“O Marinheiro”, de Fernando Pessoa, estreia no Teatro Glauce Rocha, no Rio, dia 8/4

O grupo Mirateatro apresenta o espetáculo O Marinheiro, no Teatro Glauce Rocha, no Rio, de 8 de abril a 1º de maio de 2016. Dirigida por Nanci de Freitas, a peça é uma encenação do poema dramático de Fernando Pessoa, escrito em 1913 e publicado dois anos depois, tendo completado seu centenário em 2015. As sessões acontecem de quinta a domingo e o ingresso custa R$ 30,00 (inteira). A programação inclui, ainda, debates com convidados após apresentações dos dias 15, 22 e 29 de abril (sextas-feiras).

Sinopse– Numa torre – um espaço atemporal – três mulheres atravessam uma madrugada espectral velando uma morta, numa atmosfera de sonho e imaginação. Enquanto esperam o amanhecer, elas narram histórias de um tempo imerso na inocência, na beleza e na vivacidade da natureza. No sonho de uma delas, um marinheiro náufrago vive numa ilha deserta e perde as lembranças de sua vida anterior. Entre imagens da memória e da ficção, elas caminham para um pesadelo, um suspense metafísico que gera o apelo angustiado: “quem poderia gritar para despertarmos?”.

De acordo com o Mirateatro,O Marinheiro é uma obra raramente encenada. O texto simbolista de Fernando Pessoa apresenta uma reflexão filosófica sobre o sentido da existência, numa estrutura desafiante para transposição cênica por conta da riqueza de suas imagens e sentidos. A atmosfera ritual e as personagens hieráticas nos remetem a uma ancestralidade própria das tragédias clássicas. Por outro lado, se aproxima de paisagens cênicas contemporâneas e de certa imobilidade, que nos faz pensar no teatro de Beckett.

A encenação partiu da relação com o simbolismo. No entanto, procurou estabelecer uma perspectiva própria, com questões e meios da cena contemporânea. A torre onde as veladoras estão encerradas é traduzida cenicamente por uma instalação de artes visuais, um dispositivo de tule branco que circunda as atrizes, confinando-as numa espécie de bolha que as separa do mundo real. Nesse espaço onírico, a memória ganha forma nas palavras, nos sons e nas projeções de vídeo, com imagens das atrizes vestidas de branco, em espaços livres e luminosos, contraponto às personagens de preto e gestual contido do presente. A criação cênica sugere a cumplicidade do espectador ao acontecimento. Contudo, o ritmo, o estranhamento e a densidade mental provocam um turbilhão de indagações e de perplexidades sobre o sentido da vida e da morte.

Sobre o grupo Mirateatro– é um espaço de estudos e criação cênica, dirigido pela professora e pesquisadora Nanci de Freitas, do Instituto de Artes da UERJ, que desde 2007 vem desenvolvendo a criação de espetáculos e performances cênicas. As ações procuram ampliar o espaço de pensamento do teatro, tendo em vista suas possibilidades de mediação com diversas linguagens artísticas, na contemporaneidade, em particular com as artes visuais.

As atividades do grupo (que integra estudantes, pesquisadores e artistas convidados) são realizadas no Laboratório de Artes Cênicas, implantado com apoio da FAPERJ e dotado de recursos de sonorização, iluminação e sistema de vídeo. O espaço, coordenado por Nanci de Freitas, abriga diversos projetos de pesquisa e extensão vinculados ao Instituto de Artes e ao Departamento Cultural da UERJ. Aliando aspectos artísticos, acadêmicos e tecnológicos, o laboratório tem como objetivo contribuir para a formação e qualificação de artistas, pesquisadores e docentes da área de artes cênicas.

Ficha Técnica

O Marinheiro

Texto: Fernando Pessoa
Direção: Nanci de Freitas
Elenco: Gleice Uchoa, Lícia Gomes e Natasha Saldanha

Iluminação e operação de luz: César Germano
Concepção cenográfica: Carol Moreira e Ana Clara Souza
Projeto cenográfico e coordenação de montagem: Carol Moreira
Vídeos: Pedro Henrique Borges e Sara Paulo
Operação de som e vídeos: Pedro Henrique Borges
Composição da trilha sonora: Antônio Jardim
Músicas: Antônio Jardim. Dois Epitáfios e Sonata para piano. CD: Cantos de memória Rio de Janeiro: Tons e Sons, 1998
Figurinos: Graciana Almeida
Programação visual: Pedro Henrique Borges
Fotografia: Ana Clara Souza, Maria Lúcia Galvão, Mário Tadeu, Elizeth Pinheiro
Foto do cartaz: Maria Lúcia Galvão

Direção de produção: Ayala Rossana Almeida de Lima
Realização: Mirateatro! Espaço de Estudos e Criação Cênica

Serviço

Espetáculo
De 8 de abril a 1º de maio de 2016
Quinta, sexta e sábado: às 19h
Domingo: às 18h
Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada)

Debates após apresentações do espetáculo

Dia 15 de abril (sexta-feira) – às 20 horas
Convidado: Prof. Dr. Roberto Corrêa dos Santos
Roberto Corrêa dos Santos é semiólogo e professor de Estética e de Teoria da Arte do Instituto de Artes da UERJ. Realiza pesquisa sobre arte e teoria da arte contemporâneas. Entre os vários livros publicados, o mais recente chama-se Cérebro-Ocidente /Cérebro-Brasil (Rio de Janeiro: Circuito Editora, 2015).

Dia 22 de abril (sexta-feira) – às 20 horas
Convidado: Prof. José da Costa Filho
José da Costa é professor do Departamento de Teoria do Teatro e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO. É autor do livro Teatro Contemporâneo no Brasil: criações partilhadas e presença diferida. (Editora 7 Letras/ FAPERJ: 2009)

Dia 29 de abril (sexta-feira) – às 20 horas
Convidado: Prof. Dr. Antônio Jardim
Antônio Jardim é compositor, violonista, musicólogo e torcedor apaixonado do Fluminense. É professor da Escola de Música da UFRJ e da UERJ, onde leciona Estética. É compositor e músico do grupo Música Surda, com apresentações em diversos eventos destinados à música contemporânea. Autor da trilha sonora do espetáculo O marinheiro, com músicas do CD
Cantos de Memória (Tons e Sons, UFRJ: 2008).

Local : Teatro Glauce Rocha
Endereço: Av. Rio Branco, 179 – Centro, Rio de Janeiro – RJ
Telefone: (21) 2220-0259
E-mail:teatro@funarte.gov.br

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