

Dramaturgia dos Moleques traça um panorama da produção do coletivo a partir de suas primeiras obras, focadas no teatro jovem, como o monólogo Menina de Louça (2006) e o espetáculo Primavera (2008). Outras duas montagens da programação representam pesquisas intensas e intimistas: Dias de Campo Belo (2009), que teve a supervisão do diretor Luiz Fernando Marques (do Grupo XIX de Teatro), e O Girador.

Para o público infantil, o Pequeno Teatro de Torneado prepara a reestreia de Celofane, uma releitura do conto A Pequena Vendedora de Fósforos, de Hans Christian Andersen. Já para a abertura oficial da mostra, o grupo reservou o musical Peter em Fúria, um de seus maiores sucessos.

Mostra Pequeno Repertório de Torneado: A Dramaturgia dos Moleques
De 13 a 28 de fevereiro
Ingressos: R$10 (meia: R$5). Bilheteria abre uma hora antes do espetáculo – um ingresso por pessoa. Não aceita cartões

Sala Carlos Miranda do Complexo Cultural Funarte São Paulo. Alameda Nothmann, 1058, Campos Elíseos, São Paulo, SP. Tel (11) 3662-5177. www.torneado.blogspot.com

Espetáculo: Peter em Fúria
Dias 13 e 14 de fevereiro | Sábado e domingo, às 16h
Um assassinato detona a trama, que se passa em uma favela: Peter, morador da comunidade e líder do tráfico de drogas, mata outro jovem na frente dos amigos, que tratam o incidente como parte de sua realidade. Ao longo da história, os personagens revelam seus anseios, criando um paralelo entre sonho e realidade.
Dramaturgia e direção: William Costa Lima | Direção musical: Bruno Lourenço
Duração: 120min | Classificação etária: 10 anos
Ingressos: R$10 (meia: R$5). Bilheteria abre uma hora antes do espetáculo – um ingresso por pessoa. Não aceita cartões

Espetáculo: Menina de Louça
Dias 17 e 24 de fevereiro | Quartas, às 21h
Apresentada pela primeira vez em 2006, a peça foi escrita a partir de uma lenda urbana conhecida como “a loira do banheiro”. No entanto, a lenda serve apenas como o pano de fundo para a abordagem de temas que exploram o rito de passagem para a vida adulta.
Texto e direção: William Costa Lima | Direção musical: Bruno Lourenço | Atriz criadora: Beatriz Barros
Duração: 45min | Classificação etária: 10 anos
Ingressos: R$10 (meia: R$5). Bilheteria abre uma hora antes do espetáculo – um ingresso por pessoa. Não aceita cartões

Espetáculo: O Girador
Dias 18 e 19 de fevereiro | Quinta e sexta, às 21h
A história se passa numa seção de “achados e perdidos”. Perpétuo e Armena são um casal de artistas que fogem do circo, cansados de viver em busca de coisas perdidas. Ao resolverem abandonar tudo o que possuem, eles tomam uma decisão curiosa: escolhem jamais amar algo que também pudesse abandoná-los. A história é contada pelas filhas do casal, que tiveram o amor dos pais negligenciado durante toda a vida. As memórias das personagens conduzem a história e às vezes servem para estarrecer, assombrar, divertir ou até mesmo consolar o público que compartilha suas perdas.
Dramaturgia e direção: William Costa Lima, em colaboração com os atores | Atores criadores: Beatriz Barros e Bruno Lourenço
Duração: 90min | Classificação etária: 10 anos
Ingressos: R$10 (meia: R$5). Bilheteria abre uma hora antes do espetáculo – um ingresso por pessoa. Não aceita cartões

Espetáculo: Celofane
Dias 20 e 21 de fevereiro | Sábado e domingo, às 16h
Celofane é um conto de fadas urbano, contado a partir do olhar de uma menina capaz de transformar o mundo ao seu redor: na sua imaginação, um mendigo vira um palhaço e uma drag-queen sua fada madrinha. Os personagens partirão em uma viagem rumo à Cidade de Celofane, desbravando as ruas cinzas de uma grande metrópole e transformando-a em um lugar colorido e especial.
Texto e direção: William Costa Lima | Direção musical: Bruno Lourenço
Duração: 60min | Classificação etária: 6 anos
Ingressos: R$10 (meia: R$5). Bilheteria abre uma hora antes do espetáculo – um ingresso por pessoa. Não aceita cartões

Espetáculo: Dias de Campo Belo
Dias 25 e 26 de fevereiro | Quinta e sexta, às 21h
Dias de Campo Belo conta a história de uma jornada interior, um passeio pelas memórias e sonhos de personagens masculinos que, por alguns instantes, tentam modificar o curso de sua existência e colocar em relevo tudo o que passou despercebido. Amigos, irmãos, primos, pais e avós que, em seus tantos encontros ao longo da vida, tentam voltar às suas raízes e reafirmar pactos, sem perceber a força social e histórica que age sobre as rupturas e pequenas ditaduras cotidianas.
Dramaturgia e direção: William Costa Lima | Supervisão artística: Luiz Fernando Marques | Assistência de direção: Beatriz Barros | Atores criadores: Bruno Lourenço e William Costa Lima
Duração: 60min | Classificação etária: 12 anos
Ingressos: R$10 (meia: R$5). Bilheteria abre uma hora antes do espetáculo – um ingresso por pessoa. Não aceita cartões

Espetáculo: Primavera
Dias 27 e 28 de fevereiro | Sábado e domingo, às 16h
Em uma instituição, reconhecida como exemplo de pedagogia educacional, adolescentes esperam o despertar da primavera. Esse despertar, mais do que a chegada de uma estação, passa a representar o encontro com o novo e os riscos que temos de assumir diante dos caminhos e escolhas que a vida nos aponta. Escolhas políticas, sociais, sexuais, religiosas a até mesmo morais. Primavera propõe um contraponto entre o adolescente contemporâneo e os jovens apresentados no texto O Despertar da Primavera (1891), do dramaturgo alemão Frank Wedekind.
Dramaturgia e direção: William Costa Lima, em colaboração com o grupo | Atores criadores: Jade Valéria, Jefferson Ramalho, Allan Alexandre, Jéssica Pinheiro, Bel Capozzi, Karine Evelyn e Paulo Ferreira
Duração: 160min (com 20min de intervalo) | Classificação etária: 12 anos
Ingressos: R$10 (meia: R$5). Bilheteria abre uma hora antes do espetáculo – um ingresso por pessoa. Não aceita cartões

Atividades paralelas:

Mesas-redondas: Dias 15 e 22 de fevereiro, às 19h
Exposição fotográfica permanente: Os Lugares são as Pessoas

Sobre o grupo: O Pequeno Teatro de Torneado é um coletivo de artistas-criadores e coordenado pelo diretor e dramaturgo William Costa Lima. Surgido de um projeto de pesquisa focado nas questões da juventude/adolescência, o grupo faz sua estreia em 2006, no Centro Cultural São Paulo, com o espetáculo Menina de Louça. Em 2008, estreia Primavera e participa do projeto Conexões, uma iniciativa do British Council e Cultura Inglesa de incentivo ao teatro feito por jovens e para jovens. Por esse projeto, realiza a montagem de Refugo, texto inédito no Brasil da dramaturga inglesa Abi Morgan. O espetáculo fez sua pré-estreia na Mostra Fringe, do Festival de Curitiba 2009, e cumpriu temporadas em teatros de São Paulo. Nesta mesma mostra, estreia Dias de Campo Belo. Ainda em 2009, o coletivo participa do Festival II de Cenas Cômicas dos Parlapatões, com o experimento Cramância de Gertudes aos que não Pronunciam o Only You . Em maio de 2010, é selecionado para o 10º Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto (BH/MG), com o experimento Gritar por Cida. Em 2012, realiza uma mostra de repertório na Casa Mariajosé de Carvalho, com os cinco espetáculos do grupo. No mesmo ano faz a pré-estreia de O Girador, no Festival de Teatro de Curitiba. Com este espetáculo, foi indicado a todas as categorias do FIT-Bahia 2013 e premiado como melhor diretor, texto, ator e atriz. Ainda em 2013, O Girador participou do Festival de Teatro de Indaiatuba, sendo premiado como melhor texto, melhor cenário, melhor ator e melhor espetáculo. Nos primeiros meses de 2014, o grupo entrou em cartaz Peter em Fúria, uma releitura do conto Peter Pan e Wendy, de J.M. Barrie, transposto para uma favela brasileira. No final do ano, com esta mesma peça, participou do FIT BAHIA 2014 e venceu quase todas as categorias do Festival de Teatro de Indaiatuba. Em 2015 o grupo firma parceria com o Sítio Cultural Alsácia (Ribeirão Pires/SP) para cumprir residências artísticas. É contemplado com o Prêmio Zé Renato, da Prefeitura de São Paulo, para realizar apresentações de Peter em Fúria nas periferias da cidade, e é indicado para o prêmio Shell de Teatro 2015 na categoria Inovação. Em agosto, o grupo estreia seu primeiro infantil, Celofane, e inicia novo processo de montagem, Sinfonia de Sophia, ambos escritos por William Costa Lima. Saiba mais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *